Um é carioca, o outro é pernambucano. Um tem um nome tão brasileiro que leva o país no sobrenome, o outro fica difícil acreditar que é brasileiro com o nome que tem.

A dupla que lidera o ranking mundial das provas de velocidade da classe S10 da natação paralímpica é a maior chance de dobradinha do Brasil nos Jogos Paralímpicos do Rio em 2016.

O duelo da velocidade da natação convencional com César Cielo e Bruno Fratus, na natação paralímpica se chama André Brasil e Phelipe Andrews Rodrigues.

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A classe S10 é a menos descapacitada nas habilidades funcionais. O “S” representa “swimming”, o 10 é a última das classes para as deficiências físicas. As classes 11, 12 e 13 são para as deficiências visuais e a S14 para as intelectuais. Por conta disso, a S10 é a classe mais rápida da natação paralímpica. Os atletas são avaliados anualmente tanto nas habilidades físicas como técnicas.

André nasceu no Rio de Janeiro, é seis anos mais velho que Phelipe, nasceu no dia 23 de maio de 1984, brilhou no Tijuca, Vasco, Botafogo até se transferir para o Pinheiros em 2007 de onde nunca mais saiu.

Phelipe é pernambucano, nasceu no dia 10 de agosto de 1990, começou fazendo natação na Academia Movimento de Olinda e em 2007 se mudou para o Grêmio CIEF na Paraíba. Lá foi que a carreira de nadador competitivo deu um salto na carreira de Phelipe.

Se 2007 foi o ano em que ambos deram um verdadeiro salto em suas carreiras, os dois já brilharam, e muito, na natação convencional.

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André Brasil estava entre os melhores infantis do Brasil em 1998, ainda nadando pelo Tijuca. Foi campeão do Chico Piscina daquele ano nos 200 livre além de vice nos 100 e 400 livre. No final do ano, no Maurício Bekenn, ficou em terceiro nos 200 livre e chegou as finais dos 100 (4o lugar) e 400 (8o colocado).

No categoria juvenil, André chegou as finais do Brasileiro de 2000, agora nadando pelo Vasco, ficou em quarto lugar nos 200 livre.

Phelipe Rodrigues também brilhou no CIEF. Foram inúmeros títulos de campeão paraibano e medalhas nos Norte-Nordeste.

A diferença física ficou mais evidenciada a partir da categoria júnior e senior. André teve poliomielite na infância, Phelipe nasceu com os pés tortos e foi operado com apenas quatro semanas de vida. Uma infecção hospitalar afetou o crescimento da sua perna no lado direito. Aos oito meses já estava dentro d’água fazendo fisioterapia.

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O esporte paralímpico mudou a vida dos dois. André e Phelipe fazem parte da Seleção Brasileira Permanente do Comitê Paralímpico Brasileiro. São 13 medalhas paralímpicas e outras dezenas em Mundiais, Para Panamericanos e Pan Pacífico.

André, um currículo bem mais dourado, tem 10 medalhas paralímpicas, sete são de ouro em duas Paralimpíadas. Phelipe esteve nos mesmos Jogos, 2008 em Beijing e Londres em 2012, acumula três medalhas, todas de prata e sempre atrás de André.

Aliás, esta rivalidade é nova. André Brasil sempre foi absoluto na liderança do ranking mundial, desde 2009, não era nem ameaçado. mas 2014 foi diferente. No final da temporada, Phelipe terminou como número um do mundo pela primeira vez nos 50 livre e, bem próximo, apenas 16 centésimos atrás nos 100 livre.

Esta diferença já foi maior, bem maior, mas a melhora de Phelipe só incrementou esta rivalidade e a qualidade dos dois. O Brasil caminha forte para ter dobradinha no Mundial deste ano na Escócia e nos Jogos do Rio em 2016.

Em 2009, depois de ser campeão paralímpico no ano anterior, André era o líder do ranking mundial com 23.44 e 51.23, respectivamente nos 50 e 100 livre. Phelipe era o quinto dos 50 livre quebrando os 25 segundos pela primeira vez e ainda na casa dos 54 segundos ocupava a sexta colocação nos 100 livre.

A melhora de Phelipe a cada ano foi impressionante. Em 2010, chegou no Top 3 do mundo e quebrava os 54 pela primeira vez nos 100 livre. Em 2011, Phelipe ficou em segundo pela primeira vez nos 100 livre. Em 2012, ano dos Jogos de Londres, Phelipe quebrou a barreira dos 24 segundos nos 50 livre pela primeira vez. Enquanto isso, André se manteve imbatível, no topo do mundo em ambas as provas, durante todos estes anos.

2014 foi um ano difícil para André. Na principal competição da temporada sofreu uma lesão que lhe afastou por algumas semanas dos treinos. Phelipe brilhou com o melhor tempo do mundo na sua vitória do Para Pan Pacífico nos 50 livre com 23.47 contra 23.63 de André Brasil. Não foi a sua primeira vitória, isso já havia acontecido no Open de 2013 em Porto Alegre.

Nos 100 livre, André ainda terminou a temporada como o melhor do mundo com 51.65 do Para Pan Pacífico onde Phelipe nadou para 52.13. No Open no final do ano, Phelipe melhorou sua marca para 51.81 enquanto André terminou a temporada com 52.13.

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A disputa é positiva e traz motivação para ambos os lados. André treina em São Paulo, no Centro Olímpico do Ibirapuera, sob o comando de Felipe Dominguez, treinador experiente e que esteve em algumas Seleções Brasileiras Absolutas e foi o responsável pela revelação de Marcelo Chierighini.

Não muito longe, em São Caetano do Sul, está Phelipe treinando com Leonardo Tomasello Araújo, treinador da Seleção Paralímpica Brasileira e que até 2013 estava na equipe do Corinthians. Leo já havia dirigido a Seleção Brasileira Juvenil e chegou a participar de uma etapa da Copa do Mundo com a Seleção Principal.

Phelipe esteve bom tempo treinando na Grã-Bretanha. Retornou no ano passado ao Brasil para fazer a sua preparação para o Rio 2016 na Seleção Permanente. André foi durante muitos anos uma das estrelas de Marco Veiga, mas está com Felipe durante todo este ciclo paralímpico.

A indicação do Comitê Paralímpico Internacional apontando como uma das maiores rivalidades da natação paralímpica mundial apenas evidencia o que estamos acompanhando. É a nossa maior chance de dobradinha no Rio 2016, ou melhor, junto com o duelo de César Cielo e Bruno Fratus, a disputa de André Brasil e Phelipe Rodrigues promete, e muito.

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RANKING MUNDIAL 50 & 100 LIVRE PARALÍMPICO

ANO 50 LIVRE RANKING 100 LIVRE RANKING
André 2009 23.44 1o 51.23 1o
Phelipe 2009 24.93 5o 54.66 6o
André 2010 23.53 1o 50.87 1o
Phelipe 2010 24.63 3o 53.59 3o
André 2011 23.52 1o 51.60 1o
Phelipe 2011 24.24 3o 53.05 2o
André 2012 23.16 1o 51.07 1o
Phelipe 2012 23.99 4o 52.42 2o
André 2013 23.37 2o 51.57 1o
Phelipe 2013 23.89 2o 53.40 3o
André 2014 23.63 2o 51.65 1o
Phelipe 2014 23.47 1o 51.81 2o
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