Brasil e Estados Unidos têm vários duelos que acontecerão nesta semana no Arena Pro Swim Series em Orlando, na Flórida. Tais confrontos são enriquecidos ainda mais por uma recente história de rivalidade e resultados expressivos.

Pouca gente sabe disso, mas não tem nenhum país estrangeiro que tenha vencido mais que o Brasil as provas de velocidade de crawl na Divisão I do NCAA. E não é por pouco, é de longe.

Os nadadores brasileiros acumulam um total de 16 títulos do NCAA nas provas de 50, 100 e 200 jardas livre. O país que chega mais perto do Brasil é a África do Sul com apenas seis títulos.

borges1

Se considerarmos apenas desde a primeira vitória brasileira com Gustavo Borges em 1992 quando venceu as provas de 100 livre com 42.95 e os 200 livre com 1:34.66, são 24 vitórias americanas contra 16 brasileiras.

Esta tradição em jardas dos velocistas brasileiros é enriquecida com outros números. Gustavo Borges é o único nadador da história do NCAA a vencer os 200 livre por quatro anos consecutivos. João de Lucca foi o único a vencer os 100 e 200 livre na mesma temporada repetindo um feito que não acontecia há 19 anos, desde a era Gustavo Borges.

10724636-large

Nos tempos os nadadores brasileiros também figuram em destaque na disputa das competições universitárias do NCAA. Cesar Cielo perdeu o recorde dos 50 livre, mas segue como o segundo melhor da história na prova com 18.47. Marcelo Chierighini é o 12o All time com 18.85. Nas 100 jardas livre, Cielo também é o segundo mais rápido da história, desta vez não é atrás do americano Caeleb Dressel, e sim do russo Vlad Morozov que lidera com 40.76 contra 40.92 de Cielo. Marcelo Chierighini é o sétimo da história nos 100 livre com 41.46 e João de Lucca o 14o com 41.70.

João-de-Lucca

Nas 200 jardas livre, João de Lucca é o terceiro mais rápido da história com 1:31.20, mas o mais rápido dos atletas em atividade. Na sua frente, o britânico Simon Burnett e o americano Ricky Berens, ambos já aposentados.

Estes números positivos nas piscinas de jardas também se repetem nas piscinas de 50 metros. Cesar Cielo ainda é o recordista mundial dos 50 e 100 livre. Nos 200 livre, dos nadadores que vão estar em Orlando, ninguém nadou tão rápido quanto o campeão panamericano da prova, João de Lucca e seus 1:46.42 de Toronto no ano passado.

Esta briga promete. Pela ordem das provas em Orlando, os 200 livre acontecem na primeira etapa. É logo a prova de abertura da competição. João de Lucca balizado com o melhor tempo (1:46.42) seguido pelo americano Conor Dwyer que está com 1:46.45, tempo feito no Pan Pacífico de 2014. Dwyer já nadou três vezes na casa dos 1:45 e seu melhor é do Mundial de Barcelona em 2013 com 1:45.32. No ano passado, o melhor de Dwyer foi 1:46.62 feitos no Campeonato Americano de Inverno em dezembro.

Depois de João de Lucca e Conor Dwyer, aparece o russo Nikita Lobintsev balizado com 1:46.76 e o braisleiro Nicolas Oliveira, são apenas estes quatro nadadores com marcas abaixo dos 1:47.

A próxima batalha entre brasileiros e americanos acontecerá no segundo dia de competição com os 50 livre. São seis nadadores que aparecem com marcas abaixo dos 22 segundos, três americanos (Nathan Adrian, Caeleb Dressel e Josh Schneider), dois brasileiros (Bruno Fratus e Cesar Cielo) e o sul-africano Bradley Tandy.

O equilíbrio é tão grande que Nathan Adrian e Bruno Fratus estão balizados com o mesmo tempo, 21.37. A marca é recorde americano feito por Adrian na semifinal do Mundial de Kazan no ano passado. É a melhor marca pessoal de Bruno Fratus feitos na abertura do revezamento 4×50 livre no Open em dezembro passado.

Pan Pacífico 2014

Pan Pacífico 2014

Mundial de Kazan 2015

Mundial de Kazan 2015

Vale lembrar que Fratus venceu o Pan Pacífico em 2014 com Nathan Adrian em segundo e no Mundial de Kazan do ano passado Adrian devolveu batendo Fratus na chegada levando a prata enquanto o brasileiro ficou com o bronze.

Cielo aparece balizado com os 21.39 feitos no Maria Lenk de 2014, é o terceiro no balizamento. Caeleb Dressel aparece em quarto com 21.53, tempo que lhe deu o título americano no ano passado. Josh Schneider é o quinto com 21.80, marca feita na Copa do Mundo de Moscou em agosto do ano passado.

O Brasil ainda tem outras figuras de destaque, Italo Duarte (22.08), Matheus Santana (22.16), Walter Lessa (22.17), Marcelo Chierighini (22.17), Alan Vitória (22.23) e Henrique Martins (22.24).

A batalha final é os 100 livre, acontece no sábado, último dia de competição. Tem Michael Phelps balizado com o melhor tempo com seus 47.51 feitos na abertura do revezamento olímpico de 2008. Phelps nadou três vezes na carreira abaixo dos 48 segundos, todas na era dos trajes. Seu melhor na era pós-trajes é 48.08 abrindo o revezamento do Mundial de Shanghai em 2011.

Depois de Phelps, Nathan Adrian, atual campeão olímpico da prova aparece balizado com 48.05. Marca esta feita no Mundial de Shanghai em 2011. Adrian já nadou seis vezes na casa dos 47 segundos e a melhor foi no título olímpico em Londres em 2012 com 47.52.

Quebrando a sequência de Estados Unidos e Brasil, o argentino Federico Grabich, campeão panamericano da prova e medalhista de bronze no Mundial de Kazan é o terceiro com seus 48.11. Depois vem uma sequência de cinco brasileiros: Cesar Cielo 48.13, Matheus Santana 48.25, Marcelo Chierighini 48.27, Nicolas Oliveira 48.41 e Bruno Fratus 48.57.

Na prova, dos 16 melhores tempos, 15 são abaixo dos 49 segundos, e são oito brasileiros (Cesar Cielo, Matheus Santana, Marcelo Chierighini, Nicolas Oliveira, Bruno Fratus, João de Lucca, Henrique Martins, Alan Vitória) contra cinco americanos (Michael Phelps, Nathan Adrian, Josh Schneider, Caeleb Dressel, Matt Greevers).

O melhor brasileiro nos 100 livre no ano passado foi Marcelo Chierighini, 11o do mundo com os 48.27 que fez no Mundial de Kazan. O melhor americano em 2015 foi Nathan Adrian, 13o do mundo com 48.31, marca também feita em Kazan.

AAEAAQAAAAAAAAN7AAAAJDI0M2FjMTZhLTFmODMtNGMwOC1iNmZiLWZkNDFhOWUyOTgxYw

Caeleb Dressel, nova sensação da velocidade americana, aparece balizado com 21.53 quarto tempo nos 50 livre e em 12o nos 100 livre com 48.78, ambas as marcas feitas no Campeonato Americano de agosto do ano passado quando Dressel conquistou seus dois primeiros títulos nacionais.

Matheus Santana. Jogos Sul-Americanos ODESUR, finais da natacao no Centro Aquatico Estadio Nacional. 10 de Marco de 2014. Santiago, Chile. Foto: Satiro Sodre/SSPress

Matheus Santana. Jogos Sul-Americanos ODESUR, finais da natacao no Centro Aquatico Estadio Nacional. 10 de Marco de 2014. Santiago, Chile. Foto: Satiro Sodre/SSPress

Um interessante duelo vai ser entre Dressel e Matheus Santana. Os dois tem a mesma idade, nasceram em 1996, e estão com 19 anos. Dressel foi campeão mundial júnior dos 100 livre em Dubai 2013 quando Matheus não pode participar da competição por conta de um problema de saúde. Na época, Matheus estava com as taxas alteradas e, por conta de sua diabetes, foi retirado da competição por precaução.

O duelo Dressel X Matheus já aconteceu no ano passado. Foi no Arena Pro Swim Series de Charlotte na Carolina do Norte. Matheus foi melhor, terminou em 14o lugar nos 100 livre com 50.08 e Caeleb Dressel ficou longe de chegar a uma final com modestos 52.49.

No ano passado, Matheus terminou a temporada com o 21o tempo do mundo com 48.52 contra a 34a posição do ranking mundial de Caeleb Dressel e seus 48.78.

Números que ilustram e que demonstram o equilíbrio e as belas disputas que vamos ter neste confronto de rivalidade em pleno ano olímpico de olho no Rio 2016.

2 respostas
  1. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    Coach, o que falta para o Matheus nadar para 47??? Já está na hora!!! O mlk tem talento. Acho que ele tem que ajustar melhor a prova. Ele está passando muito devagar. Depois, fica difícil recuperar nos 50 metros finais. Tem a ver com a diabetes???

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário