Foi bom, mas todos queríamos espetacular, não foi espetacular, não foi mesmo. A exigência olímpica é alta, a nossa torcida e expectativa também, mas foi bom.

O Troféu Maria Lenk 2016 me fez baixar em uma medalha na previsão máxima de medalhas para o Rio 2016. O mínimo continua em duas, não consigo ver nosso time sair da natação olímpica com menos de duas medalhas. O máximo, para mim, eram cinco, com a saída do time de Cesar Cielo, agora são quatro.

As provas continuam as mesmas. Vejo o Brasil com potencial de medalha nos 50 livre, 4×100 livre, 200 medley e 100 peito, todas no masculino. Terminamos nossa seletiva olímpica com sete nadadores no Top 8 do mundo em 2016. Faltando ainda algumas seletivas é expressivo, não é fantástico.

No Top 3 do mundo, perdemos Bruno Fratus nos 50 livre, caiu para 6o, mas ganhamos João Gomes Júnior nos 100 peito. Bruno não deixou de ter chances, até acredito em sua medalha, mas os 21.74 do Maria Lenk estão longe de ser uma marca para subir ao pódio. Bruno sabe disso.

A natação feminina do Brasil melhorou, muito. Melhoramos na qualidade das provas de crawl e também no miolo. Os revezamentos 4×100 e 4×200 livre são hoje nossas grandes chances de finais olímpicas. Etiene Medeiros chega ao Rio 2016 com três índices, mas é nos 50 a sua melhor chance de final. A não ser que ela tire da cartola a performance destes 100 costas que ela tem de potencial e faça virar realidade o que todos sabemos que ela tem.

Foi boa a mudança da CBDA em diminuir o número de seletivas olímpicas. Caímos de seis em 2012 para apenas duas em 2016 (Open e Maria Lenk). Ainda acho que isso pode ser melhorado. Um próximo passo seria tempos de eliminatórias não podem ser considerados, pelo menos para o primeiro critério. Se estamos buscando uma seleção forte, temos de incrementar os critérios, exigir mais, nivelar por cima. Nadador bem preparado nada bem na final. É para isso que elas existem.

Ainda não vejo a natação brasileira pronta para a seletiva única. Temos poucos talentos e eles precisam ser preservados. Imagino chegar a uma seletiva e ter um de nossos principais nadadores doente, sem poder competir. Ainda não somos Estados Unidos, e infelizmente, nunca vamos ser.

Outra coisa que precisa ser mudada e já, é o sistema competitivo do país. As assembléias da CBDA e definição dos calendários não pode mais serem definidas em março do ano vigente. Isso compromete todo o planejamento dos clubes. As competições precisam ser revistas e melhoradas. Precisamos competir mais, e com qualidade. Isso faz muita falta na natação brasileira.

E por fim, está na hora de aceitar que o tal Sul-Americano Absoluto no Paraguai não ajudou nada, atrapalhou, e muito. Não ajudou ninguém. Todo mundo que nadou bem lá, poderia ter feito melhor no Maria Lenk. Teve até gente nadando melhor em Assunção do que no Maria Lenk!

A competição foi desgastante, um calor danado naquela piscina. Os treinos foram comprometidos, a preparação afetada. O Sul-Americano Absoluto foi o “mal necessário”, já que somos tão carentes de competição precisavamos competir. Mas não pode existir “mal necessário”, é só revisarmos e melhorar o nosso calendário de competições.

Sei que existe uma tradição, são 32 anos sem perder o Sul-Americano. Porém, precisamos pensar em desenvolver a natação de alto nível do país. A competição em Assunção até foi boa, principalmente para eles, mas não ajudou a natação brasileira, apenas prejudicou.

Tomara que no início do novo ciclo, 2017-2020 se pense nisso. Um projeto de enviar uma seleção júnior seria algo extremamente motivante para a garotada e preservaria nossa equipe principal. Aliás, planejar a cada quatro anos é coisa que se faz em qualquer grande nação do mundo esportivo. Está na hora de entrarmos nesta onda.

3 respostas
  1. Alex Pussieldi
    Alex Pussieldi says:

    Caro Dirceu, não falei mal do Sul-Americano em si, mas de uma competição desgastante realizada em outro país e 12 dias antes do Maria Lenk. Poderia ser Grand Prix, amistoso ou tomada de tempo, é quase que inegável que a participação foi um distúrbio e não serviu para nada.
    Sobre o Canadá, a natação feminina vive um momento fantástico, uma geração e tanto. Competir em casa, com as condições ideais só ajudou. Nem por isso, a natação masculina do Canadá deixou de ser patética, talvez a pior geração dos últimos 40 anos.

  2. Dirceu villela
    Dirceu villela says:

    Discordo radicalmente quanto ao sul americano. Da mesma forma que o Canadá se beneficiou (e até mesmo se reconstruiu) no Pan de Toronto, um Sul-Americano (quem sabe um Latino Americano) forte pode representar para o Brasil o que o Europeu representa para as potências europeias. Afinal somos 600 milhões em ação.
    Além disso os números deste Sul Americano superaram qualquer expectativa e imagino o que seriam se o Brasil estivesse completo. A data é que foi equivocada, mas isso se deu exatamente pelo desinteresse brasileiro.

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário