O COB e a CBDA ainda não anunciaram, mas o Teste Evento da natação e/o Troféu Maria Lenk 2016 ganharam nova data. Marcados inicialmente para 12 a 17 de abril de 2016, a nova data é 15 a 20 de abril.

Os termos da disputa ainda também não são conhecidos. Sabe-se que a intenção é oferecer apenas as provas olímpicas (sem os 50 nos estilos e sem os 800 masculino/1500 feminino), além de permitir a participação dos nadadores estrangeiros nas eliminatórias e finais A da competição. As finais B serão restritas aos nadadores brasileiros.

Se isso for comprovado, difere da seletiva britânica em 2012 que também serviu como Teste Evento para os Jogos de Londres onde apenas as eliminatórias foram abertas aos nadadores estrangeiros. Em Beijing 2008, o formato foi ainda mais diverso. O Teste Evento foi uma competição separada, com eliminatórias e finais , enquanto a seletiva chinesa, um outro torneio.

Com a experiência das seletivas anteriores, e principalmente turbinados pela empolgação de sediarmos nossa primeira Olimpíada, fica claro que as atenções de nossos atletas vai ser única e exclusivamente tentar uma vaga na equipe olímpica. Os sacrifícios e esforços pelo clube, pontuação e revezamentos vão gerar um stress tremendo, desnecessário e inútil.

Com certeza, não vai haver um só nadador de alto nível interessado em nadar as provas de revezamento. A disputa por pontos então, quem vai estar ligando para isso?

O Brasil tem um sistema diferente em relação a maioria dos grandes centros da natação mundial. Nosso sistema competitiva é todo voltado aos clubes, maiores investidores do esporte de alto nível no país. Este sistema clubístico valoriza e reconhece os atletas com suporte financeiro e condições muitas vezes não encontrada na maioria dos clubes internacionais pelo mundo afora. Estruturas como as oferecidas pelos principais clubes do país são impensáveis até mesmo nos melhores clubes americanos.

Mas seletiva olímpica é outro mundo. Tenho certeza de que Minas, Corinthians, Pinheiros, SESI-SP e Unisanta, maiores investidores da natação competitiva do Brasil, abririam mão de ter uma disputa clubística em 2016 para garantir a melhor qualidade e tranquilidade a seus atletas na busca de um espaço no time olímpico do Rio.

Duvido que qualquer clube fosse comemorar um título nacional e ficar de fora de ter seus melhores atletas na seleção olímpica do país. Pergunte a qualquer um dos treinadores, seus diretores e saiba o que seria mais importante: o título do Maria Lenk ou ter a maioria dos atletas na seleção do Rio 2016?

Falta pouco para isso ser aprovado. Falta os treinadores se organizarem, leveram a seus dirigentes e formalizarem isso a CBDA. A entidade nacional só poderia fazer algo neste sentido com o apoio maciço, senão unânime da comunidade aquática. E sabendo da importância disso, não está longe. Falta é formalizar.

Seletivas foram feitas para selecionar, quando se colocam provas em que não são classificatórias e ainda os revezamentos para completar, tira o foco dos atletas, alguns nadando com má vontade e gerando conflitos desnecessários, numa hora que tudo precisa ser priorizado para o alto nível.

O Teste Evento 2016 tem de ser na melhor piscina, nas melhores condições, no melhor ambiente de organização e estrutura.

Na minha carreira, tive em dois Jogos Olímpicos de Verão um de Inverno, quatro Mundiais de Longa, quatro Mundiais de Curta e dois Jogos Pan Americanos. Se eu fosse escolher a melhor competição que participei diria sem pensar: o USA Olympic Trials.

A seletiva americana é algo simplesmente fora do comum. Um evento de uma magnitude incrível, bem organizado, planejado e de uma beleza e emoção a flor da pele. A seletiva é tão boa, que só participar já vale a pena.

Estive em Omaha em 2012 e no processo de organização do evento foram descritas as duas prioridades ao se montar uma competição que reúne mais de dois mil atletas (o dobro do que a natação olímpica). A primeira delas é o fator técnico, onde  nadadores vão ter o que há de mais avançado na estrutura competitiva e todas as condições necessárias para a obtenção das suas melhores marcas. A segunda é segurança, garantindo uma atmosfera e uma condição de receber milhares de atletas, torcedores e mídia num ambiente saudável e sem qualquer problema.

Querendo ou não, o USA Olympic Trials precisa ser o modelo não só para o Brasil, mas para o mundo da natação competitiva. A coisa é tão voltada para o fato de poder representar o time olímpico que nem pódio as provas tem. O que interessa ganhar uma medalha, ainda mais se for de bronze, lhe deixando de fora da maior competição do planeta.

Por isso, a campanha está lançada. Vamos fazer nossa seletiva, e deixa o Maria Lenk bonito e reluzente para voltar com força total em 2017. Em 2016, a prioridade tem de ser o time olímpico.

5 respostas
  1. Marcelo Bastod
    Marcelo Bastod says:

    Concordo com o Gerbson. Apenas provas olimpicas, sem revezamentos e com pontuação generosa para as vagas dos jogos.

  2. Gerbson
    Gerbson says:

    Acredito que não seja necessário
    acabar com a disputa, e sim apenas mudar as provas e o foco da pontuação. Se é a classificação que importa, deixe apenas as provas olímpicas e faça a vaga valer mais pontos(como nos recordes sulamericanos, brasileiros,etc),por exemplo 100 pontos pra 1° vaga e 80 pra 2°, vagas pra revezamento uns 50 e reservas uns 30. Assim os clubes que tiverem mais atletas classificados terão vantagem pra ser campeão. Os revezamentos entre clubes pode ficar de fora dessa vez(mas não seria bom tornar rotina em todos os anos, pois o Maria Lenk é sempre classificatório pra algum evento importante)

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