A partir do dia 6 de Maio, na piscina do CDA no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, por seis dias, com eliminatórias e finais, um grupo de centenas de atletas, aqueles que fazem parte da elite da natação brasileira, irão lutar pelos seus sonhos. Vão realmente sair em busca de que seus sonhos possam se tornar realidade.

Quando mencionamos “sonhos” falamos em vaga olímpica. Não tem coisa mais sublime, mais exponencial e grandiosa para quem pratica esporte de alto rendimento de se tornar olímpico. É sonho de infância, de vida, e quem vive e faz o esporte sabe identificar com precisão a grandiosidade de tudo isso.

O “ser olímpico”, entretanto, precisa estar atrelado a uma série de processos. E nem falo dos anos e anos de treinamento, muitas pesquisas apontam que um atleta olímpico se faz em 10 a 12 anos de trabalho. Falo do comprometimento propriamente dito. Para você chegar lá, na piscina do CDA e fazer a sua marca e se tornar olímpico, você precisou passar anos pensando como olímpico, treinando como olímpico, comendo, dormindo, sonhando, mas acima de tudo comprometido em ser olímpico. A marca, e o título (isso mesmo olímpico é título), são apenas produtos, resultados de todo estes esforços canalizados para um objetivo.

Ninguém se tornará olímpico por acaso.

Como também ninguém pode tirar o direito de alguém sonhar, de um atleta que vai em busca de algo que pode parecer difícil, ou até “impossível”, ninguém. Se você fez todo processo, trabalhou duro o suficiente para ir atrás desta marca, continue sonhando e mais que isso vá em busca de fazê-la realidade.

Não canso de repetir, os índices de Paris 2024 são os mais difíceis da história. O 14o lugar das eliminatórias da última Olimpíada nos oferece um desafio jamais visto. Em três provas femininas (100m livre, 200m costas, 200m peito e 200m borboleta) você precisa quebrar o recorde sul-americano para se tornar olímpica e duas delas tem de quebrar o recorde brasileiro (100m peito e 800m nado livre feminino). E daí? Não é impossível, mas não é mesmo!

Com índices tão difíceis, CBDA e COB identificaram que nada poderia dar errado nesta Seletiva. Os treinadores pediram piscina coberta, pediram que fosse realizado a nível do mar, escolheram o programa de provas, o formato do evento, tudo foi contemplado. O objetivo é um só: fazer o melhor time possível para o Brasil.

Os esforços seguem, a preparação também, seja dos atletas, seja da organização, nada pode dar errado. Os índices são difíceis, e os sonhos são altos.

É lógico que, como Mateus 22:14 disse, “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”.

Aqui reforço algo que sempre acreditei. Por muitas vezes, identifiquei que nadadores brasileiros tem dificuldade em digerir. Estar a um, dois, três segundos, ou mais da marca olímpica, muitas vezes (quase sempre) faz com o que nadador brasileiro já entre na Seletiva em busca de “baixar o meu tempo” ou “tentar entrar na final” ou até “vou para uma final B”.

Posso garantir a vocês que tal tipo de pensamento não existe na natação americana. Não existe! É impressionante como eles SEMPRE acreditam, eu até diria que é único, pois não vi este tipo de comportamento em nadadores de outros países. É realmente cultural, está intrínseco na sua formação esportiva. Aqui até existe uma orientação para os atletas que participam do US Olympic Trials, que todos levem seus passaportes para a competição, eu falei todos! Estamos falando da melhor natação do mundo, porque não tentar aprender com ela?

Eu sou brasileiro, embora more nos Estados Unidos há 25 anos não consigo me desligar das minhas raízes, e até mesmo da minha formação como pessoa. Eu sei que este SONHAR é algo pouco, ou quase nunca, difundido entre nós. Falo diretamente a você dirigente, treinador, familiares e principalmente atletas.

Se este editorial parece um pouco difuso ou confuso, faço minhas palavras serem bem claras. Se você está na elite da natação brasileira e estará participando da Seletiva Olímpica no Rio de Janeiro a partir de 6 de Maio você só pode ter um objetivo na cabeça: fazer a marca! É só isso! Mais nada…

Nem falo em “fazer o time”, afinal, tem gente que pode fazer a marca a sua frente e você mesmo tendo feito o índice não terá como controlar o esforço e o desempenho dos seus adversários, mas o seu próprio, ah isso é com você.

Assim, faltando poucos dias para a Seletiva Olímpica para Paris 2024, a mensagem deste editorial é direta para você. A missão é única, vamos em busca das marcas e fazer este sonho virar realidade. Se não conseguir, não tem problema afinal, “Success Is a Journey Not a Destination”.

By Alex Pussieldi, editor chefe Best Swimming.