A Seleção Americana para o Mundial de Piscina Curta foi anunciada nesta quinta-feira pela USA Swimming. Um grupo de 28 nadadores foi convocado, 14 de cada sexo, num time sem as maiores estrelas e apenas uma campeã olímpica individual de Tóquio, Lidya Jacobi, campeã dos 100 peito.

Sem Caeleb Dressel, Katie Ledecky, Bobby Finke e Chase Kalisz, o time americano vem renovado, mas o seu anúncio também trouxe uma grande polêmica com a reclamação do atual recordista mundial dos 100 metros costas, Coleman Stewart, que ficou de fora da convocação.

Stewart já havia antecipado que ficaria de fora em conversa no Podcast com Brett Hawke (link), mas mesmo assim utilizou suas redes sociais para manifestar seu descontentamento com os critérios da USA Swimming. Uma coisa boa de Stewart, e bem comum nos americanos, é criticar o sistema, mas sempre finalizar dando boa sorte e sucesso aos seus companheiros, é um protocolo quase que filosófico, e todos fazem isso.

A questão é, mesmo sendo recordista mundial da prova, o melhor nadador dos 100 costas da história, Stewart não tem espaço no time se não tiver o nível que a USA Swimming quer, na piscina longa!

Os americanos são muito claros e transparentes neste processo. Resultados de jardas e piscina curta não tem reconhecimento da USA Swimming, não representam nada em convocações, bonificações e prêmios que a entidade distribui todos os anos. O critério é sempre restrito as provas olímpicas e em piscina longa, e assim tem sido cumprido.

Coleman Stewart é um jovem nadador de 23 anos de idade, natural da Pennsylvania, teve carreira de destaque na natação universitária americana defendendo a North Carolina State. Habilidoso e muito técnico, tem viradas, submersos e transições perfeitas, o que lhe deu o título do NCAA dos 100 costas em 2018.

Este ano, Stewart foi destaque na equipe do Cali Condors e na primeira fase da ISL teve diversos bons resultados culminando com o recorde mundial da prova dos 100 costas em piscina curta com 48.33.

Acontece que, pelo critério da USA Swimming, onde somente resultados de piscina longa são considerados, Stewart figura num modesto 11o lugar na temporada com 53.91 nos 100 costas.

A prova dos 100 costas em Abu Dhabi será nadada por Hunter Armstrong, segundo nadador americano da distância nos Jogos de Tóquio e que até nadou nas eliminatórias do 4×100 medley, além de Shaine Casas, nadador da Texas A&M que ficou fora de Tóquio, mas tem o terceiro tempo do ranking americano deste ano.

Armstrong 52.48 e Casas 52.76 só estão atrás de Ryan Murphy 52.19 neste ano, mas estão bem a frente dos 53.91 de Stewart. É assim que a USA Swimming pensa, e convoca!

Você pode até discordar, dizer que uma medalha de ouro pode estar sendo jogada fora, ou a perda da oportunidade de reconhecer o melhor nadador da distância, mas isso não entra no critério americano.

A natação americana é a melhor do mundo há décadas. E até mesmo nos Campeonatos Mundiais de Piscina Curta, com estes critérios que utiliza tem sido vencedora da contagem por pontos da competição consecutivamente desde o Mundial de 2000 e venceu sete das 14 edições pelo quadro de medalhas.

Como citamos no título deste editorial, você pode discordar dos critérios da USA Swimming, mas jamais deixar de reconhecer a lisura e principalmente a filosofia que está implantada e é seguida. Para a natação americana o que importa é a natação olímpica, e ponto final.

Por Alex Pussieldi, editor chefe da Best Swimming

1 responder
  1. Sandro
    Sandro says:

    Boa Tarde Coach e amigos aquáticos!
    Eu não discordo da USA Swimming.
    Aliás, eu concordo e dou o maior apoio ao fato de a USA Swimming focar em ‘PROVAS OLÍMPICAS” e em resultados obtidos em piscinas de “50 m” como critério de convocação de suas seleções.
    Quem dera a CBDA seguisse os mesmos critérios…
    Admiro e respeito muito nossos nadadores CAMPEÕES MUNDIAIS de provas “não-olímpicas” que são Etiene Medeiros nos 50 m costas, Felipe França Silva nos 50 m peito e Nicholas Santos nos 50 m borboleta, porém, as conquistas nessas provas “não-olímpicas” não significaram conquistas em provas olímpicas…
    Nos EUA, a mentalidade é a seguinte: competições em piscinas de “jardas’ e de “25 m” só servem mesmo como preparatório para o que eles consideram a cereja do bolo para a natação americana que são as “provas olímpicas em piscinas de 50 m”.
    Com essa mentalidade, os EUA são líderes isolados no número de medalhas de OURO na natação olímpica, deixando outros países tradicionais na natação como Hungria, Países Baixos, Grã-Bretanha, Austrália e Itália para trás…
    Para mim, os critérios de convocação da Seleção Brasileira pela CBDA poderia seguir os moldes da natação americana.
    Acho que a Seleção Brasileira deveria ser convocada levando em consideração os seguintes critérios:
    1. Considerar resultados somente em “provas olímpicas” obtidos em piscinas de 50 m.
    2. Em caso de número restrito de vagas na delegação, adotar como critério os melhores “ÍNDICES TÉCNICOS” para ir preenchendo essas vagas.
    3. No caso de provas de 50 m estilos (costas, peito e borboleta) seriam convocados os nadadores com melhores resultados nas provas de 100 m estilos, assim como é feito na natação americana.
    Acho que dessa forma, a CBDA estaria estimulando cada vez mais nossos nadadores treinarem com o foco para provas olímpicas, em vez de focarem em provas de 50 m estilos.
    Até agora, só temos 2 campeões olímpicos na natação: César Cielo e Ana Marcela Cunha.
    Nossos Campeões Mundiais de prova de 50 m estilos “não-olímpicas”, infelizmente, não conseguiram pódio nas Olimpíadas.
    Por isso, acho que a USA Swiming está corretíssima em focar em ‘PROVAS OLÍMPICAS” e em resultados obtidos em piscinas de “50 m” como critério de convocação de suas seleções e acho que a CBDA poderia fazer o mesmo.

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