Os dois nasceram no mesmo mês, no mesmo ano, na mesma cidade. Foram federados pelo mesmo clube, treinaram e competiram juntos a vida toda. Se mudaram para os Estados Unidos na mesma época e estarão juntos novamente para representar suas universidades no Campeonato Americano Universitário do NCAA Divisão I de 22 a 25 de março próximo em Indianápolis.

Eles são Vinicius Lanza e Rodrigo Correia, os dois brazucas que representarão o Brasil no NCAA deste ano. Detalhe que ambos chegaram a natação universitária americana pelo mesmo caminho, com a mesma assistência da empresa Dream Big dos nadadores olímpicos Henrique Barbosa e Nicolas Oliveira.

Vinicius Moreira Lanza completa 20 anos no dia de abertura do NCAA. Vai ser sua segunda participação na mais disputada competição universitária do planeta. No ano passado, foi o melhor resultado brasileiro com duas finais B, 10o nos 200 borboleta (1:41.80) e 11o nos 100 borboleta (45.98).

Nascido em Belo Horizonte, no dia 22 de março, Lanza começou a nadar na Academia Gota da capital mineira. Nadador de destaque local nas categorias menores, Lanza foi finalista brasileiro no infantil, mas nada de pódio. No Juvenil I, nem final na sua principal prova pegou. A “virada” começou no Juvenil II onde sagrou-se medalhista nacional pela primeira vez, prata no inverno e verão e uma melhora significativa terminando o ano com 55.47.

Vice campeão mundial júnior 2015 nos 100 borboleta

Em 2014, no Júnior I, Vinicius Lanza foi finalista de Maria Lenk e Open, e pela primeira vez campeão brasileiro marcando 54.12. O melhor ano estava por vir, e a constante progressão veio quebrando os 54 segundos pela primeira vez no Maria Lenk de 2015 garantindo uma vaga no time para o Mundial Júnior de Singapura. Lá, Vinicius foi a primeira medalha brasileira levando a prata nos 100 borboleta com 52.88, atrás apenas do russo Danil Pakhomov.

Em janeiro de 2016, Vinicius ingressou na Universidade de Indiana e sob o comando de Ray Looze conquistou vaga para o NCAA onde bateu os recordes brasileiros dos 100 e 200 borboleta em piscina de jardas. Em abril, sem conseguir a vaga olímpica, Lanza nadou os 100 borboleta no Maria Lenk para 52.75 conquistando seu primeiro título nacional depois de um 52.22, o melhor tempo do país no ano.

De volta aos Estados Unidos, se sagrou campeão americano de inverno nas provas de 200 borboleta e 200 medley ficando com a prata nos 100 borboleta atrás apenas de Tom Shields. No mês passado, Indiana se sagrou campeão da Conferência Big Ten e Lanza foi um dos destaques da equipe com vitórias em duas provas individuais além de estar em dois revezamentos campeões. Foram cinco provas, cinco medalhas, quatro ouros e uma prata.

Para o NCAA, a expectativa de Lanza é maior do que no ano passado. Nas três provas individuais que está classificado, todas entre os oito melhores tempos do ano. Um pódio é algo difícil, mas não impossível. Lanza sabe disso, seu treinador muito mais.

Rodrigo Quadros Correia é nove dias mais velho que o companheiro Vinicius Lanza. Nesta segunda-feira, Correia completa 20 anos vivenciando a melhor fase de sua carreira. Mineiro de Belo Horizonte, nasceu no dia 13 de março de 1997 e junto com Lanza cresceu nas categorias inferiores do Minas.

Como Lanza, também foi daqueles nadadores que cresceu a partir do júnior. No infantil, chegava nas finais, mas nada de medalha. No Juvenil, ganhou bronze nos 200 costas. Foi no Júnior I que a coisa começou a virar. Foi vice campeão brasileiro em 2014 ganhando classificação para a Seleção Brasileira Juvenil no Sul-Americano de Lima, no Perú. Junto com ele, Vinicius Lanza.

Lá, os dois subiram ao pódio seis vezes em provas individuais. Lanza, ouro nos 50 e 100 borboleta, 200 medley, bronze nos 200 borboleta enquanto Correia foi prata nos 50 e 100 costas. No final do ano, depois de fazer a sua primeira final de Brasileiro Absoluto, e ser medalhista de bronze na categoria júnior, nos 100 e 200 costas, Rodrigo Correia embarcava para os Estados Unidos.

Foi treinar na Georgia Tech University, em Atlanta, na piscina que sediou os Jogos Olímpicos de 1996. Lá, conseguiu terminar a temporada batendo recordes e concluindo com nove resultados em diferentes provas no ranking Top 10 da universidade.

Seu melhor nas 100 jardas costas na temporada passada foi 47.13. Nas competições deste ano, nadou para 46.62, novo recorde da Georgia Tech. Na Conferência ACC nadou o revezamento 4×100 medley se tornando no primeiro nadador brasileiro da história a nadar as 100 jardas costas abaixo dos 46 segundos. Marcou 45.65, 16o tempo do NCAA, novo recorde brasileiro da prova em piscina de jardas. Igual ao seu companheiro, Lanza que já detém os recordes dos 100 e 200 borboleta e 200 medley.

Os dois vão nadar numa das mais famosas piscinas da natação americana. O Natatorium em Indianápolis, local de três seletivas olímpicas americanas. A piscina vai sediar o Campeonato Americano de Verão deste ano, seletiva para o Mundial de Budapeste e também o Mundial Júnior em agosto.

Os resultados dos dois, mais a boa receptividade aos brasileiros, abriu as portas para outros nadadores tupiniquins. Em Indiana, Vinicius Lanza recebeu em janeiro a companhia de Maria Paula Heitmann e a partir de agosto chega outro mineiro, Gabriel Fantoni. Na Georgia Tech, Rodrigo Correia vai recepcionar Caio Pumputis, nadador do Pinheiros.

A natação universitária americana é uma oportunidade imensa para o nosso esporte. Os números confirmam a grande quantidade de medalhistas olímpicos que passaram pelo sistema NCAA. É treinar em alto nível, competir em alta performance, e seguir na formação acadêmica com a perspectiva de uma boa carreira. Na próxima semana, Rodrigo Correia e Vinicius Lanza vão deixar os livros um pouco de lado e nadar em busca da glória de uma das mais difíceis competições da natação mundial.

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