A primeira grande entrevista para o novo Head Coach do Minas Tênis Clube para a Best Swimming. Sérgio Onha Marques foi o escolhido pelo clube, após longo e detalhado processo seletivo para a escolha do sucessor do treinador australiano Scott Volkers que deixou o clube em setembro do ano passado.
Serjão, como é conhecido, vai ser o primeiro treinador do país com passagens pelos três principais clubes da natação brasileira (Pinheiros, Corinthians e Minas). Conhecido pelo seu entusiasmo, trabalhador e dedicado, Sérgio Onha Marques está no cargo desde o dia 3 de janeiro, atendeu a Best Swimming para esta conversa contando um pouco do projeto desta temporada e até Tóquio 2020.
BEST SWIMMING – Sérgio, conte como está sendo esta oportunidade de assumir a posição de head coach de um dos principais clubes do país?
SÉRGIO MARQUES – Estou muito motivado pela oportunidade de poder contribuir para a história da natação brasileira e do Minas Tênis Clube. Gosto muito de desafios e estou confiante. Acredito que, para um bom desempenho profissional, gostar do que se faz é primordial, e eu gosto muito! Minhas perspectivas são amplas e gradativas. Tenho buscado, ao longo desses anos, aprimoramento profissional nas oportunidades que tive, como atleta, como preparador, como técnico em alguns clubes, como membro da equipe da seleção brasileira e até mesmo como pai de atleta. É importante você poder fazer um mix dessas experiências e filtrar o que, vale e o que não vale a pena, e, a partir daí, criar uma identidade profissional própria e poder aplicá-la.
BS – O processo seletivo do Minas foi algo novo no cenário nacional. O clube inovou e buscou um profissional qualificado para o cargo. Ao conhecer o clube o que você identifica pode ser a diferença em relação aos outros programas que você já atuou?
SM – É muito importante ser ressaltada a atitude inovadora e pioneira do Clube em oportunizar para os profissionais a participação em um processo seletivo para técnico de natação. Em minha opinião, esta profissão ainda tem um campo muito restrito em nosso país. Um processo seletivo promove a descoberta de novos talentos e permite que profissionais de diversas áreas, de dentro e de fora do Brasil, demonstrem suas capacidades profissionais, intelectuais, de formação acadêmica e até mesmo pessoais. Sendo assim, a seleção não fica baseada somente nos resultados dos atletas. Torna-se necessário analisar um conjunto de características para se alcançar o objetivo da vaga. Participar deste processo seletivo despertou em mim habilidades e vontades que muitas vezes deixamos adormecidas, como, por exemplo, a atualização de um currículo, a escrita de um relatório, a programação de modo claro e objetivo de um programa, a exposição verbal. Estou muito feliz de ter participado!
BS – O ano de 2017 vai ter uma série de ajustes e mudanças no cenário nacional, é início de novo ciclo e quais são as propostas e o projeto que você tem em mente para o clube?
SM – Para se alcançar bons resultados, primeiramente, preciso reconhecer o Minas como um todo, seus recursos estruturais, organizacionais, financeiros e humanos. Estou entrosado com a missão e os valores do clube. Vamos aproveitar o que já foi feito e o que tem dado certo e ajustar o que precisa melhorar. Nossa proposta é valorizar o trabalho em equipe (interdisciplinar) e, a partir daí, aprimorar nosso elenco de atletas. Dentre os nossos objetivos, posso destacar:
- Equipe entrosada e feliz;
- Busca de melhores marcas pessoais;
- Participação expressiva nos campeonatos nacionais e internacionais;
- Programação olímpica 2020;
- Descoberta de novos talentos.
(Não necessariamente nesta ordem).
BS – Você vai ter uma oportunidade única como profissional. Chegando ao Minas, você é o único treinador que teve passagem pelos três principais clubes do país. Que tipo de conhecimento e oportunidade você leva de ter passado pelo Pinheiros e Corinthians e agora assumir o Minas?
SM – Sinto-me privilegiado por ter trabalhado nestes clubes. Ao longo desses anos, pude desenvolver competências diversas e variadas com os diferentes tipos de gestão.
Acredito que, além desses clubes, a experiência de ter sido um atleta de natação vem a somar. É como se fosse um preparatório. Agora, é aproveitar tudo de bom que obtive com estas experiências profissionais e aplicar!
BS – Talvez seja cedo para determinar isso, mas o objetivo do clube é assumir o comando da natação brasileira ou se manter no alto nível promovendo melhores resultados individuais?
SM – O clube tem como objetivo a formação de atletas cidadãos, não só para a natação, mas também para os outros esportes. Isso é um fator importante. É uma cultura essa tradição de formação e de busca por bons resultados. É gostoso ver todos os atletas uniformizados, realizando as atividades durante o dia a dia, identificados por suas camisetas, como atleta do Minas. Outra coisa que me chamou a atenção são as dependências do Clube, com mensagens incentivadoras para o esporte e banners com fotos dos atletas e suas medalhas. Isso faz com que todos os sócios frequentadores possam conhecer o trabalho realizado na Instituição. Nosso objetivo é ampliar cada fez mais o cenário da natação, dentro e fora do clube, e, consequentemente, buscar ótimos resultados.
BS – O Minas teve o seu maior número de atletas olímpicos no Rio 2016. Começando a temporada e o novo ciclo qual seria o objetivo para chegar a Tóquio 2020?
SM – Nosso objetivo é buscar novamente o maior número de convocados que representam o Minas Tênis Clube. Quando digo isso, não é somente para atletas, mas também para a equipe interdisciplinar.
BS – Você teve excelentes resultados com nadadores de velocidade tanto no Pinheiros como no Corinthians, e o trabalho de peito também foi espetacular. Agora chegando ao Minas você pretende focar em algum determinado grupo ou ainda quer estudar melhor o seu programa?
SM – Neste início de semestre, os atletas têm realizado avaliações físicas de saúde, dentro do clube, com realização de testes, consultas e exames. Conto com a colaboração da GMAE (Gerência Multidisciplinar de Apoio ao Esporte), composta por médicos, fisioterapeutas, preparadores físicos, psicólogos, nutricionistas e massoterapeutas.
Este trabalho é importante para que se individualize a necessidade do atleta, e, sempre que há alguma particularidade, sou informado. Inicialmente, vou elaborar o programa de treinos de toda equipe de ponta. Conto também com o auxílio dos demais treinadores para comandar os treinos com qualidade. Conto ainda com o excelente e criativo trabalho do preparador físico, cujo objetivos elaboramos juntos. A equipe efetua de oito a nove sessões de treinos semanais, entre piscina curta e longa. Brevemente, realizaremos uma reunião para definir as futuras ações.
BS – Se você fosse escolher um momento mais especial em sua carreira qual seria. As medalhas e a performance do Felipe França em Doha 2014, a classificação olímpica para o Rio 2016, ou algum outro?
SM – Os dois momentos foram muito marcantes para mim. É uma sensação boa de conquista profissional e pessoal. É o reconhecimento de que toda a dedicação para o trabalho deu certo! Nestes eventos, pude ser um representante do nosso país. Pude conhecer pessoas diferentes, estilos diversos de treinamento, estruturas físicas lindas e modernas, entre outras coisas. Uma competição desta importância nos permite sentir um mix de sentimentos em um intervalo de tempo curto. Quando termina, vem o pensamento de que é hora de começar de novo!
BS – O Rio 2016 foi muito especial para todos nós, mas passamos em branco na piscina. Para você isso foi uma decepção ou acha que isso faz parte do esporte?
SM – Para mim, não foi uma decepção. É claro que sonhávamos com uma medalha. Afinal, estávamos em nosso país. A mensagem que levo dessa experiência é que, nos Jogos Olímpicos, todos estão preparados e treinados, mas têm que aproveitar a oportunidade. Todos trabalham duro para conseguir estar lá. Nosso país ainda tem fragilidades para a modalidade, mas não podemos nos esquecer do quanto caminhamos positivamente e gradativamente nesta trajetória. Tenho certeza que conseguiremos alcançar bons resultados.
BS – Todos sonhávamos com medalhas, e você tinha um nadador com reais chances de que isso acontecesse. Como é para um profissional sair deste tipo de situação e voltar a trabalhar com foco no futuro em busca e melhores resultados.
SM – O esporte é assim. A cada término de um objetivo e de uma competição, temos que saber recomeçar. O importante é ter junto de nós aquelas palavras essenciais: motivação, acreditar, fazer o melhor a todo o momento! É preciso valorizar o que deu certo e aperfeiçoar o que não foi satisfatório. É ter uma busca incessante em aperfeiçoar-se. É conhecer pessoas que nos auxiliam e trazê-las para junto de nós. É compartilhar conhecimento e experiência. Estou feliz por ter a oportunidade de recomeçar este 2017 em um clube novo. Agradeço por todos os lugares, profissionais e atletas que confiaram em meu trabalho.
Concordo com você em “número e grau”.
Boooring… Mesmo papinho pronto “media training” de sempre, mais do mesmo.