É incontestável a nova política de renovação e reformas que o novo Presidente da FINA Husain Al-Musallam está implantando desde que assumiu o cargo em junho do ano passado, eleito por unanimidade em Doha, no Catar.
Al-Musallam quer um esporte aquático mais transparente, inclusivo, moderno, e principalmente engajado e popular. As mudanças estão sendo implementadas paulatinamente e entre elas está a aproximação com o movimento paralímpico. A intenção é trazer a natação paralímpica para dentro da FINA.
As primeiras conversas já foram feitas. Al-Musallam tem boa relação com Andrew Parsons, o brasileiro que é o Presidente do Comitê Paralímpico Internacional, e pequenos passos foram dados neste caminho.
A natação paralímpica internacional não tem uma entidade ou associação que regula ou controla o esporte de forma global, mas apenas uma divisão dentro do próprio Comitê Paralímpico. É de lá que saem as regras, os calendários, os eventos e os controles para os Campeonatos Mundiais, o World Para Swim Series e principalmente as Paralimpíadas.
A aproximação não quer dizer controle, muito menos a gestão da modalidade paralímpica, mas principalmente uma relação melhor que vai ser de benefício mútuo. O atletismo já desfrutou de algo similar em 2017, quando Londres, na Grã-Bretanha foi sede do Mundial Paralímpico de Atletismo de 14 a 23 de julho e uma semana depois recebeu a competição do esporte convencional.
Existem várias federações de natação do mundo onde a natação paralímpica também é organizada de forma conjunta, entre os principais, Austrália, Grã-Bretanha e Canadá.
Esta semana, USA Swimming e Swimming Australia, as duas mais poderosas federações de natação do mundo anunciaram o retorno do confronto direto “Duel in The Pool”. A competição é um dual meet criado em 2003 e que foi realizado por três oportunidades reunindo americanos e australianos até 2007. Depois disso, os americanos optaram por fazer uma disputa contra os europeus que durou até 2015.
No comunicado de ontem, tanto a federação americana como australiana estão anunciando um novo modelo de disputa, mais animado, mais inclusivo e cheio de atrações. Entre as provas de “skins”, ou o “mistery medley”, a que mais chamou a atenção foi a inclusão da categoria paralímpica.
Assim, os dois dias de competição, as duas horas de show conforme o próprio anúncio, também terão espaço para a participação dos melhores nadadores paralímpicos das duas nações. O evento é feito e produzido para ser televisivo, é um show, e a inclusão também faz parte disso.
Está na hora de CBDA, CPB, Federações Estaduais, Associações de Desporto para Deficientes sentarem a mesa, conversarem e discutir o que pode e deve ser feito. Aqui, não é tendência, é inevitável, e a aproximação feita de forma controlada, organizada e principalmente com visão vai gerar grandes perspectivas.
Pode até não parecer, mas entre os maiores legados do Rio 2016 foi uma nova perspectiva para o esporte paralímpico no país. Ganhamos espaço na mídia, nas entidades e até mesmo na visão popular. Fui um dos afortunados que esteve nos lotados dias de Paralímpiada no Parque Olímpico da Barra onde o público era maior até do que os mais cheios dias da Olimpíada.
Está na hora de pensarmos a frente, buscarmos oportunidades e promover o desenvolvimento do esporte, para todos.
Por Alex Pussieldi, editor chefe Best Swimming
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