Para quem nadava no Lago Malavi no sudeste da África, as vezes com medo dos hipopótamos e crocodilos do local, nadar os 50 e 100 metros nado livre na Olimpíada não parece ser tão desafiador. Esta é Cate Campbell, filha de pais sul-africanos e nascida em Blantyre, no Malawi. Naturalizada australiana para onde se mudou aos nove anos de idade, Cate, junto com sua irmã Bronte, virão para o Rio em busca de fazer algo que jamais tivemos em Jogos Olímpicos: uma dupla de irmãs no mesmo pódio olímpico.

Uncle Tobys Commonwealth Games athlete portrait session in Brisbane, Queensland, Australia. (Photo by Matt Roberts/mattrimages.com.au)

Uncle Tobys Commonwealth Games athlete portrait session in Brisbane, Queensland, Australia. (Photo by Matt Roberts/mattrimages.com.au)

As duas são as mais velhas, Cate com 23, Bronte com 21, ambas fazendo aniversário em maio. Depois mais duas irmãs, Jessica e Abigail, e o irmão Hamish, este seriamente afetado por uma paralisia desde o nascimento. Os pais, Eric e Jenny nasceram na África do Sul. Tiveram todos os filhos em Malawi, sudeste da África, onde ele era contador e a mãe enfermeira. A relação com a água veio da mãe, integrante da Seleção Sul-Africana de nado sincronizado, mas desenvolvida nos selvagens banhos no Lago Malawi.

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Na busca de um futuro melhor para os filhos, os Campbells se mudaram para a Austrália em 2001. A cidade de Indoorpoolly, onde vivem até hoje, foi a escolhida. Morando a poucos quilômetros da piscina, foram recebidos por Simon Cusack, até hoje treinador de Cate e Bronte.

Em 2007, Cate estreou no Campeonato Australiano de categorias, foi campeã dos 50 livre e no ano seguinte já era recordista nacional ganhando espaço no time para a sua primeira Olimpíada, Beijing 2008 com apenas 16 anos. Estreante com estrela, foi bronze nos 50 livre e no 4×100 livre, além de uma semifinal nos 100 livre. O bronze seria repetido no ano seguinte, no seu primeiro Mundial em Roma 2009, novamente na prova dos 50 livre.

2010 foi um ano de lesões, aliás, sua carreira é lotada delas desde quando tinha 11 anos e sofreu uma fratura de quadril. Voltou em 2011, em tempo para se preparar para a seletiva olímpica australiana de 2012. Fez história ao terminar os 50 livre com a dobradinha de irmãs, Cate e Bronte, e ganharem a vaga juntas para Londres. Na Olimpíada, as duas pararam nas semifinais e Cate nem conseguiu nadar os 100 livre, envolvida novamente com lesões. Os Jogos tinham começado especiais com o ouro do 4×100 livre onde Cate fez parte, mas terminaram em melancolia.

Os resultados determinaram uma profunda mudança na natação australiana. Inspirada, Cate venceu os 100 livre no Mundial de Barcelona e ficou com a prata nos 50 em 2003. Bronte, na mesma final, terminou em quinto lugar. As duas nadaram pela primeira vez juntas o revezamento 4×100 livre que ficou com a prata atrás da equipe americana.

Cate Campbell campeã mundial 100 livre em Barcelona 2013 

2014 mais lesões, agora o ombro. Cate venceu os 100 livre e ficou com a prata no Commonwealth Games, depois venceu tudo que nadou no Pan Pacífico, 50 e 100 livre mais dois revezamentos. Em agosto mesmo, semanas depois da competição, entrava na mesa de cirurgia perdendo o resto da temporada.

Cate Campbell vence 50 livre no Pan Pacífico 2014 

Voltou em 2015, em tempo de pegar vaga para o Mundial de Kazan, onde viu a irmã Bronte, pela primeira vez lhe bater. Bronte foi campeã mundial dos 50 e 100 livre enquanto Cate terminava respectivamente em quarto nos 50 e um bronze na prova dos 100.

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Na seletiva deste ano, as duas voltaram a brilhar. Fizeram dobradinha nos 50 e nos 100, sendo que Cate ocupa o primeiro lugar do ranking mundial das duas provas com 23.84 e 52.38. Nos 50 livre, a marca, é o melhor tempo da era pós-trajes.

As irmãs mais rápidas do mundo 

As meninas “africanas” como o treinador Simon Cusack brinca, são divertidas, simples, determinadas. Sentem falta do mundo selvagem de Malawi onde viviam sem TV entre perús, porcos selvagens, coelhos, galinhas, gatos e cachorros. Não é a toa que as duas tem um porco de estimação, Pepper.

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Tão próximas e tão distantes. Cate é mais preguiçosa, Bronte muito mais dedicada. Cate é mais alta, 1,86 cm enquanto Bronte 1,79.

No Rio, Cate e Bronte querem dividir o pódio individual e também integrar o revezamento na busca do ouro e de um bem provável recorde mundial para o 4×100 livre. Projeto difícil, mas pensando nos hipopótamos e crocodilos fica bem mais fácil.

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Na série até agora:
#1 Therese Alshammar, Suécia
#2 Laszlo Cseh, Hungria
#3 Adam Peaty, Grã-Bretanha
#4 Nathan Adrian, Estados Unidos
#5 Ruta Meilutyte, Lituânia
#6 Shiwen Ye, China
#7 Katinka Hosszu, Hungria
#8 Ryan Lochte, Estados Unidos
#9 Florent Manaudou,França
#10 Paul Biedermann, Alemanha
#11 Chad Le Clos, África do Sul
#12 Emily Seebohm, Austrália
#13 Yulia Efimova, Rússia
#14 Katie Ledecky, Estados Unidos
#15 Federico Grabich, Argentina
#16 Zetao Ning, China
#17 Cate Campbell, Austrália

Na próxima Alia Atkinson, Jamaica

4 respostas
  1. leopoldo dos santos
    leopoldo dos santos says:

    boa noite alex, o que podemos esperar da natação, brasileira, nos jogos do rio ou melhor equipe brasileira, n natação, polo aquático, maratona aquática, saltos ornamentais. abraço.

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