As controvérsias dos campeões olímpicos da natação & doping

O doping de Tae Hwan Park chocou o mundo. É mais um campeão olímpico da natação que aparece na lista dos testes positivos. Park foi ouro nos 400 livre dos Jogos Olímpicos de Beijing em 2008 e ainda tem mais três medalhas de prata em três Olimpíadas disputadas.

Considerado um dos mais populares atletas da Coréia do Sul, a notícia explodiu como bomba nos noticiários e jornais do país. O fato não só ganhou maior proporção, graças a vitória da Seleção de futebol sobre o Iraque ganhando vaga na semifinal da Copa da Ásia.

Rick DeMont

A natação olímpica desde a instituição do controle anti-dopagem em 1968 na Cidade do México, teve apenas um caso ocorrido nas Olimpíadas. Foi com o campeão dos 400 livre dos Jogos de 1972 em Munique, o americano Rick DeMont.

Asmático, ele utilizou uma medicação sem o Comitê Olímpico Americano providenciar a autorização específica. Perdeu o ouro e foi buscar na justiça os seus direitos. O Comitê Olímpico Americano reconheceu o erro e tenta, sem sucesso, até hoje uma revisão do COI que nunca aconteceu.

Cláudia Poll

Fora isso, os campeões olímpicos tiveram problema com doping, mas fora dos Jogos. Foi assim com duas campeãs de 1996 em Atlanta. Claudia Poll da Costa Rica campeã dos 200 livre testou positivo em 2002 para Nandrolona e foi suspensa por quatro anos. Tentou na justiça esportiva reverter o caso, tendo sua pena acabou reduzida para dois anos em tempo para poder nadar sua última Olimpíada em Atenas 2004.

Michelle Smith

Michelle Smith da Irlanda ganhou três provas em Atlanta, 400 livre, 200 e 400 medley, sob intensa desconfiança internacional. Sem grandes resultados prévios e aos 27 anos, a controvérsia ficou ainda maior dois anos depois, quando sua urina em um teste surpresa foi contaminada com álcool. Foi punida por quatro anos e nunca mais voltou a nadar competitivamente.

Os americanos Jon Olsen e Gary Hall Jr. têm combinados sete medalhas de ouro em quatro Olimpíadas. Bons companheiros e parceiros testaram positivo em um teste surpresa dos Jogos de 96 em Atlanta, após fumarem maconha dentro da Vila Olímpica. A maconha entrou na lista das substâncias proibidas meses antes dos Jogos, mas suas punições só passaram a valer após a Olimpíada. Assim, os dois acabaram apenas advertidos.

Gary Hall Jr.

Dois anos depois, Gary Hall foi pego em novo teste surpresa por maconha, desta vez punido com uma multa e suspenso por três meses.

O australiano Ian Thorpe foi cinco vezes campeão olímpico nos Jogos de 2000 e 2004 e reconhecido como um dos maiores nomes da natação de seu país, Thorpe foi motivo de duas fortes especulações de doping em sua carreira. A primeira delas em 2000 na Alemanha. O então head coach da Seleção Alemã Manfred Thiesmann acusou o nadador de doping em polêmica que se extendeu por vários meses, sem qualquer prova.

Ian Thorpe

A segunda, esta mais forte, e concreta, foi apresentada pelo jornal francês L’Equipe que publicou detalhes de um teste de Thorpe em maio de 2006 indicando níveis anormais de testosterona. Absolvido pela WADA, Thorpe acabou processando o jornal.

A americana Jessica Hardy foi pega no doping antes de ir a sua primeira Olimpíada. A nadadora testou positivo na Seletiva Americana de 2008 e ficou fora dos Jogos de Beijing. Seu teste indicou a presença de Clenbuterol e a nadadora foi suspensa por dois anos.

Jessica Hardy

Sua pena acabou reduzida para um ano ao provar que seu suplemento apresentava contaminação com uma substância proibida. Hardy também teve outra batalha jurídica, desta vez contra o COI conseguindo acabar com uma regra que determinava quatro anos de suspensão para os casos de doping o que representaria ficar de fora de Londres em 2012.

Beneficiada pela queda da regra, Hardy esteve nos Jogos e integrou o time americano do 4×100 medley medalhista de ouro tendo nadado o parcial de peito nas eliminatórias.

Oussama Mellouli

Outro que foi pego no doping antes de ir a Olimpíada foi o tunisiano Oussama Mellouli, por sinal, companheiro de treinamento de Hardy no Trojans Swim Club na Califórnia. Mellouli testou positivo no US Open de 2006 para o remédio Adderall, uma medicação bastante utilizada por estudantes universitários nos Estados Unidos. Ele recebeu apenas uma advertência da Federação da Tunísia. e depois de se sagrar campeão mundial em 2007 nos 800 livre, a FINA anunciou uma punição de dois anos de suspensão para o nadador.

Mellouli recorreu e o caso foi parar no Tribunal da Corte Suprema do Esporte tendo a pena sido reduzida para 18 meses, o suficiente para ele se classificar para Beijing onde foi campeão dos 1500 livre.

Nosso único campeão olímpico também conviveu com a controvérsia do doping. Três anos depois do título dos 50 livre em Beijing, César Cielo, junto com Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinicius Waked testaram positivo para um diurético no Troféu Maria Lenk de 2011.

Alegando uma contaminação cruzada em cápsulas de cafeína e apresentando documentação da farmácia de manipulação, os quatro foram apenas advertidos pela CBDA, que cancelou seus resultados. A FINA discordou da decisão do Painel de Doping da CBDA e recorreu para o Tribunal da Corte Suprema. O julgamento feito em Shanghai, na China, as vésperas do início do Campeonato Mundial, confirmou a punição da CBDA para Cielo, Nicholas e Henrique. Apenas Vinicius Waked teve a sua pena incrementada para um ano por ser reincidente.

A decisão da advertência a Cielo causou um furor internacional. Muitos jornalistas e principalmente atletas,  protestaram pela decisão. No Mundial, no dia em que Cielo se sagrou campeão dos 50 borboleta,  algumas vaias foram escutadas na área dos atletas.

Sun Yang

Um dos casos que mais atenção (e protestos) da imprensa foi o teste positivo do chinês Sun Yang campeão olímpico em Londres nos 400 e 1500 livre. Seu doping foi anunciado depois que ele já havia cumprido a pena de três meses.

Yang testou positivo para Trimetazidina no Campeonato Chinês em maio do ano passado. Alegando se tratar de um remédio para tratar de um problema no coração recebeu uma punição de três meses cumprida antes de disputar os Jogos da Ásia em outubro. O resultado do teste e a punição só foram anunciados mais de um mês depois da competição. O médico Ba Zhen foi punido por um ano de inegibilidade, mas foi visto atuando junto com o nadador nos Jogos da Ásia.

O maior nadador olímpico da história, Michael Phelps é também um dos mais testados. Dono de 18 medalhas de ouro olímpicas, Phelps foi apresentado como o mais testado atleta da história dos Estados Unidos em dados divulgados pela USADA. Entretanto, Phelps cumpriu uma punição da USA Swimming em 2009 por três meses após aparecer em uma foto fumando maconha.

A punição sem teste foi uma decisão da USA Swimming preocupada com a péssima repercussão que o caso tomou na época quando um jornal inglês publicou a foto de Phelps fumando num bong.

Os casos de doping dos campeões olímpicos não são muitos, mas todos, sem exceção, foram controversos. Não seria diferente para o sul-coreano Tae Hwan Park que alega ter recebido uma injeção de um médico quiroprático dois meses antes dos Jogos da Ásia.A tal injeção estaria com uma substância proibida e Park e seus agentes preparam para uma ação civil e criminal contra o médico e o hospital onde foi aplicada a mesma.

Enquanto se espera por mais detalhes, o caso é mais um que ganha espaço nesta rica história de polêmicas com os campeões olímpicos e o doping.