Texto de 2011

Texto de 2011

 

Confira os três textos que Daniel Takata produziu para vencer os prêmios da FINA Aquatics Magazine nos anos de 2011, 2012 e 2013.

O Maior Espetáculo da Terra

Ao conquistar a medalha de ouro nos 400m medley no Mundial de Xangai, Ryan Lochte entrou para um grupo seleto: o dos nadadores que conquistaram seis ou mais medalhas em uma edição de Campeonato Mundial.

Além dele, integram o clube os americanos Matt Biondi e Michael Phelps e os australianos Michael Klim e Ian Thorpe.

O que todos esses nadadores têm em comum? Além de serem os grandes fenômenos de suas épocas (podemos dizer: de todas as épocas), todos foram medalhistas nos 200m livre. Em uma hipotética disputa, quem venceria?

Esqueçam suas marcas. Imaginem todos alinhados nas mesmas condições. Ao sinal de partida, Klim, com suas vigorosas golfinhadas, sairia na frente, como em 1998. Mas, como bom velocista, logo Biondi assumiria a ponta e viraria a primeira metade da prova na liderança, exatamente como em 1986.

Seria quando Lochte, com oito golfinhadas após explodir da parede, emergiria do nado submerso meio corpo à frente dos concorrentes, como fez em sua vitória de 2011. Phelps ainda teria fôlego para fazer o mesmo na última virada, artifício que lhe deu o ouro com recorde mundial em 2007. E Thorpe ainda teria reservado aquele que talvez foi o melhor final de prova da história, em 2001.

Quem venceria? Quem sabe? Phelps tem o melhor tempo, mas a natação, assim como a vida, desafia a lógica. Uma única vez, no revezamento 4x200m em Atenas/2004, Klim, Thorpe, Phelps e Lochte dividiram a mesma piscina. Ninguém acreditava na derrota dos australianos. Acreditava?

Texto de 2012.

Texto de 2012.

O 25 Mágico

O que os 100m livre e os 10 quilômetros, as provas nobres de piscina e águas abertas, eventos tão extremos, podem ter em comum? Resposta: o número 25. Nos Jogos Olímpicos, ele foi fundamental para os vencedores.

Em 1992, Alexander Popov foi o primeiro na história a cumprir a segunda metade dos 100m livre com um tempo abaixo de 25 segundos. A partir de então, isso praticamente virou regra para separar os bons dos grandes nadadores.

20 anos depois, ainda são poucos capazes. Em Londres, dos que tiveram uma passagem forte na casa dos 22s, o americano Nathan Adrian e o australiano James Magnussen foram os únicos que voltaram abaixo de 25s. Não por acaso, terminaram nos lugares mais altos do pódio.

Na maratona aquática, o 25 já era de fundamental importância, pois era o número de participantes de cada sexo. Mas alguém notou que os vencedores, a húngara Eva Risztov e o tunisiano Oussama Mellouli, ambos tinham o mesmo número de identificação, estampado em seus braços, costas e mãos durante suas provas? Sim, era o 25.

Entre os nadadores que prestigiavam as provas no Hyde Park, estavam Adrian e Magnussen. Por um momento, no mesmo cenário, o número 25 reuniu as virtudes de vencedores de tão diferentes eventos.

Uma das marcas registradas dos bem-humorados voluntários que participaram dos Jogos eram suas gigantes luvas roxas, com as quais pediam um “high five” (expressão inglesa para “high five”) para os que cruzavam o caminho. Ao término das provas de natação, talvez o mais adequado fosse um “high twenty five”.

Texto de 2013

Texto de 2013

O Retorno do Rei

Certo dia desses, Johnny Weissmuller apareceu no Palau Sant Jordi, em Barcelona, durante as disputas do Mundial de Esportes Aquáticos.

Ele se sentou ao meu lado e o reconheci de imediato. O primeiro homem a nadar os 100m livre abaixo do minuto e o mais famoso Tarzan da história.

Não perguntei como aquilo era possível. Estou meio alheio às inovações da modernidade e sempre achei que já estava na hora de uma viagem no tempo se concretizar. Ah, essa tecnologia.

Ele chegou a tempo de ver o nome de Christian Sprenger como vencedor da última prova realizada, com o tempo de 58s79. Weissmuller me disse: “depois de tantos anos, eu ainda venceria essa prova com meu 58s6 da Olimpíada de 1928.”

Resolvi não esclarecer que o resultado era dos 100m peito, e não dos 100m livre. Achei que o choque de realidade poderia ser demais.

Alguns dias depois, ele apareceu durante a final dos 100m livre feminino. Fez um olhar irônico de reprovação ao ver as atletas executando a cambalhota na virada. Saiu antes que a prova terminasse. Não viu as primeiras colocadas terminarem com tempos abaixo de 53 segundos, cinco segundos mais rápido que ele. Novamente, foi melhor assim.

Também o vi no último dia de disputas das provas de high diving, no Moll de la Fusta. Ele subiu à plataforma de saltos e de lá pulou, soltando seu inconfundível grito de Tarzan. Foi reconhecido e aplaudido por todos os presentes.

A natação mudou muito desde a sua época. Mas algumas coisas permanecem para sempre. Ah, essa tecnologia!

2 respostas
  1. jose carlos gomes
    jose carlos gomes says:

    Agradecimento ao site pela publicação dos 3 textos que melhor demonstram o conhecimento e estilo do autor. Concordar ainda com o bem lançado comentário do Professor Doutor Rubens Camargo sobre o “Maior Espetáculo da Terra”.

  2. Rubens de Figueiredo Camargo
    Rubens de Figueiredo Camargo says:

    Desculpem-me pelo último post!!!
    Obrigado por terem postado aqui os outros textos!

    Os três textos são espetaculares, mas para mim o “Maior espetáculo da terra” foi o melhor!

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