28 de julho é uma data fantástica, maravilhosa e de grandes memórias para a natação brasileira. Hoje, estamos celebrando 30 anos daquela medalha de prata (sofrida) de Gustavo Borges nos 100 metros nado livre dos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992. Também é dia para comemorar 10 anos da medalha de prata de Thiago Pereira nos 400 metros medley dos Jogos de Londres 2012.

As duas são muito especiais, e que possuem histórias de superação e conquista que aqui merecem ser rememoradas.

28 de julho de 1992, piscina Bernat Picornell, em Barcelona. Prova dos 100 livre, eliminatórias pela manhã com 75 nadadores de 52 países. Brasil com Gustavo Borges e Emmanuel Nascimento.

 

 

Gustavo era nosso melhor nadador, mas havia começado muito mal a Olimipíada. Piorou mais de dois segundos e ficou em 22o lugar nos 200 livre na abertura da competição. Dois dias depois, Gustavo se recuperou como ninguém. Nadou as eliminatórias muito bem e se classificou com o segundo tempo 49.49, atrás apenas do russo Alex Popov com 49.29.

Na final, Gustavo na raia 5, Popov na 4, e o americano Matt Biondi, então recordista mundial da prova, na raia 6. Foi Biondi que saiu na frente, virou em primeiro e liderou até os 75 metros. Gustavo passou bem, sustentou a volta, caiu um pouco mas conseguiu ficar na segunda posição enquanto Popov fez um final de prova muito forte.

Na chegada um problema no placar. Popov anunciado como vencedor 49.02, Stephan Caron da França em segundo 49.50 e Jon Olsen em terceiro 49.51. Gustavo em incrédulos oitavo lugar, algo totalmente diferente do que se viu na chegada.

Demorou alguns minutos para a primeira revisão. Gustavo pulou do oitavo para o quarto lugar, agora empatado com Biondi e ambos com o 49.53. O Brasil iniciou o processo de protesto oficial e foi determinante na revisão dos resultados. Outros tantos minutos e finalmente anunciado o resultado correto. Popov bi campeão olímpico, Gustavo Borges medalha de prata com 49.43 e Caron em terceiro com 49.50.

 

 

O Brasil voltava a um pódio olímpico em provas individuais de livre depois de 22 anos, era a segunda medalha da história do país na natação olímpica. Os americanos Olsen em quarto e Biondi em quinto faziam a primeira vez que o país não ganhava a prova desde 1968 e não subia ao pódio na mesma desde 1956.

 

 

Foi a primeira medalha de Gustavo Borges em Olimpíadas, nosso maior medalhista da história que voltou a subir ao pódio em Atlanta 1996 e Sydney 2000, somando quatro medalhas olímpicas.

28 de julho de 2012, Centro Aquático de Londres, primeira final da Olimpíada, prova dos 400 metros medley masculino. Thiago Pereira chegou até “abandonar” a prova, frustrado com seus resultados nos anos anteriores e a incessante busca por uma medalha que nunca vinha.

 

 

Nas eliminatórias, Thiago foi quarto colocado 4:12.39. A posição que ele tantas vezes havia ficado em outros torneios e desta vez com duas novidades a sua frente. O japonês Kosuke Hagino, então com 17 anos batendo o recorde da Ásia com 4:10.01 e Chad le Clos da África do Sul batendo o recorde nacional com 4:12.24.

Os dois favoritos da prova Ryan Lochte entrou com o terceiro tempo e Michael Phelps em oitavo, apenas sete centésimos da nona posição.

Na final, outra prova. Ryan Lochte nadou o tempo todo na frente, para ser mais exato, apenas os primeiros 50 metros de borboleta com Le Clos quatro centésimos a sua frente. Fora isso, só deu Lochte, do início ao fim.

Phelps se recuperou da má eliminatória, nadou na segunda posição no borboleta e costas, mas sentiu no peito e não conseguiu se recuperar no livre.

 

 

Thiago sempre gostou de passar forte, desta vez se controlou. Abriu o borboleta em quinto com 56.76 e ainda mantinha a quinta posição no parcial de costas. O peito de Thiago foi a mudança da chave na prova. Passou os primeiros 50 metros com 33.37, voltou com 35.18, 1:08.55, seu melhor parcial da carreira e por muito tempo foi o tempo líder entre os melhores nadadores do mundo na prova.

Na altura dos 300 metros, Thiago era um segundo lugar consolidado, nove décimos de segundo a frente do japonês Hagino. Thiago, mesmo fazendo 59.70 nos últimos 100 metros, conseguiu segurar a posição, tocou em segundo e com 4:08.86 igualava o seu recorde sul-americano do Mundial de Roma 2009.

 

 

Lochte ouro 4:05.18, então a segunda melhor marca da história, Thiago era prata 4:08.86, Hagino era bronze com oito centésimos atrás, e Michael Phelps, pela primeira vez desde 2000 ficava de fora de um pódio olímpico.