A briga do doping mundial ganha um novo capítulo, desta vez, na disputa entre WADA e USADA, são os americanos que estão sendo atacados, e de forma veemente. A tensão mundial do doping vem sendo intensificada desde a revelação dos 23 nadadores chineses que testaram positivo em 2021 sem sofrerem qualquer tipo de punição. Os últimos meses foram marcados de discussões e críticas.
Agora, o novo capítulo começa com uma solicitação formal das agências de dopagem da Europa, Ásia e África, reclamando da política de controle e números de testagem feitos pela USADA, a Agência Anti-Doping dos Estados Unidos. Tal manifestação é liderada pela Central European Anti-Doping Organization, entidade que congrega 32 agências independentes de diferentes países da Europa.
A manifestação destaca a ineficiência e falta de controle especificamente nas competições universitárias do NCAA e nas ligas profissionais americanas. O documento que a WADA enviou para a USADA reforça esta preocupação usando alguns números da própria USADA.
O NCAA tem um sistema de controle anti-doping próprio, bem abaixo dos protocolos e das exigências da WADA, e considerado fraco até mesmo pela USADA. Acontece que mais de 1.000 atletas do NCAA de mais de 100 países estiveram nos Jogos Olímpicos de Paris. Destes 1.000 atletas, 272 deles ganharam 330 medalhas representando 26 países. Isso, segundo o documento da WADA, sem ter o acompanhamento de controle anti-doping durante todas as suas temporadas competitivas.
Paris marcou a segunda Olimpíada consecutiva onde 75% da delegação do Team USA eram atletas com afiliação do NCAA. Foram 592 atletas dos quais 444 eram atletas-estudantes do NCAA.
Pior que o sistema universitário são as ligas profissionais. Todas elas, NBA, MLB, NHL, MLS também tem seus próprios códigos de controle que são considerados ainda mais inócuos que o controle universitário.
A manifestação da WADA traz um número alarmante de que 90% dos atletas dos Estados Unidos não possuem controle anti-doping adequado. A entidade mundial também faz uma crítica da baixa quantidade de controle da entidade americana. Segundo dados oficiais, em 2023 USADA testou 7.773 amostras de 3.011 atletas, números considerados inexpressivos e longe da realidade do esporte americano, o país que mais envia atletas para os Jogos Olímpicos.
O documento da WADA cita que países como Alemanha, França, China, Rússia, Itália e Grã-Bretanha, todos com orçamento menor nas suas agências de controle anti-doping, mas todos com mais testes realizados.
A crítica da WADA traz ainda mais dados de que em 40 das 75 modalidades esportivas testadas pela USADA em 2023 não aconteceram testes em competição. “How can this be explained?” diz o documento enviado e que pode ser lido abaixo.
O tema dos “whistleblowers”, atletas que testaram positivo e ganharam benefícios ao delatar outros atletas e indivíduos também é mencionado na carta, aqui um tema que já havia sido motivo de discussão antes dos Jogos de Paris.
A dura carta enviada pela WADA em 6 de Setembro foi endereçada a USADA com cópia para o Comitê Olímipico e Paralímpico Americano.
A USADA já publicou uma nota (abaixo) que não traz qualquer justificativa apenas alega que a WADA estaria acusando a entidade por conta do caso dos nadadores chineses.
A carta da WADA pode ser conferida aqui:
https://www.ceado.org/files/doc/News/Letter-from-WADA-to-USADA_20240906.pdf
Manifestação da CEADO elogiando a WADA:
https://www.ceado.org/en/newsshow-ceado-welcomes-actions-taken-by-wada-regarding-academic-sport-and-professional-leagues
Resposta da USADA:
https://www.usada.org/statement/wadas-attack-college-athletes/