O atraso não foi bem explicado, o mau tempo alegado não justifica, era apenas uma chuva de baixa intensidade. A verdade é que os 44 minutos de atraso para o início da prova mudou um bocado na parte estratégia dela. Primeiro perdemos a transmissão ao vivo do SporTV que tinha outros programas na grade de horário. A mudança de horário de início também determinou uma modificação na corrente. Os nadadores tiveram a primeira parte da prova nadando contra a maré mas voltavam a favor dela.
A prova masculina foi mais equilibrada e teve alternância de posições. Allan do Carmo foi sempre o melhor brasileiro chegando a ocupar a segunda posição da prova. No final, estava na briga pelos primeiros lugares mas deu uma bobeada no pórtico de chegada. Se tivesse acertado a mão estaria no pódium que faltou ao Brasil. Aliás, Allan sempre foi o melhor brasileiro desde que a Travessia Renata Agondi virou internacional. Mesmo no ano passado, na sua pior colocação, 22o lugar, ainda foi o melhor brasileiro. Em seis anos de disputa, Allan subiu ao pódium duas vezes em terceiro lugar.
Ele junto com Diogo Villarinho do Minas serão os representantes do Brasil no Mundial de Barcelona na prova dos 10 quilômetros. Diogo conseguiu bater Luis Rogério Arapiraca na parte final da prova. Ambos fizeram uma prova equilibrada e por grande parte da disputa estiveram no primeiro pelotão. Villarinho fechou melhor e levou a vaga para o seu primeiro Mundial.
Arapiraca que não quer deixar as provas de piscina, ainda vai tentar a prova dos 5 quilômetros na seletiva que acontecerá em Porto Belo, Santa Catarina.
O francês Romain Beraud campeão de Santos, fez a prova da sua vida. Ele já havia nadado em Santos no ano passado chegando em quarto lugar. Esta foi apenas a sua terceira prova em Copas do Mundo, ele que terminou em oitavo em Cancún no ano passado. No Europeu de Águas Abertas ficou em sétimo lugar na prova dos 5 quilômetros.
Se a prova masculina foi decidida na batida, a feminina já tinha uma vencedora na penúltima volta. A americana Emily Brunemann surpreendeu a todos com o ritmo forte que lhe garantiu a vitória com facilidade.
Aos 26 anos de idade, Brunemann venceu sua terceira prova de Copa do Mundo. As anteriores haviam sido em 2011 em Hong Kong e Shantou na China. A nadadora americana treina na Universidade de Michigan e aplicou um ritmo muito forte nas duas últimas voltas. A impressão que dava era de que não iria segurar até o final.
A vitória americana ficou ainda mais consagrada com o segundo lugar alcançado por Eva Fabian. Foi a terceira vez que aconteceu uma dobradinha na Travessia de Santos. As duas anteriores foram em 2009 quando os italianos Simone Ercoli e Luca Ferretti levaram no masculino e nossa dupla brasileira Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto fizeram a festa.
Entre as brasileiras, Poliana Okimoto foi a melhor classificada, chegando pouco a frente de Ana Marcela Cunha. Ambas se garantiram para o Mundial de Barcelona.
Poliana nadou sempre no pelotão da frente. Chegou a passar a primeira volta na segunda posição. A estratégia era ganhar a confiança um tanto abalada após o resultado dos Jogos de Londres.
Ana Marcela fez uma estratégia diferente. Chegou a estar um pouco atrás nas primeiras voltas, um pouco estranho para a sua estratégia normal. Ao final da prova conseguiu emparelhar com o primeiro pelotão e reclamou de algumas pancadas durante a disputa. Por várias vezes se viu Ana Marcela ajeitando a touca durante a prova.
Uma decepção muito grande com a participação da húngara Eva Ristov. Campeã olímpica em Londres, fazia sua primeira prova desde então, e um tanto acima do peso e fora de forma acabou parando e saindo da disputa.
O alemão Thomas Lurz também não era o “mais feliz do dia”. Estava no pelotão da frente e segundo a arbitragem, tocou o barco durante a hidratação. A falta é grave e levou cartão vermelho. O nadador e toda a delegação alemã protestaram muito com a penalização. Lurz venceu a prova de Santos em 2011 e foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres.
Sem sorte também estavam os japoneses. O nível da equipe não era das melhores e acabaram protagonizando dois incidentes na prova. Um deles logo na primeira volta. O nadador acabou se chocando com um caiaque que lhe acompanhava. Bateu de cabeça e chegou a perder o óculos na batida. O outro foi uma pancada recebida por outro nadador. Acabou saindo da prova de maca mas sem grandes lesões ou cuidados especiais.
Festa na praia não faltou. Mesmo com o tempo nublado e até mesmo os pequenos chuviscos, uma boa quantidade de pessoas assistiu a disputa, mais pelo telão do que visualmente pois a prova não tem boa visibilidade da areia. No telão, a transmissão da TV Santa Cecília.
Entre os torcedores, 134 atletas do SESI-SP que terminaram o Training Camp de abertura da temporada e desceram a serra para torcer por seus companheiros de equipe.
A prova marcou a utilização dos chips eletrônicos pela primeira vez. E mesmo assim, os resultados não saíram. Os chips não receberam muitos elogios dos participantes já que colocados nos pulsos deixavam arestas de fora o que inclusive causou alguns ferimentos em atletas. O pior de tudo é ter uma prova com apenas 95 nadadores e não conseguir fornecer os resultados mesmo com toda a cronometragem eletrônica.
Santos organizou a mais forte prova da sua história. Mesmo assim, ainda há coisa para melhorar para esta prova que virou tradição e atrai a cada ano mais atrações internacionais.
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