Stephane Lecat foi um dos mais importantes nadadores de águas abertas na fase pioneira da modalidade quando entrou na programação da FINA. O francês que atualmente está com 50 anos é o atual diretor de alto rendimento das águas abertas da Federação Francesa de Natação e uma das mais importantes figuras da modalidade no mundo.

Antes desta fase de gestão onde organiza mais de 41 provas por ano no calendário francês, Lecat foi um atleta de grandes resultados. Foi bronze nos 25 quilômetros do Europeu de 1995, subiu para a prata em 1997 e ainda mais para o ouro em 2000. Na mesma prova, no ano seguinte, ganhava o bronze no Mundial de Fukuoka.

Lecat, como tantos outros da comunidade internacional de águas abertas, que são poucos, mas muito ativos. E pelo esporte que eles tanto amam brigam até o fim. Há cerca de duas semanas, frustrado com uma série de indecisões e falta de informação para a modalidade, Lecat protestou. Fez um Tweet direto para o Presidente da FINA, Husain Al-Musallam onde expressa diretamente este sentimento que ganhou eco e apoio de outros da comunidade internacional.

O Tweet menciona:
* A redução em 3 atletas por sexo para a prova dos 10 quilômetros dos Jogos Olímpicos de Paris 2024
* Na época da publicação a indecisão para termos ou não Mundial este ano
* A falta de data ou local para o Mundial Junior

 

 

Ele não menciona no Tweet, mas se adicione a isso a falta do calendário internacional de 2022 incluindo aí as etapas do FINA Marathon Swim Series ou do FINA Ultramarathon Swim Series que até hoje não foram anunciadas. Fora isso ainda tivemos o risco da eliminação da prova dos 25 quilômetros que chegou a ser discutido e não foi aprovado. Até a CBDA se manifestou de forma oficial a FINA pedindo pela manutenção da prova.

Lecat e a comunidade de águas abertas tem razão..

Não são os mesmos motivos de cada um destes problemas, mas o conjunto deles gera um sentimento quase que impossível de não ser de frustração.

A começar pela redução de 25 para 22 nadadores para a prova dos 10 quilômetros que o Rio Sena vai receber na Olimpíada de Paris 2024. A Olimpíada de 2024 vai ter uma redução dos 11.656 atletas de Tóquio 2020 para o novo número de 10.268.

As águas abertas não foi o único esporte que sofreu redução, porém a natação vai reduzir de 878 para 852 atletas, 26 a menos, uma redução de apenas 3%. Nas águas abertas, baixar de 50 para 44 atletas a redução é 12%. Aqui, nem dá para colocar a culpa na atual gestão ou até mesmo na anterior, já que isso foi uma decisão do Comitê Olímpico Internacional atendendo a uma demanda do Comitê Paris 2024 ainda em 2020.

Independente de quem seja o “autor” da ideia, doi e a modalidade vai sentir bastante esta redução.

Os demais problemas mencionados por Lecat e replicados pela comunidade internacional das águas abertas é a frustração com relação ao calendário e disputas da temporada. A Pandemia ocasionou o cancelamento do Mundial de Fukuoka, mas a FINA trouxe de volta o Mundial de Budapeste, algo que foi bastante comemorado por todos.

Mas ainda não é tudo. O reformulado calendário e programa dos Circuitos ainda não foram divulgados. O programa do FINA Marathon Swim Series estava previsto para ter três etapas na Europa, três nas Américas e mais duas na Ásia e Oriente Médio. Já se falava com as sedes, mas as constantes restrições e protocolos de entradas nos respectivos países segue retardando este processo.

A prova do revezamento 4×1500 metros testada em Abu Dhabi, no Festival Aquático de dezembro do ano passado, veio para ficar. Vai estar no programa do Mundial e vai fazer parte do Circuito. É uma das novidades do Comitê de Reforma que também está revisando todo o programa competitivo da FINA.

O Mundial Júnior de Águas Abertas é outro problema, talvez sem solução a vista. A comepetição que seria nas Ilhas Maldivas em setembro de 2020, passou para 2021, para… nem aparece mais, nem se fala mais. Maldivas talvez até tenha perdido o interesse em receber o evento e até agora, ao que sabe, não temos nenhuma sede alternativa.

Outro item, muito importante, e não citado por Lecat, é quando teremos a disputa da Seletiva Olímpica. Com a mudança de Fukuoka de 2022 para 2023 e de Doha para janeiro de 2024 ficou no ar qual dos dois Mundiais deve ser o classificatório para Paris. O treinador da Seleção Brasileira Fernando Possenti inclusive deu uma sugestão diretamente a FINA no sentido de fazer os dois Mundiais como classificatórios. O de Fukuoka apura os 10 primeiros colocados e o de Doha seria a repescagem para completar os 22 participantes de cada sexo.

A Pandemia afetou a todo mundo, todos os esportes, estamos todos a tentar nos ajustar as exigências e protocolos. Adiamentos e cancelamentos passaram a fazer parte de nossa rotina e não está fácil conviver com isso. A comunidade das águas abertas tem razão e tenho certeza de que a FINA e seu Presidente Husain Al-Musallam vai trabalhar para atender, na medida do possível, todas estas demandas. A modalidade merece.

Por Coach Alex Pussieldi, editor chefe da Best Swimming

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