Está em pleno andamento a Copa América de Futebol. talvez o evento esportivo de maior magnitude do continente neste ano. Os jornais, as emissoras de TV, as mídias sociais, tudo dando muito espaço e cobertura, ao evento que reúne 12 países em 23 dias de muito futebol em oito cidades do Chile.

Sonhar em ter um evento de tal dimensão em nosso esporte é algo longe, muito longe. Tão distante que merece um texto na Best Swimming.

Competições de natação se estendem por oito dias, é o máximo que se tem notícia. É o programa olímpico da natação, com suas eliminatórias, semifinais e finais. No futebol, um torneio como este, leva 23 dias, e um jogador, que chegar a final, vai jogar seis partidas.

Thiago Pereira no seu programa para o Pan serão oito provas, cinco individuais e três revezamentos. Vale lembrar que um jogo de futebol demora 90 minutos, e Thiago na sua maior prova, passa pouco mais de quatro minutos na água.

Os países da Copa América de Futebol foram divididos em três grupos, cada um com quatro seleções, se enfrentando entre si. Classificam-se as duas primeiras de cada grupo e as duas melhores terceira colocadas para fazer a próxima fase. Depois, vão se eliminando, até a final.

Na natação, nosso sistema é mais direto. Eliminatória e final, no caso do Pan Americano, eliminatórias, semifinais e finais para o Mundial e os Jogos Olímpicos.

O Chile recebe a Copa América de Futebol. São nove estádios em oito cidades diferentes. O país se prepara para receber os Jogos Sul-Americanos da Juventude em 2017 e no ano passado recebeu os Jogos ODESUR.

Para uma “Copa América” de natação, a piscina do Estádio Nacional seria o local ideal. Fica ali, do ladinho do Estádio Nacional, palco da abertura e do encerramento da Copa América. Reformada para o ODESUR, o local foi bastante elogiado no ano passado depois das modificadas que recebeu.

A Copa América da Natação teria o Brasil como favorito, afinal os Estados Unidos não estão entre os doze países que disputam o torneio de futebol. São 10 países da CONMEBOL (América do Sul) e dois convidados da CONCACAF (Caribe, América do Norte e Central).

Os donos da casa, o Chile, estreou vencendo na Copa América de Futebol. Bateu o Equador em 2×0 com gols de Vidal e Vargas. Na natação, ambos os países vivem de suas estrelas isoladas que brilham em piscina e nas águas abertas.

No Chile, Kristel Kobrich já foi até campeã panamericana e acumula quatro finais consecutivas dos 1500 livre nos Campeonatos Mundiais de Piscina Longa. O Equador também tem brilhado mais nas provas de fundo e na “Copa América” de natação teria os destacados Esteban Enderica e Samantha Arevalos. A dupla tem brilhado tanto nas provas mais longas em piscina onde nadam pelo Fluminense há três anos como nas águas abertas onde foram campeões sul-americanos este ano.

O México decepcionou empatando em zero a zero com a Bolívia. Se fosse na natação, seria ainda pior. Os mexicanos já foram até medalhistas em Jogos Olímpicos da natação, um ouro de Felipe Muñoz, campeão olímpico em 1968 nos 200 peito com 2:28.7. Mesmo sem viver a melhor das suas fases, comparar a natação do México com Bolíva não tem como. Os bolivianos dividem com o Uruguai o posto de piores do ranking da natação sul-americana.

Falando no Uruguai, mesmo com a proximidade territorial com Argentina e Brasil, e tendo o atual Presidente da FINA, Julio Maglione, como importante figura do esporte nacional, a natação uruguai está longe, muito longe do time de futebol. Atuais campeões da Copa América de Futebol e maiores vencedores da história, o Uruguai vive uma crise tremenda nos esportes aquáticos.

Na estréia, na busca do bi campeonato da Copa América, o Uruguai bateu a Jamaica, famosa por seus corredores e principalmente a sua estrela maior Usain Bolt. Na natação, existe uma estrela ascendente no esporte jamaicano. Eleita melhor atleta feminina do país no ano passado, Alia Atkinson brilhou no Mundial de Doha conquistando o título de campeã na prova dos 100 peito onde igualou o recorde mundial de Ruta Meilutyte. Uma pena que seja só ela. O absurdo é tão grande que o recorde da Jamaica nos 100 peito feminino é melhor até que no masculino, tanto em piscina longa como na curta.

A Argentina tem Lionel Messi, apontado por muitos como o melhor jogador de futebol do mundo. Na natação, o país já teve um ouro com Alberto Zorrila nos 400 livre dos Jogos Olímpicos de 1928, uma prata com Jeanette Campbell nos 100 livre dos Jogos Olímpicos de 1936 e um bronze com Georgina Bardach na Olimpíada de 2000 em Sydney. Os argentinos ainda podem celebrar o título mundial em piscina curta de José Meolans nos 50 livre em 2002. Nada que se compare a Messi, nem Maradona e talvez uma lista de outros craques de um país que já foi duas vezes campeão da Copa do Mundo e tem 14 títulos de Copa América, um a menos do que o Uruguai.

Na natação atual, a Argentina vive uma fase de re-estruturação. Depois de ser o maior adversário do Brasil na América do Sul, os argentinos perderam o status primeiro para a Venezuela, e mais recentemente, para a Colômbia. No ano passado, com a ausência dos dois adversários no Sul-Americano, a Argentina brilhou na competição em Mar del Plata. O maior nome dos argentinos na atualidade é Federico Grabich, que por acaso nasceu em Casilda, a mesma cidade do treinador da Seleção Chilena de Fuitebol, Jorge Sanpaoli.

Na Copa América de Futebol, os argentinos foram surpreendidos pelo Paraguai. Na natação, os paraguaios são os emergentes sul-americanos. Há pouco tempo o país não tinha nenhuma piscina olímpica e vivia de resultados esporádicos. Agora, são duas piscinas olímpicas cobertas, além de ter o novo Presidente de CONSANAT, Carlos Orihuela, Ben Hockin fez história ao ganhar a primeira medalha do Paraguai na natação dos Jogos Pan Americanos. É nele que estão as maiores esperanças de resultados do país.

Se a Venezuela bater a Colômbia por um a zero na Copa América de Futebol foi zebra, na natação, não é. Os venezuelanos são a segunda força da natação sul-americana, há um bom tempo. No masculino, Albert Subirats campeão e recordista sul-americano , também já foi campeão mundial em piscina curta. No feminino, Andreina Pinto, esta detentora dos recordes sul-americanos de 400 e 800 livre. Os dois foram os maiores destaques e medalhistas dos Jogos ODESUR no ano passado.

A Colômbia de James Rodriguez, Falcão e outras estrelas do futebol tem mais retrospecto que a natação colombiana. Carolina Colorado no feminino, Jorge Murillo e Omar Pinzon no masculino são nomes de referência, mas não comparáveis ao perfil do time de futebol. Pinzon é o único que detém um recorde continental, nos 200 costas, aliás, dois, pois tanto em piscina curta como em longa as marcas são suas.

Para fechar, Brasil 2×1 no Perú. Peruanos que gostam de treinadores estrangeiros. No futebol com o argentino Ricardo Gareca, na natação com o brasileiro Reinaldo Dias, radicado há um bom tempo por lá, e que agora é o novo diretor técnico da federação.

Se no futebol, Paolo Guerrero é a grande atração, a esperança dos peruanos na natação é o jovem Mauricio Fiol. Com 21 anos de idade, Fiol se sagrou campeão sul-americano dos 200 borboleta no ano passado e vai em busca da sua segunda Olimpíada no Rio. Em 2011, nadando em casa, no Mundial Júnior conseguiu chegar as semifinais dos 100 borboleta.

E o Brasil? De César Cielo, de Bruno Fratus, de Etiene Medeiros, Thiago Pereira ou Joanna Maranhão? Não, apenas Neymar, é o suficiente. Se não é o maior jogador de futebol do mundo, está entre eles, e com certeza, o de maior visibilidade do futebol e entre os maiores esportistas do planeta.

Para quem leu até aqui, já pode identificar que o sonho de comparar uma Copa América de Futebol com uma disputa de natação não é um sonho, e sim um pesadelo. Os sul-americanos tem muito mais tradição, dão muito mais atenção e prestígio ao futebol.

Para fechar, o negócio é deixar a comparação de lado e seguir torcendo pela Seleção do Dunga, bem nesta eu acho que os treinadores Albertinho e Vanzela me parecem bem mais simpáticos que o sisudo treinador de futebol da nossa seleção.

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