Quem não assistiu a etapa da Copa do Mundo da FINA de Tóquio, perdeu.

Mitchell Larkin deu um show de natação em performances muito fortes e faltando 10 meses para os Jogos Olímpicos do Rio se candidata não só como favorito para os títulos dos 100 e 200 metros nado costas como também para a quebra dos respectivos recordes mundiais.

Australia's Mitchell Larkin celebrates with his gold medal after winning the men's 200m backstroke final at the Aquatics World Championships in Kazan, Russia August 7, 2015. REUTERS/Stefan Wermuth

Campeão mundial em Kazan REUTERS/Stefan Wermuth

Sua estréia no Circuito da Copa do Mundo veio com das duas melhores performances masculinas da etapa de Tóquio. Ontem, nos 100 costas, 52.48, apenas 11 centésimos acima da sua melhor marca pessoal, recorde da Austrália e da Oceania. Foi a sétima vez nadando abaixo dos 53 segundos, todas na atual temporada.

Hoje, ele foi mais longe. Venceu os 200 costas com 1:53.34, melhor tempo do mundo na temporada, recorde australiano e da Oceania. Em Kazan, Larkin foi campeão mundial da prova com 1:53.58.

A melhora de Larkin é impressionante. sua evolução aponta uma curva ascendente e coloca os recordes mundiais das duas provas em ameaça.

Veja a sua evolução nos 200 costas:

ANO

TEMPO RANKING AUSTRALIANO

RANKING MUNDIAL

2011

1:59.09 2

42

2012

1:56.82 1

11

2013

1:56.79 2

15

2014

     1:55.26 1

5

2015

1:53.34 1

1

Mitchell Larkin é natural de Brisbane, local onde mora e treina até hoje.Tem 22 anos de idade, está há oito com o técnico Michael Bohl no St. Peters Aquatics. Treina na St. Peterrs Lutheran College, localizada em Inooroopilly, um subúrbio de Brisbane. Combina os treinamentos com o curso de engenharia numa universidade local.

Bohl é conhecido e reconhecido por seu trabalho. Treinador de Stephanie Rice e Tae Hwan Park nos seus melhores resultados olímpicos, Bohl combina trabalhos de longa metragem com alta intensidade. Recentemente o site americano Swimswam publicou duas séries anaeróbicas feitas com Larkin:

1. 2 x
4 x 25 a cada 1:30 forte
4 x 50 a cada 1:30 forte
100 forte
200 solto

2. 8 x 100 a cada 1:45 média 1:01
8 x 50 a cada 1:00 média 28 (no pé, com virada na chegada)
200 solto
4 x 25 forte com saída

Equipe do St Peters com Michael Bohl a frente

Equipe do St Peters com Michael Bohl a frente

A carreira de Larkin ganhou o plano internacional há quatro anos. Sua primeira seleção foi a do Mundial de Shanghai com resultados bem modestos. Nadou três provas, não passou das eliminatórias em nenhum, passou longe: 23o colocado nos 200 costas, 25o nos 400 medley e 34o nos 200 medley.

Primeiro título nacional e vaga olímpica 

No ano seguinte, o primeiro título nacional absoluto. Foi nos 200 costas na seletiva olímpica ganhando a vaga para Londres. Lá, chegou até a final e terminou na oitava posição.

2013 não foi um ano dos melhores. A ressaca olímpica deixou Larkin em 17o nos 200 costas do Mundial de Barcelona. Tudo mudou no ano passado, segundo Michael Bohl com uma mudança na forma de encarar o treino. Primeiro o título do Commonwealth Games em Glasgow, na Escócia nos 200 costas e uma prata nos 100 costas. No mês seguinte, bronze no Pan Pacífico.

Primeira conquista internacional o ouro no Commonwealth Games em 2014 

O ano terminou com o seu primeiro título mundial, campeão em Doha, no Catar, Mundial de Piscina Curta na prova dos 100 costas. Na “sua prova”, os 200 costas, ficou em terceiro lugar.

Se existe competição perfeita, para Mitchell Larkin foi o Mundial de Kazan. Nos 100 costas, nunca havia nadado abaixo dos 53 segundos, fez cinco vezes. Começou nas eliminatórias com 52.50, depois recorde continental da Oceania na semifinal com 52.38 e a vitória na final com 52.40. Depois abriu o revezamento 4×100 medley com novo recorde continental 52.37. Na final, nadou para 52.41 e ajudou a Austrália ganhar a medalha de prata.

Campeão mundial nos 100 costas em Kazan 

Nos 200 costas, Larkin chegou a Kazan com 1:55.26. Passou para a semifinal com 1:55.88.Fez a sua melhor marca pessoal com 1:54.29 e conquistou o título com 1:53.58.

Em setembro, a Seleção Australiana fez um training camp em Camberra para se adaptar aos horários olímpicos do Rio 2016. Dois treinamentos diários, as 13 e 22 horas, mesmos horários da disputa das eliminatórias e finais da competição olímpica no próximo ano. Dois dias na semana foram destinados a simulados de competição. Num deles, em piscina curta, Larkin nadou os 100 costas em marca melhor do que o tempo que lhe deu o ouro no Mundial de Doha.

Mesmo sendo a sexta etapa da Copa do Mundo, foi a estreia do nadador no circuito. Nas eliminatórias dos 100 costas já fez a melhor marca da Copa com 52.99. Na final, venceu com facilidade marcando 52.48, seu sétimo sub 53.

Com o resultado, todos esperavam um bom tempo também para os 200 costas, mas 1:53.34 foi demais. A marca se posiciona como o sétimo melhor tempo da história na prova:
Aaron Piersol 1:51.92, 2009
Ryosuke Irie 1:52.51, 2009
Ryosuke Irie, 1:52.86, 2011
Ryan Lochte, 1:52.96, 2011
Aaron Peirsol 1:53.08, 2009
Ryosuke Irie, 1:53.26, 2014
Mitch Larkin, 1:53.34, 2015

Pódio dos 200 costas em Kazan

Pódio dos 200 costas em Kazan

Se considerarmos as marcas pós-trajes, o tempo só está atrás do título de Ryan Lochte no Mundial de Shanghai em 2011 com 1:52.86 e dos Jogos da Ásia no ano passado de Ryosuke Irie com 1:53.26.

Larkin recentemente adicionou yoga no seu treinamento. Todos os objetivos estão voltados para o Rio 2016. Antem tem a seletiva australiana de 7 a 14 de abril em Adelaide. No programa, a busca pelo ouro das duas provas. Seria inédito para um australiano. Vencer os 100 e 200 costas na mesma Olimpíada já aconteceu seis vezes, a última com Aaron Peirsol em 2004.

Jamais um australiano vencer os 200 costas na Olimpíada. Nos 100 costas, apenas David Theile em 1956 e 1960 conquistou esta honra. Quem chegou mais perto foi Matt Welsh em 2000 nos Jogos de Sydney terminando com a prata nos 100 costas e o bronze nos 200.

Mitchell Larkin está treinando para isso. E, a menos de 10 meses dos Jogos Olímpicos e nadando em marcas tão fortes, não fica difícil imaginar que as marcas de Aaron Peirsol, ambas da era dos trajes em 2009, 51.94 nos 100 e os 1:51.92 nos 200 estejam a perigo.

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