Está decidido, não adianta reclamar, protestar, xingar, as finais da natação olímpica de Tóquio 2020 serão pela manhã.

O pedido, é lógico que veio da NBC, afinal pagar 7,5 bilhões de dólares para ter a exclusividade de transmissão para os Estados Unidos, é pelo menos sete vezes mais do que qualquer outra emissora do planeta paga pelo evento. O COI diz que não foi pedido ou exigência da TV americana, mas a FINA indica que foi para atender o público do país que domina o esporte.

Seja a desculpa que tenha de ser dada, se você pensar de forma sensata, faz sentido e se justifica.

Jogos Olímpicos é muito mais que uma competição. O “espírito olímpico” (entre aspas mesmo), deixou de ter o formato original há décadas. Vivemos uma era onde somente recursos expressivos fazem a Olimpíada ter a relevância e o espaço que merece. Se não tivéssesmos estes bilhões todos, não teríamos a dimensão, a divulgação, o reconhecimento. Isso é fato!

Nadar pela manhã quer dizer competir contra os fatores biológicos e fisiológicos.
Isso não é novo, para ser mais preciso, o relógio biológico nasceu num distante 1729 por Jean Jacques d’Ortous de Marian estudando as plantas.

As primeiras experiências levaram para outro relógio, o Circadiano, este ciclo metabólico em que o organismo reage e funciona diferente durante a rotina e horário diariamente.

Estas pesquisas indicam (e provam) que os resultados de final da tarde são onde o organismo humano tem melhores condições de performance. Assim, nadar as finais pela manhã, como fizemos em Beijing 2008, e vamos fazer em Tóquio 2020, assim como as 10 da noite como fizemos no Rio 2016, não é o ideal, mas e daí?

Isso se treina, se adapta. Simples, mais fácil do que perder os investimentos e a exposição que os “novos tempos do movimento olímpico” determinam.

Aliás, falando em Olimpíada, onde todos vão ter de nadar rápido desde as eliminatórias, ninguém pode nadar fácil até chegar nas finais. Pelo menos neste aspecto, todo mundo nada a tarde para passar do primeiro desafio, as eliminatórias.

Pensando em Tóquio 2020, treinadores deverão incluir séries mais fortes e estímulos anaeróbicos em seus programas pela manhã. Normalmente, os clubes treinam em dois turnos, e quase sempre, as práticas de sábado já incluem este componente anaeróbico.

Realizar a seletiva brasileira olímpica, o Troféu Brasil 2020, com finais pela manhã é uma bobagem. Na seletiva, precisamos apurar nossa melhor equipe, e não quem nada melhor pela manhã. Na seletiva apuramos os melhores atletas que, classificados, farão a devida programação e planejamento focado na performance olímpica.

Em busca do sonho de uma medalha, ficar discutindo ou reclamando sobre as finais pela manhã, não passa de mais uma distração. O que temos de fazer é treinar e nos preparar.

O horário é para todos e o melhor, aquele que se prepara da melhor forma, sempre ganha.

Coach Alex Pussieldi, editor chefe Best Swimming Inc.

Obs: Este editorial foi produzido logo após ver uma mensagem do treinador italiano de fundo, Stefano Morini, técnico de Gabriele Detti e Gregorio Paltrinieri, em uma rede social: “finais pela manhã, a noite, não interessa, vamos estar preparados para fazer o nosso melhor”.

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