Segundo o Oxford Dicionário da Língua Portuguesa, DECEPÇÃO é “sentimento de tristeza, descontentamento ou a frustração de um determinado fato inesperado, que representa um mal; desilusão, desapontamento”. Entre tantas palavras que você queira usar para definir o resultado da Seleção Brasileira no Mundial de Fukuoka, não consigo encontrar decepção. E explico.

Foi um ano ruim. É inegável!

Embora sempre existam alguns resultados pontuais e positivos, os números mostram isso (link), a temporada inteira foi abaixo do nosso potencial, e principalmente histórico.

Este ano, tivemos nadadores competindo em duas etapas de TYR Pro Swim Series nos Estados Unidos, no Circuito Mare Nostrum na Europa, no Sette Colli na Itália e principalmente no Troféu Brasil. Todas as competições tiveram resultados muito regulares, bem modestos mesmo.

A Best Swimming publicou um artigo em 5 de junho (link) onde apenas dois resultados do Troféu Brasil (link) conseguiram entrar no Top 10 do mundo. Lembrando que naquela época ainda faltavam a disputa das três principais Seletivas internacionais, Estados Unidos, Austrália e França.

Mesmo reconhecendo que as condições da nossa Seletiva única tenham tido todos aqueles problemas que até já tratamos por aqui, a expectativa para este Mundial era baixa, não poderia ser outra.

O SporTV fez a cobertura da competição transmitindo todas eliminatórias e finais em plena época de Copa do Mundo Feminina, e isso é um fator muito positivo para o nosso esporte, é gigante. Embora os resultados na água não tenham vindo, precisamos ter consciência do que é ter esta plataforma ao nosso lado. A exposição de mídia e engajamento fora da bolha é fundamental para os clubes, patrocinadores, CBDA, COB e principalmente os atletas, os maiores beneficiados nesta cadeia.

Por isso as entrevistas são tão importantes na comunicação com este mundo daqui de fora, daqueles que não lêem a Best Swimming ou acompanham a Swim Channel. São pessoas que gostam de esporte, acompanham ele de forma pontual, nos grandes eventos e principalmente nos Jogos Olímpicos.

O conhecimento desta grande gama da população é mínimo, mas são fãs do esporte, e querem o Brasil brilhando. É lógico que esta falta de conhecimento não será suficiente para convencé-los de que uma melhora de tempo que fica em último lugar seja um passo a frente para nós que entendemos, mas uma entrevista mal dada, um recado mal passado, isso todos entendem.

Críticas são normais, fazem parte do processo, como também saber lidar com elas. As redes sociais são implacáveis neste processo, tanto para lhe dar um engajamento maravilhoso, como lhe criticar de forma impiedosa. A exposição conquistada pela plataforma da mídia vai expor os atletas e seus resultados a tudo isso. Não há controle, nem filtro, é saber lidar.

Alguns conseguem se manter inerentes a tudo, outros ficam afetados e, as vezes até abalados. A orientação neste processo é sempre de proteção, até porque na busca do alto rendimento de performance, o atleta fica mais vulnerável, e deve ser protegido. Seja por orientação, ou preparação.

Faltando menos de um ano para os Jogos Olímpicos de Paris precisamos reconhecer de que temos de arregaçar as mangas, trabalhar duro e mudar a rota. Atletas devem voltar focados na busca do melhor e de uma recuperação. Treinadores precisam repensar seus programas, clubes e federações otimizar seus calendários, e CBDA e COB alinhar um plano adequado.

Vale lembrar que da última vez que o Brasil voltou de um Campeonato Mundial sem medalhas foi Melbourne, em 2007. No ano seguinte, na Olimpíada de Beijing, Thiago Pereira chegou a duas finais olímpicas, e Cesar Cielo transformou o quarto lugar nos 100 metros nado livre em bronze e o sexto dos 50 livre no nosso único ouro olímpico da história.

Não pode haver melhor inspiração do que essa.

Alex Pussieldi, editor Best Swimming