Paris, arena estava linda, o cenário maravilhoso, icônico mesmo, mas a angústia, a espera por uma decisão que durou dias e no final, a frustração.
A World Aquatics, a Federação Francesa de Natação e o Comitê Paris 2024 fizeram de tudo, mas a prova dos 10 quilômetros que valeria como quarta etapa da Copa do Mundo de Águas Abertas deste ano, e principalmente como Teste Evento para a Maratona Aquática dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi cancelada.
A etapa da Copa do Mundo foi simplesmente eliminada do calendário e não deve ser disputada posteriormente enquanto o Comitê Paris 2024 ainda vai estudar uma nova data para um evento local que serviria como uma avaliação interna.
Paris e região vem de três semanas de intensas e constantes chuvas. De acordo com algumas fontes, seria a maior média para a época dos últimos 20 anos. E foi isso que comprometeu por completo a organização da prova.
Uma barragem para conter a chuva, e principalmente seus detritos, ainda não foi instalada. Isso faz parte do projeto previsto para estar em funcionamento em 2024. Julho e agosto, não são meses de muita chuva, mas este ano tiveram resultados muito acima da média.
Como a previsão do tempo era que as chuvas parassem, e pararam, a tendência era da volta dos níveis de balneabilidade para o padrão normal e pudessem ter a autorização das entidades e a realização da prova. Como o risco é grande, organizadores optaram por não realizar a prova.
Um dia depois do cancelamento, o Vereador Pierre Rabadan de Paris informou que não entendeu a decisão pela suspensão da prova, até porque, segundo ele, os níveis já teriam retornado aos níveis aceitáveis e regulares. (link)
O mesmo local icônico, em duas semanas, está marcado para receber outro Teste Evento, a prova do triatlo. A Federação Internacional de Triatlo até já indicou que a prova está confirmada e, caso as condições da água não estejam adequadas, fará uma prova de duatlo, mas no mesmo local previsto.
Diferente do triatlo, nas águas abertas não temos esta opção. Aliás, não havia qualquer plano B previsto para o que se vivenciou neste final de semana. Ou a prova seria realizada, ou não, aconteceu a segunda opção.
Desde que as Maratonas Aquáticas foram inseridas no programa olímpico em Beijing 2008, com exceção da primeira edição, todas as demais tivemos problemas de poluição e balneabilidade nas provas de Teste Evento e até nas suas realizações. Foi assim no Hyde Park de Londres e seus cocôs de patos em 2011/2012, a poluição da Baía de Guanabara para o Rio de Janeiro 2015/2016, e o mau cheio e poluição da Baía de Tóquio entre 2019/2021. Paris não é, nem será diferente.
A limpeza do Rio Sena está entre os maiores legados de toda organização dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Não pelos 1,5 bilhões de dólares do custo de toda obra de saneamento, mas principalmente pelo benefício e impacto que vai trazer a população e ao turismo na capital francesa.
Nadar no Rio Sena é algo que é proibido pelas autoridades desde 1923, e mesmo 100 anos depois, continua despertando todo este interesse e atenção.
Seguindo o cronograma de obras e ações dos organizadores, o Rio Sena vai estar liberado para o seu uso na Olimpíada, resta saber se a população terá consciência de assim mantê-lo, para o uso e benefício da cidade, seus moradores e visitantes.
Só nos resta torcer e acreditar, pois o impacto será gigante e belíssimo, deixando a festa do esporte, a Olimpíada ainda mais bonita e imponente.
Nous prierons pour cela (estaremos rezando para isso)!
Alex Pussieldi, editor chefe Best Swimming