Definido o Time Brasil para os 10K, a prova olímpica e principal do Campeonato Mundial dos Esportes Aquáticos nas Águas Abertas. Ana Marcela Cunha, campeã olímpica, classificada por antecipação, ganhou a companhia dos primeiros colocados da Seletiva Nacional realizada ontem, na Represa Billings, em São Bernardo do Campo.
A prova organizada em parceria da CBDA com a Federação Aquática Paulista teve um circuito montado de 2,5 quilômetros, formato em quadrado, com quatro bóias amarelas obrigatórias, uma bóia de sinalização da alimentação que passou a ser obrigatória a partir da primeira volta e mais três bóias de sinalização não-obrigatórias. As bóias não-obrigatórias servem apenas de referência, podendo o nadador escolher o lado de passagem, diferente das demais que obrigam o nadador a nadar com o ombro esquerdo ao lado da bóia.
Embora tenhamos tido uma pequena frente fria e um início de manhã com temperatura mais baixa, durante a prova tivemos sol a maior parte do tempo, temperatura agradável. A água estava a 25 graus na quinta-feira, dia anterior a prova, mas durante a disputa a arbitragem informou uma temperatura bem mais baixa 21,5 graus. A temperatura é medida minutos antes da prova pela arbitragem em três diferentes posições do circuito, além de diferentes profundades.
A Represa de Billings foi escolhida pela CBDA por ter condições semelhantes ao que os atletas irão enfrentar no Mundial de Budapeste, mais precisamente no Lago Lupa, nos arredores da capital húngara.
FEMININO
Prova que teve controle total e absoluto das nadadoras do Grêmio Náutico União, Viviane Jungblut, Rachelle Bruni e Cibelle Jungblut. Viviane e Rachelle puxaram a prova e tiveram diversos momentos de alternância na liderança. A italiana que participa como convidada competiu pela primeira vez oficialmente no Brasileiro representando o União e mesmo sem fazer parte da Seletiva ganhou medalha como disputante oficial da prova.
Viviane foi quem esteve mais a frente durante a disputa e conseguiu abrir 12 segundos para vencer a prova. Mesmo com boa vantagem, a nadadora fez um sprint final mostrando estar em grandes condições físicas.
Na semana passada, Viviane garantiu classificação para o Mundial de Budapeste na prova dos 400, 800 e 1500 livre, agora adiciona os 10 quilômetros e ainda nada a prova dos 5 quilômetros no domingo. Nem ela, nem seu treinador ainda definiram o programa de Budapeste, mas é bem provável que ela abra mão de alguma prova para se dedicar a um programa menor com melhores condições de resultados.
Rachelle chegou num confortável segundo lugar, mais de três minutos a frente de Cibelle, a terceira colocada. Fez uma boa prova que fez parte do seu apronto final para a classificação italiana. Ela vai estar numa prova em seu país no próximo mês que deverá definir as italianas para o Mundial. A nadadora faz parte do grupo de fundo e águas abertas do União desde o final do ano passado.
A terceira colocada também chegou em posição confortável, Cibelle Jungblut completou a prova quase cinco minutos a frente de Carol Hertel, nadadora que chegou em quarto lugar. Cibelle por grande parte da prova imprimiu um ritmo forte, esteve próxima das duas líderes e se aproveitando muitas vezes da esteira de nado. No final sentiu, a na última volta perdeu o contato com as duas primeiras colocadas ficando para trás.
Na quarta posição chegou Carol Hertel que estava no pelotão da frente por pouco mais de uma volta e meia, mas sentiu o ritmo das líderes e acabou ficando num segundo grupo. Mesmo assim, sua quarta colocação ainda foi dois a minutos a frente da próxima classificada.
MASCULINO
Diferente do feminino, a prova teve muito mais alternância de liderança e ritmos distintos. A prova masculina começou lenta, até demais, a primeira volta foi muito em controle, mas que mudou a partir da segunda volta. Guilherme Costa sempre esteve no pelotão da frente, desde a hora que eram 12 nadadores, depois 6, e três até que se isolou. Entre a terceira e a quarta volta é hora que Costa toma a ponta e não perde mais. Venceu com mais de três minutos de vantagem e poderia ser ainda mais, no final de prova, diferente de Viviane na prova feminina, controlou e ainda teve tempo para arrumar o óculos quando se aproximava do pórtico de chegada.
A prova ainda teve outros líderes, em especial Ronaldo Zambrano que deu um sprint muito forte entre a segunda e terceira volta. O nadador venezuelano que representa o Yacht Clube da Bahia arriscou, tentou se desgarrar do pelotão da frente, chegou a abrir alguns segundos, mas não conseguiu conter o ataque do grupo. Na última volta cansou e ficou em 13o lugar.
Outro líder foi Henrique Figueirinha da ATLEF Nina. Embora por poucos minutos, chegou a estar a frente da prova, nunca perdeu o pelotão da frente desde o início da disputa, mas também cansou no final, e na última volta caiu vertiginosamente terminando na 10a posição.
O segundo colocado da prova foi Bruce Hanson do Paineiras, nadador que esteve sempre no pelotão da frente, mas atacou mais este grupo a partir da terceira volta. Na última volta tinha uma posição tranquila de segundo lugar, e segundo classificado, mas na chegada, assim como Costa, abriu demais aumentando assim o percurso para a sua chegada. Isso favoreceu a Luiz Felipe Loureiro do União que cresceu se aproximando. No final, Almeida foi segundo colocado apenas dois segundos a frente de Loureiro.
Com a segunda posição, Almeida vai para seu primeiro Mundial. No ano passado, ele ganhou direito de participação no Festival Aquático da FINA em Abu Dhabi nadando a prova do revezamento 4×1500 metros do Brasil.
Luiz Felipe Loureiro já vem se destacando nas águas abertas há pelo menos dois anos. No ano passado foi campeão sul-americano juvenil e até ganhou o prêmio Señor de Sipán como melhor atleta da modalidade na disputa em Lima, no Perú. Na prova da Seletiva, Loureiro esteve sempre entre os primeiros. Nunca perdeu o pelotão da frente, mas nunca tomou a frente.
Entre todos os que terminaram a prova, Loureiro era o que parecia estar em maior velocidade e melhores condições. Ficou claro que demorou a tentar um ataque mais direto em busca de um melhor resultado. Outra observação é que foi o nadador que fez a melhor navegação em direção ao pórtico de chegada, diferente dos dois primeiros colocados, Costa e Almeida, que abriram demais.
A grande surpresa da prova foi a quarta colocação para Gabriel Arteiro, nadador do Fluminense, atleta de Rogério Karfunkelstein e companheiro de treinamento de Guilherme Costa. Na sua primeira prova de 10 quilômetros, Arteiro chegou muito próximo dos líderes terminando numa bela colocação.
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