Não estamos falando de matemática, mas infelizmente no contexto acaba sendo uma conta que não fecha. É adicionar para dividir, ou diminuir, ao invés do somar ou o desejado multiplicar.
Estamos a poucos dias do início da ISL, International Swimming League, a nova liga da natação mundial e que vai reunir dezenas de astros e estrelas em oito recém criados clubes internacionais em seis etapas classificatórias e uma super final.
“É uma nova era da natação profissional” anunciam os organizadores, e com razão. Reunir tantos bons nadadores em uma nova perspectiva vai trazer novos rumos para o esporte.
Com a ausência de diálogo, e muito menos acordo, com a FINA, a ISL começa no mesmo final de semana da etapa de Budapeste, na Hungria, para a Copa do Mundo. Nem vamos discutir o quanto a Copa do Mundo anda distante do ideal, e ser disputada no mesmo dia que a etapa inaugural da nova liga, é o fim.
A FINA já tentou de tudo, aumentou premiação, mudou o sistema de pontos, de provas, tudo o que seria possível, mas a Copa do Mundo ainda não ganhou o ares de “Mundo”. Tem sido um torneio local recheado de algumas poucas estrelas internacionais. Este ano, tem uma vantagem, por ser ano pré-Olimpíada, todas as etapas são em piscina de 50 metros.
A ISL vem com formato novo. São quatro finais de semana em outubro, dois em novembro, a super final em dezembro. Traz uma interessante e questionável formação de clubes internacionais. Cali Condors, DC Trident, Aqua Centurions, Energy Standard, LA Current, NY Breakers, Iron, London Roar são os oito times que brigam pelas duas melhores posições para fazer a super final em Las Vegas em dezembro.
Vejo esta criação de clubes um tanto difícil para ser assimilada, mas talvez o tempo acabe criando relação, engajamento, mas precisamos de tempo, e divulgação, muita divulgação. Outro senão, é ser em piscina curta.
Natação é natação, seja em 50 metros, em 25 metros em 25 jardas, mas é inegável que as performances em piscina de 50 metros são mais relevantes. A opção por fazer o evento em piscina de 25 metros talvez o torne mais disputado, mais animado, mais promovido, no aspecto técnico, nem tanto.
Até imagino que bem pensadas, tanto Copa do Mundo como ISL podem co-existir. O que não pode é termos este conflito de datas, de interesse, de propostas. Não adianta identificar quem errou, e sim, o que podemos fazer para acertar.
A natação foi um dos últimos esportes a se profissionalizar. E ainda é bem relativo a oportunidade dos atletas em poder viver do esporte. A proposta da ISL é ótima, dividir por completo com os nadadores todos os ganhos.
A falta de transparência da FINA vem sendo questionada e talvez tenha sido um dos principais motivos para o aparecimento da ISL. Resta saber o quanto o milionário Konstantin Grigorishin, fundador da ISL, será capaz de sustentar o primeiro ano do evento.
Primeiros contatos publicitários e de direitos de transmissão já estão feitos e até assinados. Tomara que o evento venha para ficar, mas que consigamos sentar a mesa e encontrar um diálogo para que a natação saia favorecida, sem orgulhos feridos.
De qualquer forma, nos dias 5 e 6 de outubro, a ISL começa em Indianápolis, nos Estados Unidos, em Budapeste, nos dias 4 a 6 de outubro tem a etapa da Copa do Mundo. Começamos divididos, bem divididos…
Alexandre Pussieldi, editor chefe da Best Swimming
Disse um filósofo: “A resistência provoca mudança”. Aliado a isso, tem uma música que faz uma analogia com o curso da água desde quando chove, passando pelo rio até chegar ao mar; parece irrisório, mas a água conseguiu chegar onde queria. Ou seja, quando não há transparência por parte das maiores entidades promotoras do esporte ao premiar os atletas adequadamente, outras entidades irão surgir naturalmente para tentar tapar o buraco. É a resistência de quem preside a FINA que está provocando uma mudança no cenário da natação mundial com esses novos tipos de eventos.
Aqui no Nordeste, não conheço uma agenda voltada para a natação a nível nacional, e isso torna-se um alerta. Por exemplo, na natação máster, pouco se faz pelo Nordeste, um evento perdido no ano e olhe lá. Daí haver outras entidades mesmo não reconhecidas oficialmente promovendo competições másteres à parte em diversas cidades nordestinas. Vai que a moda pegue. Isso é apenas um alerta, se o sul/sudeste continuar peneirando sua natação e esquecendo de investir onde mais se dedica ao esporte neste país com o mínimo de recursos.