Autor • Pedro de Figueiredo
Fonte • Best Swimming

Reprodução

 

 
50 anos de Troféu Brasil. 5 anos de Maria Lenk. Desde 2007, a competição tem o nome de uma das maiores nadadoras da história do Brasil. A primeira mulher brasileira a participar de Jogos Olímpicos faleceu naquele mesmo ano, meses antes da disputa dos Jogos Pan-Americanos do Rio, cuja competição de natação foi dispuatada no parque aquático que a homenageou.
 
Maria Lenk foi mais do que uma grande nadadora. Como professora de educação física, ela revolucionou diversos aspectos do ensino de natação, além de ter contribuído como diretora da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ. Ela foi ainda Presidente da Confederação Brasileira de Natação (atual CBDA).
 
Confira parte de reportagem publicada no site da Escola de Educação Física em 2010 com um perfil de Maria Lenk.
 
 
"Maria Lenk obteve muitas conquistas ao longo da sua carreira de nadadora e de acadêmica: Maria foi a primeira diretora mulher da Escola de Educação Física da UFRJ. Foi também a primeira mulher brasileira a competir em uma Olimpíada, nos jogos de Los Angeles em 1932 e, além disso, exerceu o cargo de Presidente da Confederação Brasileira de Natação, sendo algumas vezes recordista mundial da modalidade que tanto amava. Até hoje, mesmo em memória, é a Presidente de Honra da Associação Brasileira Master de Natação (ABMN), devido ao fato de ter sido uma pioneira da natação master (para maiores de 25 anos) no país e no mundo.
Maria Lenk foi homenageada, em 2007, emprestando seu nome ao Parque Aquático dos Jogos Pan-Americanos do Rio e ao mais importante campeonato brasileiro de natação, o antigo Troféu Brasil, atual Troféu Maria Lenk. O presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (antiga Confederação de Natação, da qual Lenk fora presidente), Coaracy Nunes explicou as homenagens: 
 
– O legado deixado pela professora Maria foi imenso. Ela foi, sem dúvidas, a maior expressão positiva da história da natação brasileira pelos inúmeros títulos que obteve nas piscinas nacionais e internacionais. A sua perseverança e seu exemplo por toda vida serviram de estímulo para os nossos atletas que a viam como um ícone. Por todos estes motivos, apoiei em todos os momentos o (então) prefeito César Maia a nomear o nosso Parque Aquático do Pan de Maria Lenk – contou o principal dirigente da natação no Brasil.
    
Após os Jogos Pan-Americanos, o Parque Aquático Maria Lenk recebeu o Campeonato Estadual de Natação da categoria master.  Lenk disputou competições nesta categoria até o final de sua vida. Na ocasião, o discurso inaugural do campeonato foi proferido por Aldacir Hill, atleta master de 85 anos e grande amigo da professora. No discurso, Hill emocionou o público presente:
 
– Dizem que com o meu discurso o pessoal chorou. Eu já estava emocionado e me emocionei ainda mais ao discursar. Falei sobre o tempo e o espaço. O tempo para o nadador é apenas algo marcado pelo relógio para o nosso ego. Já o espaço é o espaço que ela ocupa e sempre ocupará em nossos corações – lembrou com muita emoção o nadador master que competiu junto com a professora pelo Clube de Regatas do Flamengo.
 
Aldacir Hill lembra também que uma das maiores frustrações da vida da professora foi o cancelamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 1940, devido à Segunda Guerra Mundial. Antes da competição, Lenk era a recordista mundial dos 200 metros e dos 400 metros peito, sendo que esta última prova não existe mais no programa oficial de natação. Ela era a grande favorita a ganhar a primeira medalha de ouro olímpica de mulheres brasileiras em esportes individuais. Tal feito só foi realizado 68 anos depois pela saltadora Maurren Maggi, nos Jogos Olímpicos de Pequim.
 
Apesar dos feitos, Maria Lenk foi uma personagem contraditória. Ao mesmo tempo que muitos a viam como uma pioneira, outros tinham muitas restrições, pois Lenk possuía uma personalidade muito forte e foi uma professora de atitude muito séria e rígida diante dos alunos e colegas de trabalho. Maria Lenk foi muito criticada por manter vínculos com alguns governos ditatoriais como o de Getúlio Vargas no Estado Novo e os posteriores ao Golpe Militar de 1964.
 
O professor da EEFD Waldyr Ramos, ex-presidente da Associação Brasileira Master de Natação, conviveu com a professora tanto em sua vida desportiva quanto na acadêmica, pois foi aluno da Escola na época em que Lenk era a diretora. Ele observa que a professora era uma pessoa de personalidade bastante difícil, mas acredita que seria injusto esquecer o seu pioneirismo e sua competência que tanto contribuíram para o esporte e também para o ensino de Educação Física na EEFD e no Brasil:
 
– Ela era muito rigorosa, muito rígida nas decisões. Era uma pessoa pouco flexível, mas também era uma pessoa legionária e extremamente competente. Foi uma pioneira na natação e também na UFRJ, pois foi a primeira mulher diretora da EEFD, a primeira mulher a integrar o conselho acadêmico e também a primeira professora emérita da EEFD – enumerou o professor Waldyr.
 
Entre diversas conquistas de Lenk relacionadas à história da universidade, houve a instituição da Educação Física como matéria obrigatória para todos os cursos superiores (medida posteriormente revogada na década de 1990) e o projeto do atual prédio da EEFD na Cidade Universitária.
 
– Foi ela quem conseguiu o projeto do prédio em que estamos localizados atualmente. Ela viajou para a Europa e conheceu várias escolas de educação física para que a Escola tivesse uma estrutura de nível internacional na época – explicou professor Waldyr".
 
Clique aqui para conferir a reportagem original.
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