Enith Brigitta nasceu em Curaçao e fez história na década de 70. Foi a primeira negra a subir ao pódio da natação olímpica com duas medalhas de bronze nos 100 e 200 livre dos Jogos de 1976 em Montreal. Brigitta também foi destaque nos Mundiais de 1973 e 1975, as duas primeiras edições dos Mundiais de Longa com cinco medalhas, uma prata e quatro bronzes.
Uma carreira incrível e histórica, só não conseguiu o desejado ouro, nem um recorde mundial. Esta façanha ficou para a jamaicana Alia Atkinson, campeã mundial dos 100 peito no Mundial de Curta em Doha 2014 igualando o recorde mundial da prova de Ruta Meilutyte.
Assim como Brigitta, Alia teve de deixar seu país para treinar, crescer no esporte, mas jamais trocou de nacionalidade. Mesmo sem apoio, Alia Atkinson conseguiu tudo em sua carreira esportiva do próprio bolso. Até mesmo sua preparação para os Jogos de Londres em 2012, sua terceira Olimpíada, onde chegou a final da prova foi com recursos próprios.
A família Atkinson se mudou para os Estados Unidos quando Alia tinha nove anos de idade. Menina forte, musculosa, já se destacava nas competições de categoria na Flórida. De lá, saiu para quatro anos de faculdade na Texas A&M onde se sagrou campeã e recordista do NCAA nos 200 peito em 2010. Voltou para a Flórida, onde permanece até hoje sob a condução do treinador americano Chris Anderson.
Os dois estiveram juntos em três Jogos Pan Americanos, a estreia no Brasil quando tinha 18 anos e nem chegou as finais, em 2011 em Guadalajara na prata dos 200 medley e no ano pasasdo com o bronze nos 100 peito em Toronto. A dupla também foi olímpica em 2004, 2008 e finalmente no melhor resultado em Londres.
Alia bateu o recorde nacional da Jamaica nas eliminatórias com 1:07.39 se classificando para a semifinal em 10o lugar. Na semifinal, terminou em oitavo lugar empatada com a canadense Tera van Bellen nadando para 1:07.48. Um desempate e Alia bate novamente o recorde nacional da Jamaica com 1:06.79 ganhando a vaga para a final enquanto van Bellen nadava para 1:07.73.
Na final, onde tivemos problema com a primeira saída falsa, Alia terminou num incrível quarto lugar com 1:06.93, menos de meio segundo atrás da japonesa Satomi Suzuki, medalhista de bronze.
De família humilde, Alia sempre foi dedicada nos treinamentos. Atenciosa, seu sorriso é irradiante. O peito e a velocidade sempre estiveram no seu sangue. As saídas rápidas e as filipinas fortes sempre foram seu maior destaque. Começou na natação junto com o irmão Adi Atkinson, falecido ainda jovem em um acidente de avião na Flórida.
Dificuldades e características que fizeram a diferença no dia 6 de dezembro de 2014, em Doha, no Catar. Foi lá que Alia Atkinson definitivamente escreveu seu nome na natação mundial. Ao seu lado, a campeã de tudo, Ruta Meilutyte, também recordista mundial da prova. As duas travaram um belo duelo, Meilutyte quase sempre a frente, menos no final. Alia tocou 1:02.36, Ruta 1:02.46, um décimo de diferença, medalha de ouro e recorde mundial igualado.
Alia, a primeira negra campeã mundial da natação
Pela primeira vez uma negra era campeã mundial de natação e batia um recorde mundial. Um feito que fez seu belo sorriso se tornar ainda mais expressivo para delírio e reconhecimento da comunidade internacional. Alia foi escolhida como atleta do ano de seu país e um filme contando a sua trajetória foi lançado no Festival de Cinema da Jamaica.
Alia, “The darling of the pool” trailer:
Jamaica está longe de ser um país com tradição na natação. Alia fez o mesmo circuito que outros nadadores de destaque do país fizeram no passado: a imigração para os Estados Unidos. Diferente do que muita gente possa imaginar, Alia não é irmã, nem parente de Janelle Atkinson, nadadora jamaicana quarta colocada nos 400 metros nado livre nos Jogos de 2000 em Sydney.
Ser nadador na Jamaica não dá status, muito menos dinheiro. Não é a toa que os recordes dos 400 e 800 metros nado livre femininos de Janelle são mais rápidos do que os recordes masculinos até hoje. Alia, também domina os recordes dos 100 e 200 metros nado peito, todos a frente dos recordes masculinos.
Um pouco da carreira de Alia Atkinson no Trans Sport World
Alia virá ao Brasil, novamente com Chris Anderson de treinador e disposta a fazer história. Não quer apenas repetir Enith Brigitta. Desta vez quer subir no lugar mais alto do pódio.
Na série até agora:
Na série até agora:
#1 Therese Alshammar, Suécia
#2 Laszlo Cseh, Hungria
#3 Adam Peaty, Grã-Bretanha
#4 Nathan Adrian, Estados Unidos
#5 Ruta Meilutyte, Lituânia
#6 Shiwen Ye, China
#7 Katinka Hosszu, Hungria
#8 Ryan Lochte, Estados Unidos
#9 Florent Manaudou,França
#10 Paul Biedermann, Alemanha
#11 Chad Le Clos, África do Sul
#12 Emily Seebohm, Austrália
#13 Yulia Efimova, Rússia
#14 Katie Ledecky, Estados Unidos
#15 Federico Grabich, Argentina
#16 Zetao Ning, China
#17 Cate Campbell, Austrália
#18 Alia Atkinson, Jamaica
Na próxima: Cameron van der Burgh, África do Sul
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