Desta vez vai ser remoto, não vou estar presente em Singapura para o Mundial, mas com muita vontade de voltar onde estive há alguns anos e me apaixonei pelo local.
Singapura, cidade-estado, assim como o Vaticano e o Principado de Monaco, países de uma cidade só. Embora rodeada por ilhas menores, só existe ela Singapura. Aliás, já foi, por muitos anos Cingapura na língua portuguesa brasileira, mas desde o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, e a consequente unificação com o português das outras oito nações que falam nossa língua, é Singapura com S.
Um lugar quente, úmido, com duas estações anuais, a seca que vai de Janeiro a Março, e a molhada no restante do ano. Para quem já foi em Singapura ou mora por lá diz que são duas estações distintas, uma que chove pouco e outra que chove muito. Outubro é o mês de mais chuvas, superando 60% de incidência.
Outra coisa característica de Singapura são tempestades, mais de 160 por ano. Isso quer dizer raios, e se os treinos ou competições foram em piscina ou local externo grandes chances de suspensão. As regras são bem similares as executadas nos Estados Unidos e que foram motivo de críticas durante a Copa do Mundo de Clubes. Ainda bem que a natação é em piscina coberta, mas as águas abertas correm este risco. Vale destacar que a incidência de raios e tempestades pela manhã é menor, muito menor. Ainda bem.
Singapura é um lugar de excelente retrospecto em sediar eventos. Os primeiros Jogos Olímpicos da Juventude em 2009, nasceram por lá. Por anos o país tem sido sede de Copas do Mundo de Natação de Águas Abertas e até um Campeonato Mundial Júnior de Natação, este há 15 anos e que traz uma série de nadadores que foram revelados naquele evento de volta ao país agora para o Mundial principal.
Um país com números expressivos e impressionantes. É uma nação jovem, apenas 60 anos de vida numa história um tanto diferente ao ser praticamente “expulsa” da Malásia. A pobreza da sua origem se transformaram num dos chamados Tigres Asiáticos. Mais do que isso, Singapura hoje tem o melhor sistema de saúde público do mundo, o melhor nível de educação pública, a melhor qualidade de vida, e a maior expectativa de vida da população.
Mas nem tudo são flores, num estado que ainda se orgulha de uma segurança pública implacável e onde a criminalidade praticamente não existe, o país todo é monitorado. 24 horas por dia, câmeras em todos os locais e fora os chamados aplicativos Singpass que passaram a ser utilizados durante a Pandemia e passaram a ser parte da realidade nacional.
É um país de muitas proibições, muitas mesmo. A World Aquatics até se preocupou em publicar uma cartilha do que “se pode e não se pode” fazer em Singapura. As proibições que levam a pesadas multas incluem jogar lixo, cuspir, comer ou beber em transporte público, beijos e carinhos em excesso em público, omascar chicletes, dar comida a pombos na rua, não dar descarga em banheiros públicos, entre outras tantas.
Algumas destas proibições são estranhas, como tocar a cabeça de uma outra pessoa, cabeça é considerada uma parte sagrada ou mostrar a sola do pé, já que isso é considerado muito sujo. As proibições mais sérias e que levam a prisão incluem o consumo ou o transporte de drogas, andar sem roupas, mesmo que em sua casa e que alguém consiga ver pela janela e o uso de cigarros eletrônicos. Aliás, fumar é permitido, mas somente em áreas designadas e marcadas com amarelo no piso.
Casa própria é outro orgulho de Singapura, 90% da população tem a sua casa própria, grande parte deste total em residências providenciadas pelo governo.
Um país moderno e que investe em tecnologia. Até demais, pois já é bem comum ver robôs dando multas nas ruas para carros mal estacionados. Robôs estão em restaurantes, hotéis, hospitais, escolas.
Se tem alguma coisa que não vai bem em Singapura é o crescimento da população. Seja pelos custos de vida alto ou até mesmo pelo estilo de vida, as famílias tem cada vez menos filhos. A previsão indica que em 2050 mais de 50% da população vai ter mais de 60 anos.
Das coisas que mais orgulha o país é o Aeroporto de Singapura. Considerado o mais moderno do mundo onde existem jardins e até uma grande cascata, além de piscina para nadar entre outros grandes serviços. A obra custou 1,5 bilhões de dólares.
Uma cidade que fala inglês mas que mistura forte influência chinesa e malaia. Bonitos templos e estátuas. O símbolo de Singapura é um animal diferente, metade leão metade sereia. Por sinal, a palavra Singapura tem origem de “cidade do Leão”.
Uma extensão territorial que pode ser coberta em um par de horas, isso se fugir do péssimo trânsito, um dos problemas de Singapura, mas um país bonito, moderno e muito arborizado.
Esta é Singapura, com suas regras rígidas regras e leis, sistema policial e judiciário duríssimos, oferecendo uma boa qualidade de vida numa sociedade diferente e que nos recebe neste ano. O país recebe o Mundial dos Esportes Aquáticos, o Mundial Masters e ainda o Mundial Paralímpico de Natação.
É a capital mundial da natação em 2025.
Alex Pussieldi, editor chefe da Best Swimming e Grupo Swim Channel.