A World Aquatics surpreendeu a todos ao anunciar o seu mais novo patrocinador a duas semanas do início do Campeonato Mundial dos Esportes Aquáticos. A cerveja Corona agora é a “cerveja oficial” da entidade, ou Global Partner, como publicado em seu site.

Corona é uma cerveja mexicana, embora bastante popular globalmente, não é a mais consumida do planeta, perdendo apeans para a chinesa Snow Beer, mas detém o título de “marca mais famosa” entre as cervejas no mundo. Completando 100 anos em 2025, Corona é a cerveja importada mais consumida nos Estados Unidos e faz parte do grupo internacional AB Inbev.

A World Aquatics não será a sua primeira ação de apoio e suporte ao esporte, ela já está no boxe mexicano há décadas, como também na Seleção Mexicana de Futebol há mais de 20 anos. Corona é patrocinadora da WSL, World Surf League, e sua versão “zero” virou a “cerveja oficial” do Comitê Olímpico Internacional. LPGATour, ATP, NASCAR entre outros já têm relações de patrocínio com a marca. Agora é a vez dos esportes aquáticos?

Durante anos, e foram décadas, relações com bebidas alcóolicas eram terminantemente proibidas nos esportes aquáticos. Antes, nem a venda era autorizada nos locais de competição. Ao longo dos anos, e até mesmo pela pressão do consumidor, já faz algum tempo que se vende cervejas em Mundiais, Olimpíadas e outros eventos internacionais.

Um dos argumentos para evitar esta relação sempre foi a do exemplo para as novas gerações. Entretanto, a pressão comercial e até mesmo a experiência com outras ações mostraram que tal razão não era pertinente. Nenhum jovem foi induzido ao álcool por assistir a NBA que é patrocinada pela Budweiser, ou na Champions League onde a Heineken é a patrocinadora master, entre outros tantos exemplos.

A linha tênue da relação comercial e o impacto na comunidade parece ter traçado novos rumos. A World Aquatics vem numa nova política de entidade. Mudou seu nome, seu logo, suas ações. Ao incluir nova linha de patrocinadores não muda seus princípios, mas ajusta os parâmetros comerciais a realidade de seus projetos.

Ainda não se sabe o valor do patrocínio e detalhes do contrato da relação Corona com a World Aquatics, mas o preço e as consequências desta nova linha vai ter impacto em múltiplas camadas. Ter o apoio de uma bebida alcóolica não necessariamente vai ser um incentivo a juventude a beber, e talvez este será o grande desafio na forma como isso será abordado nas campanhas.

Isto também pode gerar um efeito cascata, onde federações nacionais, competições, clubes e até atletas possam também entrar na linha dos patrocínios.

Dá um pouco de medo do que possa vir a frente, afinal não queremos de forma alguma qualquer relação com tabaco e o maior temor e ameaça, as apostas esportivas. Estas, que já existem em Jogos Olímpicos, é uma das grandes preocupações dos dirigentes que sabem que, embora com um valor de mercado gigante, podem comprometer e macular as disputas esportivas.

Novos tempos…

Alexandre Pussieldi, editor chefe do Grupo Swim Channel