Nunca uma equipe estrangeira teve tantos atletas treinando em “full time” para servir a Seleção Brasileira nos Jogos Pan Americanos. A Universidade de Auburn e o Auburn Aquatics conseguiram 100% de aproveitamento na briga pelas vagas da Seleção do Pan. São cinco nadadores, cinco que tentaram a vaga, e cinco que conseguiram.

Bruno Fratus entrou como o melhor dos 50 e 100 livre, Marcelo Chierighini entrou pelo revezamento 4×100 livre, mas com a saída de Bruno dos 100 livre, vai também nadar a prova. Tem Arthur Mendes Filho ganhando a sua primeira vaga na Seleção Brasileira Absoluta. Felipe Lima, que teve um ano de mudanças na temporada passada, entrou como o melhor dos 100 peito. E Beatriz Travalon, classificada como segunda nadadora de peito.

Brazucas e comissão técnica de Auburn

Nadadores que vão ao Pan e comissão técnica de Auburn

Os cinco nadadores brazucas sob o comando do treinador australiano Brett Hawke que junto com os técnicos Tyler McGill (americano) e Ozzie Quevedo (venezuelano) receberam um reforço brasileiro: Francisco Martins, o Chicão, ex-técnico do Botafogo e que está integrando a comissão técnica de Auburn a partir desta temporada.

A Best Swimming foi até Auburn, saber um pouco mais desta investida de Chicão e sua participação no trabalho que leva o “Batalhão de Auburn” para os Jogos Pan Americanos.

Chicão e Coach Brett Hawke

Chicão e Coach Brett Hawke

Best Swimming – Como foi a sua chegada a Auburn?
Francisco Martins – Foi uma combinação de coisas. A situação da natação carioca, uma insatsifação pessoal com o esporte e a busca de novas perspectivas no esporte. Eu já pensava em deixar o país, em busca desta oportunidade melhor. Mandei alguns currículos para os Estados Unidos, mas só recebi negativos. Passado isso, na última semana da Academia Brasileira de Treinadores tivemos a oportunidade de receber Brett Hawke como professor do estágio internacional a Academia Brasileira de Treinadores por uma semana. Foi durante o estágio que conversei com ele e a possibilidade de tentar ir para os Estados Unidos. A resposta não foi o que esperava, principalmente pela dificuldade de chegar empregado, mas com a possiblidade de ser voluntário. E me ofereceu esta vaga na Universidade de Auburn.

BS – E como foi este processo, deixar o emprego e iniciar uma nova etapa?
FM – Refleti sobre a idéia e já no dia seguinte aceitei a proposta. Comcei a correr atrás da melhor possibilidade para minha estadia nos Esatdos Unidos. Me matriculei no curso de inglês da Universidade e aqui estou com um visto de estudante atuando como treinador voluntário da equipe universitária. Mesmo assim, tomei a decisão em novembro, mas só fui chegar a Auburn em março, três dias antes do meu 27o aniversário.

BS – E como tem sido este trabalho em Auburn?
FM – Desde que cheguei eu basicamente ajudo nos treinamentos. Neste período fico mais com os Pros (os nadadores profissionais não universitários), grupo que está mais direto ao Brett (Hawke) e ao Tyler (Mc Gill). A maior parte do trabalho é assitência, ajudo a pegar tempos, fazendo correção técnica dos atletas, discutindo algumas séries. A partir de agosto, entretanto, quando assumo oficialmente o cargo de GA (graduate assistant) no time passarei a fazer mais trabalho de administração e organização da equipe.

BS – E esta função te agrada?
FM– Com certeza, estar na borda de piscina é algo que já faço há 10 anos, trabalhar numa estrutura de equipe universitária nos Estados Unidos, aprender todo o processo, recrutamento, organização, é algo que eu desconheço e tenho certeza de que irá acrescentar muito para mim profissionalmente.

BS – E como é a relação com todos estes nadadores brasileiros?
FM – Sempre positiva. Alguns deles eu já conhecia de oportunidades anteriores. Assim que eu cheguei aqui, foram fundamentais para a minha rápida adaptação a cidade. Durante os treinos, todos me respeitam muito, me escutam e estão sempre abertos a sugestões e dicas. Temos um bom hábito de pelo menos duas vezes por semana tomarmos um café pós-treino no qual paramos e discutimos sobre a semana, os treinamentos e a nossa vida por aqui.

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BS – E em Auburn, se fala que só existe a Universidade por aí. Tem vida em Auburn além da Universidade e por que é tão bom treinar por aí?
FM – A cidade gira em torno da Universidade, dos 58 mil habitantes, 23 mil são alunos da Universidade. Na região ainda tem uma fábrica da Kia Motors, o que também atrai gente para trabalhar por aqui. É cidade é ótima para quem quer treinar, não há muito o que se distrair e quando se mora aqui, o que facilita é um total foco para os atletas, for a ausência de qualquer estresse que uma cidade grande proporciona como trânsito e violência. Qualquer lugar da cidade não fica mais de 10 minutos de distância em carro. Sem contar a altíssima qualidade do programa e da estrutura física da universidade. Uma realidade que só quem vive consegue entender. A piscina, a academia, o refeitório, tudo a dois minutos em distância a ser percorrida a pé.

BS – E como você analisa a preparação do grupo de cinco brasileiros para o Pan e o Mundial de Kazan?
FM – Todos muito bem! Temos visto marcas impressionantes nos treinos e todos tem nadado suas melhores marcas em temporada. Todo mundo está bem confiante para as duas competições mais importantes da temporada.

BS – E como é esta rotina de estudante e treinador voluntário?
FM – Isso foi uma coisa que veio por acaso. Na verdade, o princípio sempre foi a vaga de voluntário para ter experiência na natação americana, mas quando cheguei aqui e descobri a possibilidade de voltar a estudar em uma universidade, ainda mais uma universidade americana. Não pensei duas vezes em correr atrás disso. Agradeço imensamente ao Brett por ter me dado a primeira oportunidade, como voluntário, e por ter me dado a oportunidade única, quando me deu a vaga de GA, de continuar meus estudos e um nível que pra mim era sonho. O projeto segue para engrandecer meu currículo, daqui a dois anos, eu espero estar com um grau de mestre e ter e experiência de ter trabalhado na Universidade de Auburn, que é uma instituição muito conceituada e respeitada nos Estados Unidos, principalmente no esporte. De agosto em diante estarei completamente envolvido na administração da equipe. Resumindo, por acaso, eu acabei achando a chance da minha vida! E como dizemos por aqui, War Eagle! *

* “War Eagle” é o lema atlético da Universidade de Auburn. “Eagle” é águia mascote da equipe e o lema indica uma atitude positiva e de ação não necessariamente agressivo.

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Fotos Bruna Michelon.

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