Entre as coisas boas do Troféu José Finkel 2018 foi a “ressureição” de Matheus Santana. Antes mesmo de ele fazer a marca e se classificar para o seu primeiro Campeonato Mundial de Piscina Curta ao igualar o índice 21.29 nos 50 metros nado livre, a Best Swimming havia conversado com Matheus.

Só o fato de voltar a ser competitivo, o bom resultado dos 100 metros nado livre, onde terminou em terceiro lugar, outra medalha de bronze nos 50 borboleta, Matheus voltou a figurar no cenário da primeira força da natação nacional. A classificação ou não nos 50 metros nado livre para o Mundial, por incrível que pareça, foi apenas um detalhe. O mais importante foi estar de volta!

E o histórico prova isso. Matheus Santana explodiu nacionalmente em 2013. Com problemas em suas taxas e a diabetes, infelizmente ficou de fora da sua estreia internacional no Mundial Júnior de Dubai. Na época, a equipe até fez uma foto em homenagem a Matheus que, seguindo orientação médica, não pode viajar para a competição.

Em 2014, Matheus subiu ao pódio em campeonato brasileiro absoluto pela primeira vez e o fez batendo o recorde mundial júnior. Depois a medalha de ouro nas Olimpíadas da Juventude em Nanjing. A perspectiva era grande, a expectativa também. Matheus terminou o ano como oitavo tempo do mundo e sua melhor marca, que persiste até hoje, 48.25.

 

No ano seguinte, Matheus se sagrou campeão brasileiro absoluto dos 100 metros nado livre no Maria Lenk com 48.52. Ganhou vaga para os Jogos Pan Americanos e o Mundial de Kazan. No Pan, terminou em oitavo com 49.52 e semanas depois no Mundial chegou a semifinal terminando em nono fazendo um segundo abaixo, 48.52.

A vaga olímpica para o Rio foi garantida por Matheus Santana nas eliminatórias do Open de 2015, em dezembro daquele ano, na Palhoça. Lá, Matheus fez o segundo tempo das eliminatórias nos 100 metros nado livre com 48.52. Na final, piorou 48.79 e terminou em terceiro.

Na seletiva olímpica de 2016, em abril, na piscina da Olimpíada, Matheus ficou em quarto lugar com 48.80. Nos 50 metros nado livre ficou em sexto com 22.47.

No Rio 2016, nadou apenas nas eliminatórias quando o Brasil classificou com o quinto lugar para a final do 4×100 metros nado livre. Fechou com 49.00, e perdeu a vaga para Gabriel Santos, que até então era o reserva, mas fez 48.63.
Uma lesão tirou Matheus do Finkel de 2016. Voltou no Open e os resultados não foram nada bons. Terminou em sexto com 50.02 e parou nas elimiantórias dos 50 livre com 23.12.

Em 2017, Matheus decide mudar de treinador. Vai para os Estados Unidos e passa a treinar com Dave Marsh no Elite Swim Club na Carolina do Norte. No Maria Lenk, ficou em quarto lugar com 49.01, mas como Bruno Fratus fez 48.50 nas eliminatórias não ganha a vaga para o Mundial de Budapeste. Nos 50 livre, ficou em oitavo com 22.76.

Matheus se manteve nos Estados Unidos e esperava melhores resultados no Finkel e no Open. No Finkel, na curta, na piscina de Santos, nem chegou as finais. Ficou em 10o nos 100 livre com 50.37 e em nono nos 50, 22.78.

Também ficou de fora das finais no Open no final do ano. Ficou em 13o nos 100 livre com 50.50 e em 11o nos 50 com 22.97.

Matheus precisava mudar, de novo. Desta vez, deixou a Unisanta e chegou a ficar sem clube, até se acertar com o Pinheiros, mas com a condição de voltar para o Brasil e treinar no próprio clube. Agora, sob a orientação de Alberto Silva, Matheus dividiu raia com o grupo que é a base do 4×100 metros nado livre do Brasil e que há dois anos aparece entre os melhores do ranking mundial.

Os resultados não vieram de forma automática e até os primeiros tempos não foram muito animadores. No Troféu Brasil, em abril, Matheus ficou em 12o lugar nos 100 metros nado livre 50.38 e em nono nos 50 livre, 22.56.

Uma observação técnica era fazer os ajustes e até mesmo saber colocar todo o seu potencial. Matheus alternava grandes e maus momentos no treinamento e, em algumas vezes, parecia perder total controle de sua técnica. Quando Albertinho estava viajando com a Seleção Brasileira, o técnico Régis Mencia no comando do grupo, mandava mensagens para o treinador principal. Os relatos era de muito esforço, bons tempos e grandes médias. Matheus se esmerava nos detalhes, nos fundamentos.

No Finkel, Matheus voltou as finais. Fez as suas melhores marcas em piscina curta. Primeiro nos 100 metros nado livre, terminou em terceiro com 47.00, apenas um centésimo atrás da prata de Marcelo Chierighini e apenas 17 centésimos do ouro de Cesar Cielo.

No dia seguinte, Matheus volta a piscina, para outra medalha, outro bronze, 22.87 nos 50 metros borboleta. No dia de encerramento da competição, Matheus ganha a prata nos 50 livre e iguala o índice para o Mundial: 21.29.

De volta ao seu melhor, Matheus conseguiu recuperar um dos mais importantes componentes num atleta de alto nível, a auto-confiança. De olho em Tóquio 2020, Matheus sabe que o Mundial de Curta é apenas mais um passo para o destino final que é chegar a sua segunda Olimpíada e a sonhada primeira medalha.

2 respostas
  1. rogers
    rogers says:

    Que legal. Agora falta Felipe Ribeiro, medalhista no mundial júnior recuperar suas melhores marcas! Vamo Brasil !

  2. Adriano Nascimento Silva
    Adriano Nascimento Silva says:

    Acompanhamos o Matheus desde que meu filho era Mirim 1 na Unisanta. Sempre o admiramos mas, questões extra piscina(comportamento), o fizeram perder um tempo em sua carreira. Esperamos que o passado fique e que ele mantenha o foco. É um espécime de ser-humano diferenciado que com o grau de diabetes que tem, é um atleta de altíssimo nível. Esperamos a sua recuperação plena e, foco/treino/foco/treino – baladas.

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