Dezesseis nadadores que encaram um duro programa de 10 sessões semanais com média semanal superior a 80 quilômetros, esta é apenas a introdução do belo trabalho que a equipe de fundo do Grêmio Náutico União vem produzindo. Com resultados incontestáveis a nível nacional e internacional, o União combina, como poucos, o trabalho de águas abertas e provas de fundo de piscina. A Best Swimming foi conhecer um pouco mais deste programa detalhado pelo treinador principal do clube, Kiko Klaser.

O grupo tem a recordista brasileira dos 800 e 1500 livre em piscina longa e curta, Viviane Junglbut, primeira nadadora que participou de um Campeonato Mundial tanto da prova de águas abertas e de piscina na mesma edição. Desde o final do ano passado, o time de fundo ganhou um reforço de peso, a italiana Rachele Bruni se somou ao grupo trazendo uma experiência internacional e acrescentando ainda mais credibilidade ao grupo.

Aos 31 anos de idade, Rachele Bruni medalhista de prata olímpica no Rio 2016, tem três medalhas em Mundiais e ainda venceu por três vezes o FINA Marathon Swim Series. Foi uma adição e tanto ao time.

 

 

O grupo masculino é mais novo, promissor, bons resultados já acontecem e despertam expectativas. Na temporada passada, o União terminou o ano com três nadadores no Top 10 do Brasil nos 1500 livre e um deles, o mais novo, Luiz Felipe Loureiro, também está no Top 10 dos 800 livre. E nas águas abertas também foram grandes resultados como medalhas no Sul-Americano e várias etapas do Circuito Nacional.

Kiko Klaser não está só neste trabalho, ele mesmo indica que existem pessoas que são determinantes para o sucesso do programa. Na borda, Luiza Maciel, que foi atleta de fundo de Kiko, e agora divide o cronômetro. Na preparação física uma das grandes revelações nacionais da área, Leonardo Fontanive Farias, que mesmo sem histórico na natação, se tornou num dos melhores do país. O “quarteto”, como o próprio Kiko define, se completa com a atuação da médica Rosemary Petkowicz dando todo suporte e orientação preservando a saúde e a abordagem científica do programa.

Kiko foi nadador de peito, dos bons, campeão brasileiro e que teve no Grêmio Náutico União os seus grandes resultados. Depois da aposentadoria e a graduação em educação física ficou no clube no seu primeiro emprego. O promissor técnico das categorias inferiores subiu com o seu grupo e teve na mão um dos mais talentosos times já formados no União. A equipe subiu ao pódio no Campeonato Brasileiro Infantil e Kiko ganhou cada vez mais espaço no clube.

Chegou a equipe principal, e antes de ser nomeado o treinador principal assumiu o trabalho de fundo. Já tinha alguns bons nadadores na sua fase da base agora era encarar o alto rendimento.

 

Kiko Klaser e Viviane Jungblut

 

A filosofia do fundo e águas abertas não é de Kiko, é uma tradição do Grêmio Náutico União. Desde que foi criado o Campeonato Brasileiro de Águas Abertas nenhum outro clube venceu tantas vezes, são 22 títulos.

Combinar o trabalho de fundo com as águas abertas é um desafio para o programa. A temporada começa de forma única, o programa é o mesmo. São oito semanas onde o grupo de 16 atletas se submete a uma preparação geral. Treinos dobrados segunda, terça, quinta e sexta, sessões únicas nas quartas e sábados. O grupo tem alguns nadadores da categoria júnior ainda impedidos de participar das sessões das 7:30 da manhã, assim fazem a dobra na madrugada e em menor número. A tarde, o grupo todo se reúne. O domingo por vezes é utilizado no trabalho, não são muitos, mas por vezes acontece algumas sessões neste dia.

A próxima fase do trabalho é mais específica, são seis semanas onde o trabalho é diferenciado para o tipo de prova e competição alvo. Embora o trabalho aeróbico seja a essência do programa, uma fase do treinamento de força dentro desta nova fase é destacado. São séries que incluem paraquedas, ou palmar G ou séries de borboleta.

Nestas séries de força, são distâncias com intervalo curto e Viviane Jungblut consegue fazer 8×400 a cada 4:30 em piscina curta segurando uma média entre 4:09 a 4:11. Seu melhor foi 4:07 e o pior 4:11. Pedro Farias faz a série em intervalo ainda menor, 8×400 a cada 4:15 segundo média de 3:58 e o melhor foi 3:54.

Mesmo tendo a possibilidade de treinar na Ilha do Pavão, onde o Grêmio Náutico União tem uma de suas sedes, poucas vezes o local é utilizado. Isso reforça a tendência nacional e mundial onde o treinamento de águas abertas é quase que todo feito em piscina restando as provas competitivas como o trabalho específico para a modalidade.

Metragem sempre é um tema que desperta grandes discussões quando se fala em natação de fundo. A equipe do União já chegou a fase uma fase de 100 quilômetro semanais, mas o próprio Kiko reconhece que os resultados não foram os esperados. Hoje, o máximo que se alcança seria por volta de 90 quilômetros, mas a média entre 80 a 85 semanais.

Nada disso aconteceu por acaso. O corpo técnico cresceu junto com a qualidade do time. O próprio Kiko reconhece que teve de estudar muito junto com seus companheiros de “quarteto” para chegar a todo trabalho alcançado com este time.

 

 

Viviane Jungblut é a grande estrela do grupo, atleta mais reconhecida e que foi bastante favorecida pelo ambiente criado na formação do grupo de fundo. A juventude promissora do time masculino e o crescimento exponencial de sua irmã Cibelle, foi enriquecido com a chegada de Rachelle Bruni.

O Grêmio Náutico União sob o comando de Kiko Klaser faz um trabalho modelo e de excelentes resultados na natação de fundo do país e nas águas abertas. O Troféu Brasil será mais uma grande oportunidade para colocar a prova todo este trabalho e que na semana seguinte estará novamente na água, aí para a disputa da Seletiva das Águas Abertas na Represa Billings.

 

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