Já falamos da história, dos inimigos, dos tempos. Está na hora de olharmos para o nosso próprio umbigo. A série 4×100 livre masculino: Projeto medalha para o Brasil no Rio 2016 agora destaca a Dança das Cadeiras do nosso revezamento.

Na série até agora:
Parte 1 – A história que faz o evento tão especial e difícil
Parte 2 – Como está o ranking e quem são nossos inimigos
Parte 3 – 47, o número mágico

Se há uma coisa que desperta muita atenção e expectativa na natação brasileira é a dança das cadeiras do revezamento 4×100 livre masculino. Embora todo mundo tenha um time na cabeça, é bem provável que ele nunca tenha nadado junto.

No ano passado, a Seleção Brasileira colocou o revezamento 4×100 livre masculino cinco vezes na água, e todas com uma formação diferente. No total, foram 15 nadadores utilizados fazendo deste o revezamento mais disputado, desejado e almejado pelos nadadores na atualidade.

A estréia da equipe em 2014 foi no BHP Billiton Aquatic Super Series na Austrália. O time nadou com Nicolas Oliveira, o então estreante na seleção Matheus Santana, Nicholas Santos e Vinicius Waked. Fomos desclassificados.

Dois meses depois, o Brasil venceu o revezamento 4×100 livre dos Jogos ODESUR em Santiago no Chile com novo recorde de campeonato com 3:19.44 nadando com Nicolas Oliveira (50.17), Matheus Santana (49.05), Fernando Santos (50.12) e Fernando Souza (50.16).

Nossa melhor atuação veio com o bronze no Pan Pacífico em agosto na Austrália com 3:13.59, sétimo tempo do ranking mundial de 2014. O time nadou com João de Lucca (49.05), Marcelo Chierighini (47.91), Bruno Fratus (48.00) e Nicolas Oliveira (48.63).

O Brasil perdeu o Sul-Americano Absoluto para a Argentina em Mar del Plata em outubro nadando para 3:19.77 nadando com Fernando Santos (50.49), Matheus Santana (49.46), Marcos Macedo (48.83) e Leonardo Alcover (50.48).

No final do ano, nosso revezamento 4×100 livre ficou em oitavo no Mundial de Curta de Doha com 3:08.31. Nossa formação da final teve Henrique Martins (47.740, João de Lucca (45.65), Allan Vitória (47.60) e Gustavo Godoy (47.32).

Utilizamos 15 nadadores nestes revezamentos e tivemos 16 nadadores abaixo dos 50 segundos nos 100 livre em 2014. É bom fazer um levantamento dos tempos alcançados na temporada passada comparados com suas melhores marcas pessoais:

 

NADADOR MELHOR 2014 MELHOR SEM TRAJES MELHOR COM TRAJES
César Cielo 48.13 47.84 46.91
Matheus Santana 48.25 48.25 48.25
Bruno Fratus 48.57 48.57 48.57
João de Lucca 48.67 48.67 48.67
Marcelo Chierighini 48.68 48.11 48.11
Nicolas Oliveira 48.69 48.69 47.78
Leonardo Alcover 49.32 49.32 49.32
Vinicius Waked 49.56 49.32 48.94
Alan Vitória 49.56 49.56 49.56
Gustavo Godoy 49.58 49.58 49.58
Fernando Santos 49.59 48.72 48.72
Thiago Pereira 49.64 49.64 49.64
Marco Macedo 49.83 49.42 49.42
Arthur Mendes 49.83 49.83 49.83
Felipe Ribeiro 49.93 49.93 49.93
Thiago Sickert 49.98 49.98 49.98
Glauber Silva 49.98 49.98 49.98

A boa perspectiva que o revezamento 4×100 livre masculino vislumbra é de que destes 16 nadadores 11 fizeram suas melhores marcas sem trajes em 2014 e 10 fizeram as melhores marcas de suas carreiras. Isso dá uma expectativa ainda maior e a comprovação de que a prova está evoluindo no Brasil.

A notícia ruim é referente ao levantamento da série que a Best Swimming publicou no capítulo anterior onde o 47 é uma necessidade. Sem 47, o Brasil não pode sonhar com medalha no Rio 2016.

Na história dos 100 livre no Brasil, apenas Cielo e Nicolas Oliveira fizeram 47. E dos dois, apenas Cielo conseguiu fazer sem trajes, duas vezes, no Pan de Guadalajara e em Londres 2012.

O acirramento da briga pelas vagas para o revezamento vai incrementar esta disputa ainda mais. Em 2014, foram seis nadadores na casa dos 48 segundos. Para se ter uma idéia desta evolução, 49.16 foi o quarto tempo do nadador para o revezamento do Brasil em 2012 nos Jogos de Londres. Para Beijing 2008, 49.57 foi o quarto classificado.

Nesta evolução, mantendo o mesmo padrão, algo em torno de 48.7 seria o suficiente para entrar no time do Brasil para o Rio 2016. Ao terminar a temporada passada com seis nadadores abaixo dos 48.69, vemos que a evolução está num ritmo acima do retrospecto passado.

Fazendo um comparativo com o ciclo olímpico passado, em 2010, dois anos antes de Londres, 49.86 foi o quarto tempo do Brasil nos 100 livre.

Os números não mentem. A tendência é boa, e a briga acirrada. Elementos suficientes para se prever uma disputa intensa e que vai gerar grandes resultados. Apontar um número não seria ciência, mas é inegável a tendência que incrementa a dança das cadeiras. E o 47 continua sendo o número mágico.

O último capítulo da série vai destacar: Passagens & Estratégias.

7 respostas
  1. Rafael Oliveira
    Rafael Oliveira says:

    No Cmapeonato Brasileiro Senior o Fratus nadou para 48.57 pela manhã. Já no Open à tarde ele passou com tudo em primeiro e morreu na volta nadando para 49.46. Agora ao comparar com o Fratus o De Lucca tem um melhor estilo de nado, além disso tem maior estatura e envergadura, por isso aposto num 48 baixo no individual e no rev sai um 47 fácil.

  2. Denis Serio
    Denis Serio says:

    Amigo, o Bruno não morreu na volta do 4×100 m no Pan-Pacs, hein. E ele já fez parcial de 47 no 4×100 m livre naquele Maria Lenk em que ganhou os 100 m do Cielo. Com a torcida a favor e motivado por chance de medalha, não tenho dúvidas que sai um 47 pra ele. Talvez abaixo de 47s50, inclusive.

    O desafio para ele é entrar no time. Tem que garantir um 48s4 pra estar.

  3. Jorge
    Jorge says:

    Sim, tomara que o De Lucca consiga melhorar, precisamos do esforço de todos pra tentar “polir” ao máximo esse revzamento. O Fratus fez recentemente o melhor tempo da vida dele nos 100m, ou seja, pra mim ele está evoluindo. E se sugir algum novato forte até 2016, que seja: mas 49s93 ainda está longe do necessário, que será pelo menos um 48s50, pra entrar no time. Considerando ainda que o Matheus Santana até 2016 pode estar nadando pra casa de 47s direto….

  4. Rafael Oliveira
    Rafael Oliveira says:

    Concordo com o time, mas o De Lucca está em franca evolução nos 100m e o Fratus é nadador de 50m e “morre” muito na volta. Além disso, o Felipe Ribeiro com 16 anos e nadando para 49.93 tem tudo para evoluir muito e quem sabe surpreender.

  5. Jorge
    Jorge says:

    O 47 necessário pra prova é fácil de ser obtido por causa do tempo de reação que é próximo de 0 segundo, ao contrário da prova normal onde a largada se dá com 0,6 ou 0,7 segundos! O time hoje sem dúvida é Cielo, Chierighini, Santana e Fratus, cujos melhores tempos são 47s84, 48s11, 48s25 e 48s57 (sem supertraje) respectivamente. Reservas atuais são o Nicolas Oliveira (que parou de evoluir) e o João de Lucca (que é nadador de 200m). Esse é a única formação que pode conseguir a medalha, o resto será ineficaz. Na prova em si, quem largar provavelmente vai fazer 48 baixo e o resto tudo faz 47, o Cielo finalizando é capaz de fazer um 46 alto.

  6. Rodrigo G
    Rodrigo G says:

    Coach, sensacional esta série sobre o 4×100 livre. Os técnicos deveriam usá-la como recurso motivacional. Até eu estou querendo tentar uma vaga.. rsrs

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário