Sabe aquela história de não é o ideal, mas é a realidade. É isso mesmo, que estou falando. As taxas de piscina vieram para ficar.
Não precisa voltar muito no tempo, se nadava de graça, se competia de graça, uniformes eram de graça, viagens eram de graça. Pelo menos foi assim para mim, na década de 70 era assim. Depois começaram uma e outra taxa, hoje, a realidade, por mais dura que seja, cada vez se paga mais, por mais coisas. Quer uma notícia ruim? A tendência é ficar assim, ou talvez até piorar.
Clubes sociais e esportivos perderam membros, diminuíram os investimentos no esporte de competição e pela falta efetiva de investimento privado, não restou outra alternativa. Os pais pagam! Ainda existem alguns (poucos) clubes que conseguem sustentar algumas verbas, mas, diferente das décadas anteriores, hoje existe orçamento, previsão orçamentária, e controles cada vez mais rígidos. É o chamado índice interno, ou até mesmo, a definição de qual grupo ou atletas serão contemplados pelos benefícios.
Neste final de semana, Brasília já faz sua segunda competição da temporada e, por falta da liberação da piscina do DEFER, o uso de uma piscina privada incorreu em custos. Brasília está convivendo pela primeira vez com “as taxas de piscina”.
O “aluguel de piscina” pode parecer abusivo, mas não é. Clubes sociais, esportivos ou privados tem suas rotinas diárias de utilização de seus espaços. Ao receber eventos, eles precisam re-organizar suas aulas ou treinamentos, além de incremento no custo de segurança, limpeza, funcionários. Alguém precisa pagar a conta.
Quem abriu a temporada das “taxas de piscina” compartilhando os custos dos aluguéis de utilização exigido pelos clubes cedentes foi a Federação Aquática do Rio de Janeiro. A FARJ, por coincidência ou não, era, de longe, a federação estadual em piores condições financeiras entre as 27 do país. Esta semana, a própria entidade anunciou a sua regularização com os credores e o recebimento das certidões negativas que vão permitir o recebimento de verba governamental.
Não pense que é só o Rio de Janeiro que tem esta taxa. Outros estados precisaram seguir na mesma linha. Alguém precisa pagar a conta.
Em São Paulo, por exemplo, a maior federação estadual do país, mais organizada e com maior número filiados, não repassa a “taxa de piscina” para os atletas/clubes, mas deixa de arrecadar o valor das inscrições do clube que sedia o evento. É perda de arrecadação justificada.
Aqui nos Estados Unidos, todas as piscinas, sejam privadas ou públicas, cobram aluguel para o seu uso em sediar eventos. Até mesmo para o clube que treina nestes locais já pagando aluguel para o treinamento, quando vai sediar a competição, é mais taxas e dólares a serem cobrados. Aos clubes, não resta outra alternativa, os custos são repassados aos nadadores e suas famílias. Alguém precisa pagar a conta.
Existem opções para que isso seja minimizado. Transformar as competições em eventos, criar arrecadações paralelas, investimento ou doações privadas, patrocínios. Por agora, enquanto que estas opções não ocorrem ou sejam trabalhadas, não resta outra alternativa. Alguém precisa pagar a conta.
Como eu disse lá em cima no início, tudo isso não é o ideal, mas é a realidade. Assim, que as federações, os clubes, os treinadores e os pais consigam se organizar e sair em busca de alternativas para minimizar este processo.
Por enquanto, alguém precisa pagar a conta.
Alex Pussieldi, editor chefe Best Swimming
O problema não é pagar a taxa de piscina, é encontrar banheiros sem a menor condição de uso, sujos, sem água ou sabão, às vezes sem vestiários, arquibancadas imundas, alagadas. Nesses momentos questionamos: Para onde foi o dinheiro da taxa de piscina?