Aos 28 anos de idade, atleta olímpico integrante do Time Brasil no Rio 2016, medalhista pan-americano em 2019, Miguel Leite Valente anunciou hoje a sua aposentadoria. O nadador do Minas já era ovacionado pelos companheiros  atrás do bloco de partida antes mesmo de nadar os 800 metros nado livre do Campeonato Brasileiro Senior de Verão, Troféu Daltely Guimarães. Valente ficou em terceiro lugar com 8:12.98, sua última prova e última medalha.

Natural de Belo Horizonte, onde nasceu em 16 de julho de 1993, ele é daqueles raros atletas. Não só pela sua energia, contagiante para todos, pela sua alegria, que sempre está presente, muito menos pela sua dedicação e compromisso, afinal bom atleta tem de ter isso mesmo.

Valente é dos raros casos de nadadores que consegue começar a nadar competitivamente num programa e seguir nesta jornada até o alto rendimento. Miguel Valente só conheceu um clube na sua vida, o Minas Tênis Clube, lugar que chamou de casa desde a base até se tornar olímpico e agora encerrar sua carreira.

Quem acompanha a carreira de Miguel Valente talvez nem lembre que ele começou se destacando no nado peito. Sua primeira Seleção Brasileira foi a do Mundial Júnior de 2011, em Lima, no Perú. Foi lá para nadar os 400 medley.

Entretanto, a carreira de Miguel Valente mudou no dia 22 de abril de 2014. Era o Troféu Maria Lenk, na piscina do Ibirapuera, em São Paulo. Miguel nadou as eliminatórias dos 1500 livre e baixou 20 segundos para marcar 15:28.87. A tarde, assistiu da arquibancada aquela que seria sua primeira medalha de Brasileiro Absoluto, e logo um ouro. Valente venceu os 1500 batendo os favoritos da prova Juan Pereyra e Luiz Rogério Arapiraca que terminaram em segundo e terceiro lugar.

Dois dias depois, a boa fase de Valente continuava com outra medalha, outra vitória. Desta vez, nadando na série principal, 10 segundos de melhora tempo para se sagrar campeão do Maria Lenk com 8:01.41.

O Finkel de 2014, em Guaratinguetá, também tem lembrança de destaque na carreira de Valente. Lá, venceu os 800 livre e na entrevista ao SporTV agradeceu a comida da mãe, “fundamental para meu sucesso”.

O belo trabalho e a tradição recente da equipe de fundo combinou com a ascensão de Miguel Valente. Vieram medalhas e títulos. Em 2016, na Seletiva Olímpica, junto com Brandonn Almeida quebrou um jejum de três Olimpíadas consecutivas sem termos um nadador nas provas de 1500 livre na Olimpíada. No Rio 2016, eram dois.

Pouco mais de um mês depois dos Jogos, Valente quebrou o recorde sul-americano dos 800 livre em piscina curta.

Foi em  2019, nos Jogos Pan Americanos de Lima, que Miguel Valente conquistou a sua medalha mais importante da sua carreira, a prata que poderia ser ouro nos 800 livre. Depois de liderar grande parte da distância, acabou sendo atacado pelo americano Andrew Abruzzo na parte final da prova.

Este era o ano da vaga olímpica. Valente jogava tudo na sua prova favorita, os 800 livre. Chegou em segundo lugar, atrás de Guilherme Costa, mas ficou a cinco segundos de fazer o índice. Ainda nadou os 1500 livre, mas sabia que sua preparação não estava para a prova que lhe levou para a primeira Olimpíada, terminou em terceiro lugar mas num modesto 15:28.39.

Importante para a equipe, Valente fez parte do último título do Minas na temporada. O Troféu José Finkel em agosto, onde ele ainda fez decisivos pontos, terminou em terceiro nos 800 livre e em quarto nos 1500.

Valente será daqueles nadadores que jamais serão esquecidos. Sua identificação com o clube é gigante e sua trajetória será sempre lembrada. Ele é a prova de que vale a pena investir na base, fazer um programa bem planejado e com perspectiva de futuro. É dos poucos que nos faz acreditar que tudo é possível quando se faz com amor.

Miguel, que você disfrute da sua nova fase de vida

Por Alex Pussieldi, editor chefe da Best Swimming.

 

 

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