A notícia é uma bomba. Para a França, para os amantes do esporte. Florent Manaudou simplesmente quer dar um tempo na sua carreira, vai jogar handebol, e pode (ou não) voltar ao esporte que lhe consagrou.

Quando digo que consagrou, é porque Manaudou é o maior velocista da natação da era pós-trajes. Campeão olímpico em 2012, campeão mundial de longa em 2015 e de curta em 2014. Recordista mundial de curta e melhor tempo da era pós-trajes em longa.

Nadar abaixo de 22 segundos para Manaudou virou rotina. Ninguém fez isso tantas vezes numa mesma temporada como o francês. Torneios locais, regionais, campeonatos nacionais, ou competições importantes, Manaudou sempre cravou o 21.

O ciclo olímpico parecia perfeito, mas estava longe disso. Para quem não acompanha de perto, poderia pensar que foi só a derrota na final olímpica para Anthony Ervin por um centésimo na disputa do ouro no Rio 2016. Nestes anos, muitas brigas, muitos conflitos com o treinador Romain Barnier.

Manaudou treinava com o britânico James Gibson que após o ouro em Londres assumiu um novo emprego em seu país. A mudança para Barnier nunca foi bem digerida.

Manaudou é de temperamento difícil. Não gosta de treinar, nunca gostou. Seu nado de braço reto, dentro e fora d’água, tem um custo energético muito grande. Os 100 livre é um “parto” para Manaudou. “Dói muito”, diz ele. Não gosta de nadar, nunca gostou. Barnier é quem lhe obriga.

Durante o ciclo, foram várias brigas, públicas e internas. Numa delas, Barnier chegou a dizer que seu comportamento era “indigno de suas conquistas”.

Gostar de ganhar é qualidade. Odiar perder, é ainda melhor. Manaudou é destes. Adora vencer, ama. Detesta perder. Seu rosto no pódio do revezamento 4×100 livre onde a França levou a prata perdendo para os Estados Unidos era visível. Descontentamento puro.

Não foi diferente dias depois. Quando perdeu o ouro para Anthony Ervin por um centésimo foi ainda mais doloroso. Uma dor que Manaudou não escondeu. E provavelmente ainda lhe machuca.

Todo atleta de alto nível deve pensar assim. Odiar perder, amar vencer, mas o amor pela vitória, não pode ser maior do que o amor pelo esporte. Treinar em alto nível de performance requer sacrifício e dedicação, e, sem amor, impossível.

Manaudou sucumbiu a sua falta de amor pelo esporte. Primeiro nas brigas com seu treinador. As ausências nas provas em que estava inscrito para nadar. Caiu em casa, no Aberto da França quando o ucraniano Andrii Govorov lhe bateu um mês antes da Olimpíada.

No Rio, a prata valeria muito para qualquer ser deste planeta. Menos para Manaudou. Seu desejo era o bi olímpico que não veio. Foi batido e ficou sem chão. Vai buscar no handebol algo que não conseguiu encontrar na natação, o prazer e o amor pelo esporte.

Se encontrar, nos veremos em Tóquio 2020.

Por Alexandre Pussieldi, editor chefe Best Swimming Inc.

1 responder
  1. João Víctor Martins Souza
    João Víctor Martins Souza says:

    Olá Coach, tudo bem, eu não achei outra forma melhor de entrar em contato se não por aqui então aí vai minha dúvida: como são definidos os índices dos brasileiros por categoria aqui no Brasil? Ano que vem eu sei que eles mudarão mas gostaria de saber como funciona a “decisão” de novos índices para eles.
    Abraço Coach!

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