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O teste positivo de um nadador de 13 anos de idade na natação brasileira deixou a todos perplexos. Tanto nossa comunidade, como uma péssima repercussão internacional que mantém uma reputação nada positiva para o nosso esporte lá fora. Afinal, são 11 anos consecutivos com pelo menos um caso positivo na natação brasileira.

A Best Swimming sai em busca de uma melhor educação da nossa comunidade. Para isso, foi escutar a nutricionista Marcella Amar, graduada na Universidade do Tennesse nos Estados Unidos e com diplomas revalidados pela UFRJ e UniRio. Mais que isso, Marcella Amar foi integrante da Seleção Brasileira de Natação por mais de 15 anos, com parcipação em Jogos Pan Americanos, Campeonatos Mundiais, Copas Latinas, Copas do Mundo e mais de 20 recordes nacionais e cariocas batidos. Marcella Amar ainda teve a experiência de atuar no NCAA, onde defendendo a Universidade do Tennessee chegou a disputar o Campeonato Nacional da Primeira Divisão.

Mais de 15 anos na Seleção Brasileira para a Dra. Marcella Amar

Mais de 15 anos na Seleção Brasileira para a Dra. Marcella Amar

Atualmente, Marcella dá assistência a diversos atletas de elite do esporte nacional, incluindo a maratonista Poliana Okimoto, campeã mundial e melhor atleta olímpica do Brasil em 2013.

Best Swimming – O profissional da nutrição foi adicionado as equipes multidisciplinares dos principais clubes do país e também junto aos atletas de elite do esporte nacional. Onde você identificou maiores problemas do atleta em sua dieta básica?

Marcella Amar – De forma bem genérica, poderia citar muitos casos de mal absorção de nutrientes, não pela ingestão, mas pela capacidade de absorção no momento em que os exames foram feitos, mas na minha opinião, o uso de alguns suplementos de maneira excessiva.

BS – Doping é doping, suplementação é suplementação. Entretanto, quase todos os atletas que testam positivo, as justificativas quase sempre são ligadas a contaminação na suplementação. Isso é verdade?

MA – Hoje em dia existem várias maneiras de se tornar a suplementação mais segura. O que poderia dizer seria que tento fazer o máximo para minimizar os riscos. Normalmente, envio amostras dos suplementos que vão ser utilizados pelos atletas em competição para serem testados em laboratórios tercerizados. É um procedimento mais caro, mas que salva muita dor de cabeça mais para frente. O que também pode ser feito é procurar por laboratórios que testam seus suplementos por lote. Isso já é prática comum, ou seja, ao fornecer o lote do produto em sessões do mesmo e no próprio site, o laboratório disponibiliza o laudo de pureza. São produtos que tem um custo mais alto, mas vale a pena. Ainda existem empresas tercerizadas que são contratadas pelos laboratórios para inspecionar suas dependências duas vezes por ano e também testar as amostras especificamente para substâncias proibidas pela WADA. Estas empresas emitem selos que podem ser encontrados nos rótulos dos produtos.

BS – E um contacto direto com os laboratórios é possível?

MA – Com certeza. Laboratórios que são mais cuidadosos normalmente respondem diretamente por escrito dizendo que o produto pode ser utilizado para quem está sujeito a testagem antidoping. Sempre ajuda pesquisar a linha de produção do laboratório para ver se há alguma coisa proibida, algum contaminante em potencial.

BS – Suplementação é coisa boa, e importante, mas você não vê uma certa hiper valorização do suplemento, muitas vezes em detrimento da própria alimentação que é básica e fundamental.

MA – O que posso dizer da minha experiência é que acontece sim. Na minha opinião o principal seria mapear através de exames e uma boa anamnese o que há de carências e tentar ajudar para que o processo de recuperação entre as sessões de treino possam acontecer de forma mais fácil. O que muitas vezes acontece é suplementação excessiva sem respaldo de exames.

BS – Algum atleta pode chegar ao alto nível de performance sem suplementação?

MA – Pode sim, dentre os atletas ao qual tive a honra de trabalhar, vários utilizavam suplementação básica como proteína e repositores apenas.

BS – Qual idade você identifica como a mais adequada para o início da suplementação?

MA – Eu como atleta só iniciei o uso de suplementos aos 17-18 anos. Na minha opinião, de forma geral, e de acordo com a carga de treino, não antes dos 16-17 anos.

BS – E que tipo de benefício o nutricionista pode trazer sendo inserido neste processo?

MA – Eu acredito que o nutricionista possa, junto com os demais integrantes da equipe multidisciplinar, ajudar de várias formas como por exemplo prescrever dieta/suplementação adequada, personalizada, já que cada atleta é único. Fornecer informações aos outros membros da equipe técnica de modo que não só fique mais fácil para o atleta ter uma melhor recuperação/performance, mas também ficque fácil para o técnico, por exemplo, saber naquele momento qual a situação metabólica do atleta.

BS – E como ex-atleta da Seleção Brasileira, amante do esporte que você é, como você vê os constantes casos de doping na natação brasileira, e que tipo de sugestão você teria para que isso pudesse ser evitado?

MA – Claro que fico triste. Acho que todos nós, que de alguma forma fizemos parte deste processo, sentimos. Na minha opinião existem vários pilares que precisam ser olhados com cuidado. A necessidade do uso de alguns suplementos de acordo com o perfil individual de cada um. Não existe fórmula mágica ou receita de bolo. Precisamos isso sim é aumentar o cuidado com todo este processo. Certificar que os produtos a serem utilizados são adequados, se as substâncias contidas no mesmo são permitidas pois muitas vezes o corpo metaboliza uma substância que não está lá por escrito na lista da WADA em matebólito proibido.

BS – E se não souber ou não idenficar?

MA – Não é vergonha alguma colocar por escrito as perguntas e enviar as autoridades anti-doping. Para muitos, realisticamente falando é difícil enviar cada suplemento para análise, pode ser um pouco mais difícil trocar o suplemento da moda por outro que tenha o selo de inspeção ou que já seja analisado por lote, mas compensa.

A Dra. Marcella Amar é nutricionista no Rio de Janeiro, autora do livro “Dieta Seca-Barriga” escrito junto com a Dra. Heloisa Rocha e Revista Boa Forma.

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