Termina hoje, em Buenos Aires, na Argentina, a 44a edição do Campeonato Sul-Americano Absoluto de Natação. Na contagem geral de pontos, a Argentina entra na frente com 32 pontos de vantagem sobre o Brasil ameaçando uma derrota a natação brasileira que não é sentida há exatos 55 anos.

Isso mesmo, foi em 18 de março de 1966, em Lima, no Perú, a última vez que o Brasil perdeu um Sul-Americano de Natação, talvez a maior sequência de conquista continental em qualquer esporte olímpico da América do Sul. Desde 1966, o Brasil chegou a ser derrotado algumas vezes nas disputas por sexo, como em 1982, 1988 e 2018 quando fomos batidos no feminino. Em compensação, na classificação geral, nestes 55 anos, só deu Brasil!

 

Jornal argentino da época

 

A Piscina do Campo de Marte, em Lima, foi onde se realizou o Sul-Americano de 1966. A derrota daquele Sul-Americano marcou o início da nova era da natação continental. Brasil e Argentina se alternavam nas conquistas até então, mas foi a partir deste Sul-Americano que o Brasil passa a liderar a América do Sul.

Neste Sul-Americano de 66, o Brasil acabou em segundo lugar somando 247 pontos, a Argentina foi campeã com 142 pontos mais, total de 389. Na disputa por categorias, o feminino foi equilibradíssimo, onde Argentina e Brasil empataram com 133 pontos, mas foi entre os homens que a Argentina suplantou o Brasil 256 contra 114.

Seleção Brasileira de Natação em 66 conquistou um total de 18 medalhas, sendo 5 ouros, 6 pratas e 7 bronzes. A maior estrela da equipe foi Eliana Motta campeã dos 100 livre (1:04.0), 100 borboleta (1:13.6) e integrante dos dois revezamentos vencedores (4×100 livre e 4×100 medley).

No time masculino, a única medalha de ouro veio com o mais jovem nadador da equipe. José Sylvio Fiolo, completou 16 anos duas semanas antes do Sul-Americano. Em Lima, venceu os 100 peito (1:13.1), ficou em terceiro nos 200 peito (2:41.9) e em segundo no revezamento 4×100 metros medley. Dois anos depois, Fiolo bateria o recorde mundial dos 100 peito com 1:06.4 na piscina do Guanabara.

 

Sylvio Fiolo

 

Sem querer “zicar”, mas o time do Brasil no Sul-Americano de 1966 tinha uma dupla de irmãos, na verdade de irmãs. Eliana Motta, nosso maior destaque, estava acompanhada de sua irmã Eliette que inclusive fez dobradinha nos 100 livre. Eliette ainda foi prata nos 200 livre e também nadou os revezamentos campeões (4×100 livre e 4×100 medley). As duas eram filhas do jogador de basquete da Seleção Brasileira e do Flamengo Alfredo Motta.

A grande estrela do Sul-Americano de 1966 era o argentino Luis Nicolao. Na época, ele já havia sido duas vezes olímpico (1960 e 1964) e já tinha batido o recorde mundial dos 100 borboleta duas vezes em 1962. Nicolao ainda brilharia no Pan de 1967 e nos Jogos Olímpicos de 1968, quando se aposentou do esporte.

Em 1970, atuou por algum tempo como treinador da equipe do Corinthians, mas voltou para os Estados Unidos, onde por algum tempo foi técnico de Mark Spitz. Neste Sul-Americano, Nicolao venceu tudo o que nadou: 100 e 200 livre, 100 e 200 borboleta e os dois revezamentos (4×100 live e 4×200 livre).

Luis Alberto Nicolao ainda nadou o Sul-Americano de 1968, o último da sua carreira e no total acumulou 24 medalhas de ouro, o maior campeão sul-americano da história.

1 responder
  1. Carlos Oliveira
    Carlos Oliveira says:

    um dos recordes de Luis Nicolao foi na mesma piscina do Guanabara (Fiolo e Manoel dos Santos); fez 57.0 nos 100 B

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