O jornal O Globo publicou em matéria na semana passada que a meta para o Brasil é ter zero casos de doping nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. O objetivo foi dado pelo Secretário Nacional para a ABCD – Associação Brasileira de Controle Anti-Dopagem, Marco Aurélio Klein.

A entidade nasceu entre as mudanças que aconteceram no esporte nacional e principalmente após o fechamento do único laboratório que fazia controle anti-doping no país. O LADETEC foi descredenciado pela WADA após irregularidades no processo de coleta e análise, comprometendo a sua validade.

Agora, o novo laboratório está em fase final de construção, novos equipamentos, novo nome, Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem e com uma estimativa de poder fazer cerca de 2.500 testes em atletas brasileiros, já a partir deste ano.

A meta de Klein é poder começar a testar, e fazer controles dos principais atletas brasileiros, para quando chegarmos ao Rio 2016, tenhamos uma equipe 100% limpa.

A meta vai apenas confirmar uma tradição. Os exames anti-doping foram instituídos pelo COI nos Jogos Olímpicos desde 1968 no México. Desde então, apenas duas Olimpíadas tiveram atletas da casa testando positivo.

Em 1976, nos Jogos de Montreal, Lorde Liebel do iatismo pela substância Phenylpropanolamina foi um dos 11 testes da Olimpíada, a única canadense.

Pior mesmo foi em Atenas na Grécia, em 2004. Foi a Olimpíada mais “suja” até hoje, 34 casos positivos. Os gregos, donos da casa, os mais sujos, cinco casos. Andrew Brack do beisebol com estanozolol, Dereck Nicholson também do beisebol com diurético, Leonidas Sampanis do levantamento de peso com testosterona, e a dupla Konstantinos Kenteris e Ekaterini Thanou do atletismo que perderam, ou fugiram, do teste.

Kenteris e Thanou não se apresentaram para o teste as vésperas dos Jogos e criaram uma história de um possível acidente de motocicleta para não se apresentarem. Foram afastados da competição e passaram anos em brigas judiciais com as entidades esportivas e a polícia na Grécia.

O doping no esporte tem sua origem ainda nos primórdios da história. Nos antigos Jogos, diziam que guerreiros comiam carne de lagarto preparadas de forma especial para dar força extra nas disputas. O primeiro caso documentado de doping é do corredor Thomas Hicks, vencedor da maratona dos Jogos de 1904 em Saint Louis, nos Estados Unidos.

Hicks venceu a maratona, mas durante a prova recebeu duas doses de estricnina além de algumas doses de conhaque. Ao completar a prova, Hicks passou mal e teve de ser socorrido.

O doping passou a ser alvo de muita discussão na década de 60. Foi nos Jogos de 1960 em Roma quando o ciclista dinamarquês Knud Enemark Jensen passou mal e faleceu na prova. Na autópsia do corpo foi encontrada a substância anfetamina.

A morte de Jensen foi a prova que faltava para o COI determinar um novo controle para evitar o uso endêmico das drogas no esporte. Em 1967, o COI baixa uma norma aprovando os exames anti-doping a partir dos Jogos de 1968.

Na primeira Olimpíada, o primeiro caso veio com o pentatleta Hans-Gunnar Lijenwall da Suécia. Seu exame indicou um grau elevado de álcool e por conta disso perdeu a sua medalha de bronze.

Veja o número de doping em Jogos Olímpicos até hoje:

ANO JOGOS CASOS DE DOPING CASOS DO PAÍS SEDE
1968 México 1 0
1972 Munique 6 0
1976 Montreal 11 1
1980 Moscou 0 0
1984 Los Angeles 12 0
1988 Seul 10 0
1992 Barcelona 5 0
1996 Atlanta 2 0
2000 Sydney 13 0
2004 Atenas 11 5
2008 Beijing 18 0
2012 Londres 15 0

Em Jogos Olímpicos, o Brasil já teve três casos positivos, ocorridos nas duas últimas Olimpíadas. Em 2008, os cavalos de Bernaro Alves e Rodrigo Pessoa testaram positivo nos primeiros casos de nossa história olímpica.

Bernardo Alves teve o seu cavalo testado para Capsaicin e Rodrigo Pessoa para Nonimavide.

Em 2012, as vésperas de viajar para Londres, a remadora Kyssya Cataldo testou positivo para EPO terminando ali o seu sonho olímpico, nosso terceiro caso nos dois últimos Jogos Olímpicos.

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