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A data é inesquecível para a natação argentina. No dia 8 de agosto do distante 1928, Victoriano Alberto Zorrilla venceu a primeira e única medalha de ouro da história do país na natação olímpica vencendo a prova dos 400 livre dos Jogos de Amsterdam em 1928.

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Zorrilla venceu com 5:01:6 batendo o então recorde olímpico e deixando o australiano Andrew Charlton em segundo com 5:03:6. O herói argentino ainda nadou a prova dos 1500 livre onde ficou em quinto lugar e os 100 livre terminando na sétima colocação além de partciipar do revezamento 4×200 livre argentino que não passou das eliminatórias.

O ouro dos 400 livre veio numa disputa onde o sueco Arne Borg e o australiano Andrew Charlton era favoritos e donos de vários recordes mundiais. O recorde mundial era de Borg com 4:50:3 feitos em 1925 em Estocolmo na Suécia e o recorde olímpico era de Johnny Weissmuler com 5:04:2 dos Jogos anteriores em 1924.

Nas eliminatórias dos 400 livre, Zorrilla nadou para 5:19:2 vencendo a sua série, mas bem atrás do tempo de Borg na série seguinte com 5:09:6. Na semifinal da prova, Zorrilla voltou a ganhar a série com 5:11:4 batendo Charlton em segundo com 5:13:6. Na série seguinte, Borg fazia o melhor tempo novamente, 5:05:4.

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Na final, Borg e Charlton estiveram na ponta desde o início, enquanto Zorrilla um pouco mais atrás junto do americano Clarence Crabbe que viria ser o famoso Flash Gordon no cinema.Foi nos últimos 50 metros que Zorrilla assumiu a liderança para vencer com 5:01:6 e estabelecer novo recorde olímpico. Charlton chegou em segundo e Borg em terceiro. Crabbe foi o quarto.

Zorrilla de Oro como era conhecido nasceu em Buenos Aires no dia 6 de abril de 1906. Viveu quase toda a vida nos Estados Unidos para onde se mudou com 21 anos. Assumiu a cidadania americana em 1954. Faleceu aos 80 anos em Miami em 2006 onde vivia com a família. Foi o primeiro sul-americano campeão olímpico tendo participado dos Jogos de 1924 em Paris, 1928 em Amsterdam e 1932 em Los Angeles. Nestes últimos, foi o porta-bandeira da delegação argentina no desfile de abertura.

Nestes Jogos, os argentinos viveram um drama em Los Angeles pela crise financeira da época. Sem fundos para treinamentos e com a preparação comprometida, Zorrilla acabou sendo um dos porta-vozes do grupo. Sua não participação nos 400 livre teve duas versões. Uma indicando que ele fez isso em protesto, outra informando que estaria doente.

Na Argentina, nadava no Gymnasia y Esgrima de Buenos Aires e posteriormente defendeu o New York Athleteic Club nos Estados Unidos. Atleta versátil também praticou boxe, remo, pólo aquático, atletismo e até aviação esportiva tendo pilotado alguns aviões durante a Primeira Guerra Mundial. Zorrilla também era um reconhecido dançarino chegando a participar do Campeonato Europeu de Baile de Salão ainda durante a sua carreira de nadador olímpico. Um dos mais importantes parque aquáticos da Argentina, o Parque Municipal de Esportes em Mar del Plata leva o seu nome.

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Os argentinos voltaram a subir no pódio olímpico nos Jogos de 1936 em Berlim. Jeannette Morven Campbell foi prata nos 100 livre com 1:06:4. Nascida na França, filha de pais argentinos, Campbell seguiu os passos da irmã Dorothy que era a recordista argentina nos 100 livre em 1932 com 1:18:6. Três anos depois, Jeanette quebrava não só o recorde argentino, mas também o sul-americano com 1:08:0. Nos Jogos de 36, quebrou o recore olímpico da prova com 1:06:6 nas semifinais. Na final, acabou com a prata baixando ainda mais dois décimos na sua marca.

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A Argentina ficaria outros 68 anos sem subir ao pódio na natação dos Jogos Olímpicos. O jejum terminaria com o bronze de Georgina Bardach nas Olimpíadas de Atenas em 2004. Georgina, então com 20 anos chegou a final da prova dos 400 medley fazendo o terceiro tempo das eliminatórias com 4:41:20. Mesma marca da húngara Eva Ristov e atrás da ucraniana Yana Klochkova 4:38:36 e da americana Kaitlin Sandeno com 4:40:21. A brasileira Joanna Maranhão também chegou a final com o sexto tempo de 4:42:01.

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Na final, Georgina esteve sempre na terceira colocação onde terminou levando o bronze com 4:37:51 estabelecendo novo recorde sul-americano. Klochkova se sagrou bi campeã olímpica em batalha só decidida no final contra Sandeno por apenas 12 centésimos. Joanna Maranhão chegou em quinto quebrando o recorde brasileiro com 4:40:00 e alcançando o melhor resultado da história da natação feminina do Brasil em Jogos Olímpicos.

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Outra glória da natação argentina foi o título mundial de José Meolans, campeão dos 50 livre no Mundial de Piscina Curta de 2002 em Moscou. Meolans venceu a prova com 21:36, na época recorde de campeonato e sul-americano batendo o inglês Mark Foster prata com 21:44 e um bronze dividido entre o ucraniano Oleksandr Volynets e Alex Popov da Rússia com 21:55.

José Meolans.

José Meolans.

Tradicional segunda força da natação sul-americana, a Argentina vive um período de renovação e em busca de novos rumos. O país perdeu espaço para a Venezuela que hoje ocupa esta posição. Na tabela dos recordes sul-americanos absolutos, os argentinos possuem quatro recordes continentais. Dois no feminino, Agustina de Giovanni nos 200 peito em piscina curta e o histórico 400 medley de Georgina Bardach. Entre os homens, dois recordes batidos no ano passado por Martin Naidich no Troféu Maria Lenk nos 800 e 1500 livre.

Despedida de Meolans.

Despedida de Meolans.

1 responder
  1. Zasquín
    Zasquín says:

    Adorei a publicação. Como sempre o site é um exemplo de fraternidade, assim como nosso querido esporte. Sou argentino e fico feliz, que essa briga só exista únicamente para os ignorantes e faltos de educação. Estou morando no Brasil e sentí muita vergonha dos argentinos que visitaram o país durante a Copa Mundial de Futebol. Quem bom que vocês não misturam e não generalizam, pois nem todos temos esses comportamentos.
    Muito obrigado pelo carinho e respeito para a precária, infelizmente, natação argentina.

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