Entrou em vigor no Troféu José Finkel recém encerrado em Santos a nova determinação técnica da CBDA que elimina as provas não olímpicas da premiação do Troféu de Melhor Índice Técnico dos campeonatos nacionais absolutos. A medida é iniciativa do novo diretor de natação da entidade, Renato Cordani, e que teve a anuência do Conselho Técnico de Alto Rendimento da CBDA.
O objetivo é claro, tentar desenvolver um programa olímpico para a natação brasileira. É unânime que o Brasil focou demais nas provas de 50 metros nos estilos durante anos e isso tem comprometido toda nossa estrutura competitiva.
Não premiar os nadadores de 50 metros nos estilos é apenas o primeiro passo que inclui outras medidas que ainda estão por vir. Em conversa com o treinador da Seleção Brasileira, Alberto Pinto da Silva, na volta de Budapeste, me confessou que está na hora de fazermos nossos atletas focarem no programa olímpico.
Numa análise detalhada do Finkel, os números ainda são alarmantes. Embora tenhamos premiado Guilherme Guido pelos 53.84 dos 100 costas, ele foi apenas o sexto melhor índice técnico masculino. Na sua frente, cinco resultados em provs de 50 metros nos estilos. Aliás, dos 10 melhores índices técnicos dos homens, somente dois são de provas olímpicas!
No feminino encontramos um quadro menos desfavorável, mas também preocupante. Joanna Maranhão foi, de fato, o melhor índice técnico com seus 2:11.79 nos 200 medley, mas quatro das 10 melhores performances vieram dos 50 metros nos estilos.
Outro número que preocupa são os 200 metros nos estilos. Entre os homens, Leo de Deus aparece com o 15o melhor índice técnico pelos seus 1:56.79. O próximo nadador de 200 nos estilos vai ser o próprio Leo de Deus em 43o lugar pelo resultado nos 200 costas.
Os 200 peito masculino foi a prova de pior índice técnico de toda competição. O tempo do vencedor só venceria um campeonato nacional absoluto de 2006!
Entre as mulheres, tirando o resultado da argentina Julia Sebastian nos 200 peito, o melhor resultado nos 200 metros nos estilos vem com Pamella Souza em 19o lugar na lista dos índices técnicos.
É pouco, é preocupante.
A nova diretoria da CBDA também pensa em fazer seletivas únicas para as seleções brasileiras, contabilizar apenas os resultados das finais e até mesmo uma seleção júnior e seleção B para algumas competições internacionais. As intenções são as melhores possíveis, mas é fato que precisamos trabalhar.
Os resultados do Finkel 2017 foram fracos, bem fracos. Nem tanto pelos nadadores que estiveram no Mundial de Budapeste, mas os que estavam treinando em seus clubes desde o fim do Maria Lenk. O grau de melhora foi baixíssimo. Foram poucos, as vezes raros, alguns destes atletas que melhoraram suas marcas pessoais.
Cada um tem de fazer a sua parte. Se realmente pretendemos subir para o próximo nível, o trabalho precisa ser melhor, muito melhor.
Alex Pussieldi, editor chefe Best Swimming.
Na minha opiniao, as provas nao olimpicas deveria pontuar menos para os clubes tambem.