Ao mesmo tempo em que a felicidade que tomou conta da Natação Brasileira, a delegação francesa, incrédula, assistia à desclassificação que tirava a prata ou até mesmo o pódio de sua atleta.

Como de costume nas provas femininas, foram distribuídos 10 cartões: 3 amarelos na 1a volta, 3 na 2a, 1 na 3a e 3 na 4a, sendo 1 deles o vermelho da francesa Aurelie Muller.

De acordo com a regra OWS 6.3, o nadador que fizer contato intencional com um oponente, tiver uma atitude considerada anti-desportiva ou aproveitar-se da esteira de uma embarcação, este deverá ser advertido com 1 bandeira amarela, na primeira infração e na segunda vez com 1 bandeira vermelha. Se a infração cometida for considerada pelo Árbitro como muito grave, a bandeira vermelha pode ser aplicada direto, sem a necessidade de previamente aplicar a amarela.

Foi o que aconteceu com a atleta da França. A nadadora italiana Rachele Bruni traçou uma linha reta rumo a placa de chegada e como estava mais para a esquerda, próxima à bóia do flutuante do pórtico de chegada, a nadadora francesa ficou sem espaço para entrar a tocar a placa. Sua única alternativa seria esperar a passagem de sua rival italiana, o que lhe custaria alguns décimos de segundo e talvez também o pódio, visto que outras competidoras também se próxima pela esquerda. Mas pela diferença de tempo entre as 2 e a Poliana Okimoto, até que não seria uma má opção. Afinal, melhor 4o, 5o lugar, do que fora dos resultados oficiais de uma prova olimpica.

A decisão da arbitragem foi perfeita e baseada na regra. A equipe francesa recorreu da decisão da arbitragem, através de protesto. Reunião do Comitê Técnico da Fina durou 8h, mesmo depois de anunciado o resultado. Mas como o experiente Árbitro John West tomou sua decisão baseada na regra, que é clara no que tange esta situação.

Vivenciei como árbitro duas vezes a mesma situação:
A primeira foi na seletiva Olímpica de Sevilla na Espanha, 2008. Eu pessoalmente desclassifiquei ninguém menos que Grant Hacket, um dos favoritos da prova que ao não conseguir acompanhar o ritmo do pelotão na última volta, perdeu a linha e saiu afogando e nadando por cima de que estivesse ao seu lado ultrapassando. Recebeu a bandeira amarela e como sua segunda infração foi a poucos metros da chegada, informamos a desclassificação após a mesma.

A segunda, foi no Mundial de Roma. O atleta americano errou o funil, foi desclassificado, mas sua desclassificação foi revertida pelo Bureau da Fina, deixando as coisas piores do que já estavam, levando o Comitê Técnico a criar a uma nova regra que obrigou o nadador a entrar pelo funil, cumprindo o percurso conforme informado no congresso técnico e nos documentos oficiais da organização do evento.

Afinal, a responsabilidade é do nadador que vem de trás evitar o contato intencional.

Prof. Ricardo Ratto
Árbitro Fina lista 11
Técnico de Natação do CR Vasco da Gama
Árbitro de 8 Campeonatos Mundiais , dos Jogos Panamericanos e das Olimpíadas de Londres 2012

https://www.youtube.com/watch?v=TN7aDPehcVw

3 respostas
  1. Atencioso
    Atencioso says:

    Faltou somente o crédito ao autor do texto, que acredito ser o árbitro que está na foto. Qual é o nome dele?

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