Autor • Plínio Rocha
Fonte • Best Swimming

 

 

Dá para dizer que Flavia Delaroli foi finalista olímpica. E ela foi, mesmo. Em Atenas-2004, nos 50m livre, terminou em oitavo. E chorou como nunca, de alegria, porque sabia que havia conseguido um feito extraordinário. Podia ser extraordinário para ela, e só para ela. Que fosse. Tinha todo o direito de ir ao céu e voltar.
 
Dá para dizer que ela ganhou seis medalhas em Jogos Pan-Americanos. Faltou o ouro? Não, sobraram as pratas e os bronzes. Há de se valorizar as conquistas, dizem. Que se faça isso, pois.
 
Delaroli foi uma das maiores nadadoras da história do país. A natação feminina não tem o brilho da masculina, nunca teve, sabemos disso. E talvez nunca tenha, por motivos diversos. Vai depender, como sempre, de um talento aqui, outro ali. Por isso, cada conquista, cada resultado são comemorados.
 
Mais do que isso, há de se vibrar quando alguém aparece. E ela apareceu. Principalmente pela pessoa que sempre foi. A mineira sempre tratou dos assuntos da maneira que deviam ser tratados. Quando ia ao pódio, falava sobre isso. Quando não ia, falava do mesmo jeito. Não fugia. Não punha desculpas, mas dizia se tinha treinado pouco ou muito. Dizia que as adversárias eram melhores, paciência. Não era o óculos que encheu de água, o maiô que rasgou. Era o que tinha sido.
 
Delaroli fez bem à natação brasileira. Criou rivalidades. Ganhou e perdeu, dentro e fora das piscinas. Teve o que pôde ter, talvez nem tanto o que e quanto merecia ter. Tentou brigar, quando achou que dava. Nem sempre foi vitoriosa, nesse aspecto, nunca dá para ser em todas as vezes, principalmente quando outros interesses estão em jogo.
 
Tudo na vida é um ciclo. Começa e termina. O dela na natação está terminando. Vai nadar mais um Mundial de curta, na Turquia, no 4 x 100m livre. Sabe o que pode esperar, mas não está tão preocupada assim. Melhor será ficar com a última imagem. E qual foi a última imagem, você vai perguntar? A do lugar mais alto do pódio, nos 100m medley, no Open de 2012? Sim, essa é boa, terminar vencendo é sempre bom.
 
A última imagem, no entanto, tenho certeza, será a da arquibancada toda do complexo de Guaratinguetá de pé, aplaudindo por minutos, sem parar, quando ela estava recebendo a medalha. Quando olhou para os lados, Flavia viu amigos, companheiros, conhecidos. Mas viu, principalmente, pessoas que sabiam o que ela havia significado para a natação brasileira. Bater palma, naquele momento, pelo motivo que estava sendo visto por todos, era a homenagem mais sincera que podia ter recebido.
 
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Plínio Rocha é editor do Diário de S.Paulo e assina a coluna Na Raia na Best Swimming desde 2007
5 respostas
  1. Coach Juma
    Coach Juma says:

    Minha querida amiga “Frávia”!!!
    Quantas histórias, quantos momentos, risadas, lágrimas,… Te conheço há 13 anos e me orgulho e muito de tê-la presente na minha vida pessoal, de atleta e técnica. Obrigada 😉 e te desejo muitas alegrias e mais conquistas nessa nova fase que se inicia. Bjão

  2. Éder Luiz Martins
    Éder Luiz Martins says:

    plínio queria pedir um favor de fã: Hj se retirou das piscinas “Lethal” Liesel Jones. Se não for pedir muito escreva algo sobre. abs
    Éder Luiz

  3. Rodrigo G
    Rodrigo G says:

    Plinio, belo texto-homenagem à Flávia Delaroli. A última entrevista dela no Open foi incrível. Ela disse coisas que aproximou todos aqueles que amam este esporte independente do status que atingiram nele.

    Agora é torcer pra que não demore muito a surgir uma nova Flávia e desejar que a “velha” Flávia seja muito feliz na sua vida “pós-natação”.

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