Esta manhã de segundo dia de eliminatórias tivemos um interessante desfalque do time dos nadadores protagonistas. Kaylee McKeown não apareceu para nadar na quinta e última série e sua raia 4 ficou vazia. Sem grandes anúncios, mais cedo a nadadora australiana estava no aquecimento e junto com a delegação.
Não demorou muito para sair o comunicado oficial da Swimming Australia de que o programa deste Mundial determinava uma estratégia diferente da comissão técnica para melhores resultados. Kaylee McKeown é a atual recordista mundial da prova dos 100 costas (57.45), atual campeã olímpica e grande favorita para vencer em Budapeste. Entretanto, o programa australiano é um programa de conceito e preparação olímpica. O que acontecer neste Mundial, é apenas mais um passo no caminho para a próxima Olimpíada.
Se nadasse as eliminatórias de hoje, a noite de McKeown iria ter a semifinal dos 100 costas as 18:56 no horário local, e 31 minutos depois a final dos 200 metros medley. Nesta última, McKeown se classificou com o terceiro tempo para a final, atrás apenas das duas americanas Alex Walsh e Leah Hayes.
Com apenas 20 anos de idade, Kaylee McKeown é das jóias mais preciosas da nova geração de nadadores australianos e já é dona de quatro medalhas olímpicas, ouro nos 100 e 200 costas, 4×100 medley e ainda um bronze no 4×100 medley misto. A ideia de nadar os 200 medley é uma possível inclusão de terceira prova para a nadadora.
McKeown mesmo com todo sucesso de Tóquio no ano passado se mudou de cidade e programa. Agora faz parte da fortíssima equipe da Griffith University e sob o comando do experiente treinador Michael Bohl busca novas alternativas para seu programa.
Assim, mesmo sabendo do programa de forma antecipada, a ideia foi maximizar o potencial de resultado de McKeown e aí sim decidir se vale a pena incluir a prova no programa da nadadora. Inicialmente, até os 400 medley apareceu no mapa, mas por conta de ser a primeira prova do programa olímpico, a ideia já foi afastada.
Ainda existe uma dúvida de que tipo de programação olímpica vamos ter para os Jogos de Paris 2024. Afinal, a FINA aumentou o número de etapas finais de oito para nove e isso ainda gera alguns questionamentos para saber exato qual será a nova organização de provas.
Por conta disso, era importante para a comissão técnica australiana e principalmente para a nadadora saber se valeria a pena incluir uma nova prova e, faltando mais de dois anos, incrementar o programa com novas séries e objetivos até lá.
Não dá para inventar, mas novas estratégias e planejamentos fazem parte de qualquer programa que esteja na busca do alto rendimento. Vale lembrar que a própria Ana Marcela Cunha e seu treinador Fernando Possenti fizeram uma alteração no programa vencedor da medalha de ouro nos 10 quilômetros dos Jogos de Tóquio do ano passado.
Diferente de 2021, quando a dupla fez o treinamento de altitude de três semanas e concluiu com uma semana ao nível do mar antes de chegar a Tóquio, o programa para Budapeste vai trazer Ana Marcela direto da altitude da mesma Sierra Nevada para chegar as vésperas do início das águas abertas no Lago Lupa, nos arredores de Budapeste.
Possenti não está inventando, está experimentando e algo que ele até já fez em uma das etapas do FINA Marathon Swim Series no Oriente Médio. O treinamento de altitude oferece estas oportunidades, descer direto, ou fazer uma pequena adaptação de uma semana ao nível do mar antes da competição principal. Exemplos de resultados que dão certo ou errado não faltam. Metabolismos são diferentes, treinamentos são distintos, nem sempre a resposta será a mesma.
A conclusão de tudo isso é que se existe um momento para experimentar novos rumos é agora. Depois pode ser tarde demais.
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