O entusiasmo foi geral, público, televisão, treinadores e atletas, a mídia adorou. O formato do evento, menos de uma hora, alternância de liderança, tivemos pelo menos cinco ou seis líderes na disputa, homens e mulheres juntos e disputando a mesma prova.

É o que o Comitê Olímpico Internacional quer e tem pedido. Igualdade de gêneros, disputas mais animadas, o esporte precisa ser um show.

Ana Marcela Cunha foi a primeira a se manifestar, não contra, mas um ponto muito preciso sobre o evento. “A distância de 1.250 metros não é águas abertas, é uma prova de piscina. O revezamento deveria ser quatro nadadores completando 5 quilômetros cada um”. Ana Marcela tem sua razão, treina para longas distâncias, sua especialidade é os 25 quilômetros que disputa amanhã e foi duas vezes campeã mundial. A distância proposta neste formato não é para estes nadadores que estão no Mundial. O formato que Ana Marcela propõem, entretanto, seria longo, e chato, e mesmo que seja genuíno, não tem chance nem de ser discutido.

O Brasil, por exemplo, teria resultados bem melhores se tivéssemos Joanna Maranhão e Guilherme Costa na disputa da prova de hoje. Mas não é esta a intenção do Comitê Técnico de Águas Abertas da FINA que pretende ter apenas os nadadores de águas abertas na prova. Para isso, todos os nadadores que participam da prova de revezamento precisam estar inscritos em outras provas.

Isso explica a estratégia britânica (que deu errado) de colocar duas nadadoras nos 5 quilômetros ontem e nenhuma das duas nadou. Danielle Huskisson e Alice Dearing só vieram para Balaton para nadar o revezamento. Inscritas para nadar os 5 quilômetros, nem largaram. Os britânicos apostavam nisso e chegaram a liderar a prova por grande parte, mas acabaram na quinta colocação.

A FINA aplicou para aumentar o número de nadadores da modalidade das águas abertas para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. A intenção era sair dos atuais 25 nadadores por sexo para 35. Pedido recusado. Vamos ter o mesmo que tivemos no Rio 2016 e o que vem sendo desde a estreia da modalidade em Beijing 2008.

A prova de revezamento deve ser o próximo pedido, não para este ciclo, mas para 2024. Vai contar com o apoio dos franceses e americanos, duas potências nas águas abertas, e dois candidatos para sediar os Jogos respectivamente com Paris e Los Angeles.

Da mesma forma que a prova tem tudo a ver com a nova orientação do COI, existe um empecilho em relação a sua disputa. Isso foi levantado hoje pelo treinador gaúcho Christiano Klaser. “A prova é uma ótima, mas o número de nadadores envolvidos pode ser um problema para o movimento olímpico”.

Kiko, está certíssimo na sua análise. Cada equipe de revezamento são quatro nadadores a mais, se tivermos 10 equipes, são 40 nadadores. Atualmente, são 50 nadando a prova dos 10 quilômetros, será que o COI aceitaria praticamente dobrar o número de atletas para o esporte? Muito difícil.

Revezamento 5Km. Campeonato Mundial de Desportos Aquaticos. Lake Balaton. 20 de Julho de 2017, Budapeste, Hungria. Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA

Se fizermos um paralelo com a natação, onde 16 equipes disputam as provas de revezamento, seriam 74 nadadores na disputa do revezamento. Ainda é cedo para qualquer análise, mas a discussão é grande. A prova foi um sucesso e os planos e estratégias para 2019 no próximo Mundial já foram lançados. Para 2024, ainda tem muito tempo, mas o que ninguém pode negar é que a nova prova de revezamento nas águas abertas foi um sucesso. Dos grandes!

2 respostas
  1. carlos oliveira
    carlos oliveira says:

    essa foi minha sugestão mais cedo, em outro post; acho que 4×2500 tem mais cara de águas abertas

  2. BomDia
    BomDia says:

    Concordo com a Ana Marcela, 1,25km para cada integrante é muito pouco.
    Quem sabe fazer uma prova de 10Km (2,5km para cada). Seria mais apropriado para os nadadores de águas abertas e teria uma duração agradável para os expectadores, por volta de 1h50.

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