Uma vitória jurídica e tanto para o Brasil representado hoje no Painel de Doping da FINA pelo advogado Marcelo Franklin no caso do teste positivo do nadador João Luis Gomes Júnior ocorrido no Campeonato Mundial de Doha em dezembro passado. O nadador foi suspenso por seis meses pela FINA pelo ato de negligência aceitando a defesa apresentada de contaminação cruzada do atleta para o diurético Hidroclorotiazida. O melhor foi o fato de separar o ato da ingestão involuntária do atleta para a responsabilidade do país mantendo os resultados alcançados pela equipe que nadou nas finais com Felipe França no parcial de peito.

João testou positivo no teste do dia 4 de dezembro, dia em que nadou os revezamentos 4×50 medley misto e masculino. Ambos terminaram com ouro na final com a equipe masculina do 4×50 medley superando o recorde mundial da prova.

O Painel de Doping foi formado por três de seus membros e contou com Robert Fox da Suiça, presidente do Comitê de Doping da FINA, mais Raymond Hack da África do Sul e Farid Ben Belkacem da Argélia. A suspensão de João começou no dia 4 de dezembro, anulando todos os seus resultados desde então e vai até o dia 3 de junho.

Com isso, os resultados do Troféu Open em dezembro estão anulados e João está fora do Maria Lenk de abril, por consequência dos Jogos Pan Americanos e do Campeonato Mundial de Kazan. João também não pode nadar na Universíades, pois já completou 29 anos de idade, a idade máxima é 28 anos.

João poderá competir nos torneios do verão europeu como Mare Nostrum e Aberto da França e no Troféu José Finkel em agosto. A suspensão de seis meses já era esperada. É a média dos atletas que são pegos com diuréticos em situações involuntárias, mas onde fica evidenciada a negligência. Duas nadadoras brasileiras que tiveram casos semelhantes, Pamela Souza Alencar e Daynara de Paula também foram suspensas por seis meses por ingestão involuntária de diuréticos.

Na história dos dopings da FINA, nunca tivemos um nadador absolvido por ingestão de diurético. A punição mais branda foi as de César Cielo, Nicholas Santos e Henrique Barbosa que em 2011 foram apenas advertidos, mas seus resultados anulados. Desta vez, a estratégia da defesa do Brasil foi caracterizar a involuntariedade do atleta apresentando responsabilidade para a farmácia de manipulação que reconheceu o erro, mas tirando a responsabilidade do país confirmando os resultados das finais.

Com a inédita decisão, o Brasil mantém as sete medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze, dez medalhas no total, dois recordes mundiais e dois recordes de campeonato conquistados em Doha e o título de campeão mundial de piscina curta de 2014.

A substância apresentada no teste de João Gomes Jr. é  o diurético Hidroclotiazida integrante da lista proibida da WADA na categoria S5.

A Hidroclorotiazida serve para aumentar a quantidade de urina, eliminando sal e água do corpo. É utilizada no tratamento da pressão alta e no tratamento de inchaços provocados pelos problemas cardíacos.

Sua ingestão é apenas pela via oral e não é metabolizada, mas entre os diuréticos é das que tem maior eliminação. Em 48 horas, cerca de 60% é eliminada pelo rim.

4 respostas
  1. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    Sim, porque se a Fina tivesse tirado apenas a medalha do 4 x 100 medley masculino, o Brasil cairia para 2º, atrás da Hungria, de Katinka Hosszu.

  2. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    Fez-se justiça!!! Quem nadou a final foi o Felipe França. Eu não concordo com este regulamento. A marca das eliminatórias foi muito aquém do tempo que deu a medalha de ouro ao Brasil, com Cielo fechando para 44.67.

  3. Baruel
    Baruel says:

    Isto é incrível!
    A culpa é sempre de uma “farmácia de manipulação” imprudente. Está faltando criatividade aos advogados que defendem os atletas pegos no doping.
    Garanto que, se todos esses atletas estivessem comendo “arroz, feijão, bife e salada”, não teríamos mais casos assim.

  4. sergio benatti
    sergio benatti says:

    Eu só gostaria de saber por que cargas d`água ele toma suplementação, por conta própria, sem acompanhamento da equipe médica, e ainda não comunica a equipe técnica.

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