Tem atletas que entram para a história pelos seus recordes, outros suas medalhas, mas a chinesa Shiwen Ye ficou muito mais famosa pelo seu parcial. Os últimos 100 metros de crawl do ouro olímpico de Londres nos 400 medley com recorde mundial merecem um capítulo especial na história do esporte e principalmente dos Jogos Olímpicos.

O pódio olímpico de 2012

O pódio olímpico de 2012

Naquele 28 de julho de 2012, Shiwen Ye assombrou o mundo fechando os últimos 100 metros em 58.68 quase quatro segundos mais rápido que a vice campeã olímpica, a americana Elizabeth Beisel que liderava a prova até os 300 metros.

Shiwen Ye nasceu em Hangzhou, província de Zhejiang, mesma cidade de Sun Yang, no dia 1o de março de 1996. Baixinha, gordinha, sempre foi assim, e sempre nadou as provas de medley.

Conhecendo Shiwen Ye em photoshoot da Speedo recentemente. 

Aos 14 anos de idade, fez a sua estreia na seleção principal no Mundial de Piscina Curta de Dubai em 2010. Saiu de lá com duas medalhas de prata, nos 200 e 400 medley.

Seu primeiro Mundial de Longa também foi positivo. Foi em Shanghai 2011, um ano antes da Olimpíada quando terminou com um ouro nos 200 medley (2:08.90) e um quinto lugar na prova dos 400 medley (4:35.15).

Quando chegou a Londres, Shiwen Ye já era uma boa nadadora, já era campeã mundial, mas ainda ocupava a terceira posição do ranking mundial com 4:33.68 nos 400 medley dos Jogos Nacionais da China do ano anterior.

Nas eliminatórias, ela venceu sua série e entrou para a final com 4:31.73, sua nova melhor marca pessoal, cinco centésimos atrás da americana Elizabeth Beisel, líder e favorita para o título.

Ye Shiwen

Na final, a chinesa abriu o borboleta em quinto lugar com 1:02.19. A líder era a húngara Katinka Hosszu que ainda manteve a frente até o final do costas. Shiwen Ye ganhou duas posiçnoes no costas virando em terceiro para o peito. Foi neste parcial que aparece a americana Beisel, que começou em oitavo o borboleta, estava em segundo no costas e já na frente nos primeiros 50 metros de peito.

Na virada dos 300 metros, Beisel 3:28.94, Ye em segundo com 3:29.75. Estes 81 centésimos viraram pó já nos primeiros 50 metros do parcial final. Ye virou os primeiros 50 metros em 29.75 contra 31.52 de Beisel. Na volta, ainda mais forte, Ye 28.93 contra 30.81 de Beisel.

Placar final, Shiwen Ye campeã olímpica e recordista mundial com 4:28.43, Elizabeth Beisel numa distante prata de 4:31.27, quase três segundos atrás.

Muito se falou, muito se comentou. Um dirigente americano, John Leonard da ASCA, foi mais além, fez fortes acusações contra a nadadora. “É impossível não estar dopada” dizia Leonard que foi veemente condenado pela imprensa internacional.

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Dois dias depois do ouro nos 400 medley, veio a vitória nos 200 medley. Na entrevista coletiva, a americana Caitlin Leverenz, medalhista de prata da prova, interrompeu os jornalistas dizendo que achava um absurdo todas as perguntas serem relacionadas a doping quando uma nadadora acabara de se tornar campeã olímpica pela segunda vez.

A coisa foi tão séria que até mesmo um dirigente do controle anti-dopagem deu entrevista para anunciar que seu exame anti-doping havia dado limpo, medida que não é nada comum.

Shiwen Ye fechou com 58.68, o mais incrível e forte parcial de crawl da história de uma prova de 400 medley feminino. A marca não ficou muito longe do que Ryan Lochte fez para levar o ouro em Londres fechando com 58.65, apenas três centésimos de diferença.

Shiwen Ye foi mais rápida que Ryan Lochte nos últimos 50 metros em Londres. 

https://www.youtube.com/watch?v=EPd5ENAEXp8

O tempo de Ye é impressionante comparados até mesmo com o seu retrospecto. Quando foi quinta colocada no Mundial de 2011 em Shanghai, ela fechou com 1:02.04. Nas eliminatórias de Londres, seu parcial 1:01.77.

Revolta de Shiwen Ye sobre as acusações de doping. 

Nem mesmo depois de Londres, com a glória e a fama de campeã olímpica e recordista mundial Shiwen Ye conseguiu superar, igualar, nem mesmo chegar perto destes 58.68.

No Mundial de Barcelona em 2013, ela ficou em sétimo lugar nos 400 medley fechando os últimos 100 metros para 1:02.61. No Mundial deste ano em Kazan, nem passar das eliminatórias ela conseguiu. Ficou em 15o lugar e o parcial final foi de 1:04.28.

Ao lado da sua imagem de cera no Museu Madam Tussauds

Ao lado da sua imagem de cera no Museu Madam Tussauds

O peso, não da medalha olímpica ou do recorde mundial, o peso corporal tem sido o maior inimigo de Shiwen Ye. Em Kazan, era notório que estava acima do peso. Segundo a imprensa chinesa, ela nadou com um calcanhar fraturado. Uma dor antiga, mais de um ano de lesão, em fratura que só foi identificada após o Mundial.

Agora é recuperação. A seletiva chinesa está marcado para Koshan na província de Guangdong de 3 a 10 de abril. Lá, Shiwen Ye vai tentar garantir a sua vaga no time olímpico da China e no Rio 2016 tentar, mais uma vez, provar que aquele parcial não foi um acidente, nem manchado pelo doping.

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Veja a prova completa do ouro olímpico de Shiwen Ye clicando aqui.

Na série da Best Swimming

#1 Therese Alshammar 

#2 Laszlo Cseh 

#3 Adam Peaty 

#4 Nathan Adrian

#5 Ruta Meilutyte 

 

Na próxima semana: James Magnussen, Austrália

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