Na cerimônia de abertura dos Jogos do Rio no dia 5 de agosto, antes do desfile da delegação brasileira no Maracanã e logo após o desfile dos 205 países vem uma delegação olímpica inédita. Anunciada oficialmente hoje na reunião do Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional em Lausanne, na Suiça, a delegação do Time Olímpico dos Refugiados (ROT).

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“Eles não tem casa, não tem times, não tem bandeira, ou hino nacional. Vamos fazer a Vila Olímpica ser a sua casa e dar todo o apoio que eles merecem” anunciou o Presidente do COI, o alemão Thomas Bach.

O grupo é resultado de uma análise que o COI fez após consultar os Comitês Olímpicos Nacionais, as Federações Nacionais, a ONU e analisar caso a caso dos atletas postulantes. Um total de 33 tiveram seus pedidos recusados, e dez atletas de três modalidades esportivas foram selecionados.

Rami Anis

Rami Anis

Dois nadadores, Yusra Mardini e Rami Anis, os dois vindos da Síria estão no grupo que ainda tem atletas do Sudão do Sul, da Etiópia e do Congo. Natação, atletismo e judô são os esportes representados no grupo.
Dois deles, os judoca Popole Misenga e Yolande Magika, vieram da República Democrática do Congo disputar o Campeonato Mundial no Rio em 2013 e ficaram por aqui pedindo asilo político.

Yusra Mardini, foto Michael Sohn

Yusra Mardini, foto Michael Sohn

A nadadora Yusra Mardini é a caçula do grupo. Tem 18 anos e tem uma história bem dramática até chegar a Berlim, na Alemanha, onde treina no Wasserfreunde Spandn 04. Junto com a irmã Sarah, e outros familiares, deixou a Síria em 2014 para o Líbano, depois a Turquia, até chegar a Ilha de Lesbos na Grécia. Nesta parte, junto com a irmã, também nadadora, bateram perna por horas empurrando um barco de borracha carregado de refugiados. A jornada ainda passou pela Hungria, Áustria até o destino final em 35 dias de muita dificuldade.

O nadador Rami Anis também deixou a Síria fugindo da guerra civil. Morava em Aleppo, uma das cidades mais atingidas pelos conflitos. Se mudou para morar na Turquia depois de seguir quase o mesmo roteiro passando por Grécia, Macedônia, Sérvia, Hungria, Áustria, Alemanha até chegar a Ghent na Bélgica one faz parte do Mega Swim Team. Entre longas caminhadas, viagens de trem e ônibus, quase sempre se alimentando de frutas e muita dificuldade pelo caminho.

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Yusra Mardini e Rami Anis já eram nadadores de destaque na Síria. Anis esteve nos Mundiais de 2009 e 2011. Aos 25 anos, é especialista no borboleta e ainda detém o recorde nacional de seu país nos 50 borboleta com 25.35. Yusra foi ao Mundial de Piscina Curta em Doha, no Catar em 2014. Sua prova principal é os 400 medley e nadou a sua melhor marca pessoal recentemente 5:21.30, abaixo do que é considerado o recorde nacional da Síria.

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O Time Olímpico dos Refugiados vai ter a Vila Olímpica como casa durante o Rio 2016. A equipe será vestida com uniformes providenciados pelo COI, desfilarão com a bandeira olímpica e caso aconteça, subindo ao pódio receberão suas medalhas com a execução do hino olímpico. O time também será testado pelos mesmos procedimentos de controle anti-doping da WADA e terá toda a sua preparação para o Rio 2016 bancada pelo Programa de Solidariedade Olímpica. O COI também garantiu apoio aos atletas após a disputa dos Jogos Olímpicos do Rio.

Lista completa dos atletas do Time Olímpico dos Refugiados:
1. Rami Anis, nadador nascido na Síria, morando na Bélgica
2.Yech Pur Biel, corredor de 800 metros nascido no Sudão do Sul, morando no Quênia
3. James Nyang Chiegjiek, corredor de 400 metros nascido no Sudão do Sul, morando no Quênia
4. Yonas Kinde, corredor de maratona, nascido na Etiópia, morando em Luxemburgo
5. Anjelina Nada Lohalith, corredora de 1500 metros, nascida no Sudão do Sul, morando no Quênia
6. Rose Nathike Lokonyen, corredora de 800 metros, nascida no Sudão do Sul, morando no Quênia
7. Paulo Amotun Lokoro, corredor de 1500 metros, nascido no Sudão do Sul, morando no Quênia
8. Yolande Busaka Magika, judoca nascida na República Democrática do Congo, morando no Brasil
9. Yusra Mardini, nadadora nascida na Síria, morando na Alemanha
10. Popole Misenga, judoca nascido na República Democrática do Congo, morando no Brasil

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