Não sei vocês, mas eu respondo esta pergunta umas 10, 20 vezes por dia. Seja através do WhatsApp, redes sociais, gente que liga, que eu encontro por aqui em Paris, todo mundo quer saber: quantas medalhas a natação do Brasil vai ganhar?

Neste grupo tem de tudo, jornalistas, amigos, gente da natação e fora dela, pessoas que acompanham o esporte e outros que só aparecem a cada quatro anos, ou três como este ano. Mas a pergunta é geral: quantas?

Qualquer previsão é passível de erro, seja para cima ou para baixo, não há como garantir nada, mas existe um parâmetro de resultados e uma projeção que se aponta probabilidades maiores ou menores. Assim, abaixo relaciono algumas possibilidades e podemos apontar uma previsão tentando estar o mais próximo da realidade, mas lembrando, sempre existe aquela margem de erro.

Guilherme Costa, 400m livre
Não tem como não começar pela prova do Cachorrão, afinal, foi a única medalha do Brasil em provas olímpica em Campeonatos Mundiais neste ciclo. O recorde sul-americano que lhe deu o bronze do Mundial de Budapeste 3:43.31 nos encheu de esperança, mas a prova tem melhorado muito a nível mundial, especialmente nos últimos 12 meses. Guilherme está inscrito com 3:43.58, sexto tempo do balizamento. O oitavo tempo do balizamento é 3:44.22.

Isso é bem abaixo do Top 8 de Tóquio 2020 3:45.68 que foi pior do que o Rio 2016 3:43.43. Vale lembrar que Beijing 2008 o top 8 foi 3:44.82.

O bronze também deve ser bem mais abaixo do que as últimas Olimpíadas. Em Tóquio 2020, o terceiro lugar foi 3:43.94, pior do que o Rio 2016 3:43.49. Entretanto, o medalhista de bronze de Beijing 2008, 3:42.78, permanece como o mais forte até hoje. A tendência é de que seja abaixo disso.

Ou seja, se Guilherme Costa quiser uma medalha, pelo menos de bronze, vai ter de projetar 3:41.

Maria Fernanda Costa, 400m livre
É a melhor nadadora do Brasil, correto, a melhor prova do Brasil, perfeito, mas a tendência não é tão real. Maria Fernanda Costa está balizada com o oitavo tempo e o recorde sul-americano de 4:02.86 feitos no Mundial de Doha. O tempo parece bem provável de chegar a final ja que o oitavo posto em Tóquio 2021 foi 4:04.07.

Para medalha, a coisa aperta, bem mais. Tóquio 2020, o bronze foi 4:01.08 e Rio 2016 4:01.92. A tendência é de que para estar no pódio dos 400m livre tem de nadar abaixo dos 4 minutos, bem abaixo. Só no balizamento de inscrição já são quatro nadadoras.

Guilherme Caribé e Marcelo Chierighini, 100m livre
Chierighini já nadou abaixo dos 48 segundos cinco vezes, Caribé três vezes. Os dois estão entre os melhores da prova, mas fora do top 8. Para estar na final 47.82 em Tóquio 2020, 48.23 no Rio 2016, 48.38 em Londres 2012 e 48.07 em Beijing 2008. A tendência é para algo em torno de 47.5.

Enquanto Caribé é estreante em Olimpíada, Chierighini tem sua quarta participação e vai em busca de chegar a final como fez no Rio 2016 ao terminar na oitova colocação. Com dois nadadores já balizados na casa dos 46 segundos, a projeção de 47 não resolve o nosso problema. Estamos em busca e na torcida por 46.

Revezamentos masculinos
O 4x100m livre masculino do Brasil não tem nadado bem, mas o recorde sul-americano de 3:10.34 feitos na prata do Mundial de Budapeste em 2017 ainda nos deixa com esperança. Bronze em Tóquio 2020 foi 3:10.22 e por duas vezes nos úilimos Mundiais 3:10 deu medalha. A Itália foi bronze no Mundial de Budapeste 2022 com 3:10.95 e o time americano bronze no ano passado 3:10.81. A tendência é que medalha de bronze seja abaixo da casa do 3:10.

O 4×200 tem nadado melhor e mais recentemente tivemos um quarto lugar no Mundial de Budapeste 2022. O recorde sul-americano, entretanto, 7:04.69 ainda nos deixa mais de três segundos atrás do que foi bronze em Tóquio 2020. Os resultados dos recentes mundiais também determinam que haja uma melhora significativa. Ou seja, uma projeção de medalha aqui seria nadar quatro segundos abaixo do nosso recorde continental.

Tudo isso trata-se de tendência, mas todas embasadas e com projeções concretas e reais. Mesmo assim, um sucesso de uma equipe, ou seu fracasso, não pode ser determinado apenas pela ausência de medalhas.